postado em 24/06/2019 04:20
Nesta sexta, a Rebelião de Stonewall completa 50 anos. O evento ficou conhecido por ter sido uma série de manifestações da comunidade LGBT contra uma invasão da polícia de local, que aconteceu nas primeiras horas da manhã no bar Stonewall Inn, em Manhattan, Nova Iorque. Essa rebelião é considerada como o acontecimento mais importante para o início dos movimentos de luta pelos direitos civis dos homossexuais.
Para lembrar a data, a exposição Atentxs e Fortes traz para Brasília a obra de 17 artistas que pretendem tencionar as relações entre gays, lésbicas, transgêneros e intersexuais com a sociedade brasileira, e mostrar que a comunidade resiste à violência, aos preconceitos e ao abandono. Na exposição, o que se evidencia é que o enfrentamento é uma questão de sobrevivência.
Curador da exposição, o historiador de arte e jornalista Clauder Diniz foi quem começou com essas exposições, que já estão na quarta edição. Para ele, esta edição significa resistência. ;Hoje, o país que mais mata pessoas transgênero no mundo é o Brasil. A expectativa de vida dessas pessoas é de 35 anos. É uma realidade inaceitável. Nós construímos todo o eixo editorial dessa exposição falando de resistência, porque é isso que a comunidade representa;, afirma.
A exibição tem nomes antigos da cena artística, como o maior representante da arte queer brasileira (arte que apresenta questões ligadas à homossexualidade, com ligações à arte erótica, conceitual e contextual), Victor Arruda, que trabalha no ramo há 50 anos a temática das relações homossexuais e da crítica ao padrão de sociedade heteronormativa.
Entretanto, o curador se preocupou em apresentar novos e poucos conhecidos nomes para equilibrar o trabalho e dar a visibilidade que ele acredita que esses artistas merecem. ;Esses artistas vivem em uma sociedade contrastante. Por um lado, a tecnologia é muito avançada. Por outro, o conservadorismo está consolidado;, disse.
Elvira Cachorra, 20, estudante de artes visuais, é uma das artistas novas que está exibindo obras na exposição. Ela afirma que isso é um começo, mas ressalta a falta de espaço para a representatividade nas artes. ;Sinto que está começando a existir um espaço para mim, mas é uma coisa meio centralizada, que me agrada até certo ponto. Sinto uma necessidade de mais, não só para mim, mas para as minhas obras;, declara.
Elvira diz, ainda, que a falta de recursos é seu maior obstáculo para adentrar no meio artístico. Ela acredita que se houvesse fundos de apoio, poderia criar mais e melhor. ;Nós desse meio artístico conseguimos produzir tanta coisa incrível, só falta o apoio dos nossos gestores de estado, todo mundo precisa nos ver, de verdade;, desabafa.
A exposição funciona sem apoio de recursos. Em outros anos, o curador Clauder Diniz conseguiu apoio do Sindilegis. Nesta edição, toda a exibição funciona com auxílios voluntários.
Atentxs E Fortes acontece paralelamente ao seminário LGBTI+ do Congresso Nacional, que já ocorre há 16 anos. Neste ano, o tema é Memória, Verdade e Justiça ; 50 anos de luta, fazendo alusão ao levante de Stonewall. O Seminário do Congresso está marcado para amanhã. Hoje, ocorrerá o primeiro Seminário LGBT da Câmara Legislativa do DF, que tem entre seus parlamentares o primeiro parlamentar assumidamente gay da história da instituição, deputado Fábio Felix (PSOL-DF).
*Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco
Atentxs e Fortes ; 50 anos de Stonewall
Casa da Cultura da América Latina (SCS Q. 4 Ed. Anápolis)
De 19 de junho a 31 de julho de 2019. De segunda a sexta, das 10h às
19h, e sábado, das 14h às 18h.
Evento especial, dia 25 de junho, às 19h, com performances e música.
Evento de encerramento do Seminário LGBTI do Congresso Nacional
Entrada franca. Não indicado para menores de 18 anos.
Mostra Finde de filmes LGBTI da exposição Atentxs e Fortes
Data: 28 de junho a 27 de julho
Local : Casa da Cultura da América Latina, SCS Quadra 04 Ed. Anápolis.