Diversão e Arte

Tributo a Michael Jackson traz repertório de hits e coreógrafo do astro

Espetáculo de Rodrigo Teaser lembra os 10 anos da morte do rei do pop

Nahima Maciel
postado em 27/06/2019 06:30

LaVelle Smith e Rodrigo Teaser cantam e dançam juntos no show

Rodrigo Teaser estava com 9 anos quando começou a participar de concursos de dança nos quais imitava Michael Jackson. Foi em tudo quanto era programa de auditório da época, dos infantis aos de adultos e, quando se deu conta, já era um rapaz. Acabou, assim, vestindo a jaqueta do astro para se tornar um dos covers mais conhecidos do rei do pop no mundo. Tão conhecido que conseguiu atrair a atenção de LaVelle Smith, coreógrafo de Michael Jackson por 23 anos e responsável por turnês como Bad e Dangerous. Por isso, o Tributo ao rei do pop ; 10 anos sem MJ, que Teaser apresenta no Auditório Master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães amanhã, tem um significado especial: LaVelle estará ao lado do artista no palco mas também por trás dele, como diretor.

Para Teaser, nem a polêmica envolvendo a denúncia de abuso sexual retratada no documentário Deixando Neverland abalou o interesse pela obra de Michael Jackson. ;Desde que o MJ se foi, independentemente das polêmicas, o fator artístico passou a ser muito reconhecido. As pessoas redescobriram o MJ. Nosso público hoje é três, quatro vezes maior, ingressos esgotam e já fizemos show no Uruguai, Paraguai, Chile e México;, diz.

Sobre as denúncias veiculadas em Deixando Neverland, dirigido por Dan Reed e produzido pela HBO, ele fala com reservas. ;A princípio, fiquei bem preocupado porque sei que o MJ é um artista polêmico e não é só por causa da pedofilia, o acusam de qualquer coisa, ele movimenta muito;, diz. ;Acho que, toda vez que alguém se declara vítima, cabe aos demais ouvi-la. Então, fiz questão de assistir e tentar enxergar, não posso achar que sou dono da verdade.;

O show foi montado para lembrar os 10 anos da morte do cantor, que morreu em 25 de junho de 2009 após consumir um medicamento para dormir, mas é também uma celebração do sucesso da trajetória de Teaser. Após seis anos investindo no espetáculo, o artista conseguiu, finalmente, chegar a uma montagem que considera o mais próximo possível da maneira como os shows de Michael Jackson eram organizados. ;Da última ida para Brasília, no ano passado, para essa nova apresentação, tivemos uma evolução de layout, de luz, de laser. O show ganhou um aprimoramento. Fora isso, vamos ter canções que não foram apresentadas no outro repertório;, avisa Teaser. Uma delas é Dirty Diana, que será acompanhada pela guitarrista Jennifer Batten, que trabalhou com o cantor americano durante 20 anos. E claro, há uma lista de clássicos, como Thriller, Billie Jean, Black and White e Bad, que nunca deixam o repertório.

A aquisição de equipamentos foi um dos motivos do crescimento do show. No palco, Teaser terá a companhia de banda, bailarinos e uma parafernália que inclui elevadores, cenários e mais de 12 trocas de roupas. Até alguns anos atrás, para colocar uma apresentação de pé, era preciso alugar equipamentos junto a fornecedores. Esse detalhe comprometia a qualidade do espetáculo. ;O show do MJ era tão coreografado quanto a dança e isso era uma coisa que a gente buscava atingir, mas você não consegue isso até que tenha seus próprios meios e equipamentos. Dependentes de equipamentos de fornecedor, é inviável. Agora nós temos. O show é inteiramente programado e segue o conceito do que era uma apresentação do Michael;, avisa Teaser. No total, uma equipe de 20 pessoas é responsável por fazer o espetáculo tomar forma , um número pequeno se comparado a boa parte das equipes de artistas da cena musical brasileira, que andam encolhendo para reduzir os orçamentos. No caso do Tributo, também não há patrocínio, tudo é pago com a renda da bilheteria.

E é uma bilheteria crescente. Segundo Teaser, a última apresentação em São Paulo reuniu um público de nove mil pessoas. Quando começou com o tributo, o artista seguiu à risca o repertório de Is this it. Ao longo dos anos, para atender a um público fiel, ele passou a inserir músicas antes ausentes da lista. De uma hora, o show passou para duas horas e ganhou corpo. A chegada de LaVelle veio para incrementar o pacote. ;Ele dividiu conteúdos de vídeos amadores entre ele e Michael, coisas que só ele tem, contou sobre o processo de laboratório e lembrou que era muito peculiar (o trabalho com o cantor), porque ele queria que os bailarinos criassem personagens internos para cada canção e, quando fossem dançar, recorressem a essa ideia. Achei isso muito incrível e fez muita diferença no desempenho tanto meu como do balé;, conta.

Desde a morte de Michael, LaVelle abandonou os palcos. Não deixou de trabalhar ; é dele, por exemplo, a coreografia de Beyoncé no videoclipe de Crazy love ;, mas não tinha vontade de dançar. Quando descobriu Teaser, perguntou se seria possível voltar a se apresentar. ;E foi incrível. Dangerous, a coreografia mais premiada do Michael, pertence ao LaVelle, e ele coreografou um trecho inédito pra gente;, garante.

A proximidade com LaVelle permitiu aprofundar o conhecimento sobre a maneira como Michael Jackson trabalhava. ;Ele tinha as canções que considerava livres e abertas e outras fechadas, onde queria levar para o palco a atmosfera do videoclipe. Elas tinham que respeitar a coreografia original em termos de tudo: luz, led, efeitos. Então cada música que a gente constrói para o show passa por esses elementos;, avisa Teaser. Músicas dos anos 1970, por exemplo, com mais apelo musical e menos visual, costumavam ser mais abertas e menos programadas.

LaVelle conta que foi a dedicação de Teaser o fator responsável por fazê-lo querer se envolver com o espetáculo, há seis anos. ;Ele realmente trabalha duro, presta atenção em todos os detalhes, estuda. Não é Rodrigo sendo Michael, ele se transforma em Michael em cada passo, em cada momento, e cria um ambiente para o público. É uma recriação e não uma pessoa fazendo a sua própria versão. É algo muito próximo do que era uma performance de MJ;, garante o coreógrafo. Para LaVelle, o trabalho de Teaser também traz uma contribuição para obra do rei do pop: ;Qualquer um que não estivesse vivo para ver uma performance de Michael vai ser levado pelo espetáculo e qualquer um que tenha visto um concerto dele vai reviver boas lembranças;.

TRIBUTO AO REI DO POP - EDIÇÃO ESPECIAL - 10 ANOS SEM MJ

Com Rodrigo Teaser, LaVelle Smith e Jennifer Batten. Amanhã, às 21h, no Auditório Master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães (SRPN ; Eixo Monumental). Assinantes do Clube do Correio têm desconto de 60% sobre o valor da inteira. Ingressos: Poltrona PREMIUM: R$500,00 e R$250,00 (meia). Poltrona VIP LATERAL: R$400,00 e R$200,00 (meia). Poltrona ESPECIAL: R$300,00 e R$150,00 (meia). Poltrona ESPECIAL LATERAL: R$200,00 e R$100,00 (meia). Poltrona SUPERIOR: R$120,00 e R$60,00 (meia). Poltrona SUPERIOR LATERAL: R$100,00 e R$50,00 (meia)

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Poltrona PREMIUM: R$260,00. Poltrona VIP LATERAL: R$210,00. Poltrona ESPECIAL: R$160,00. Poltrona ESPECIAL LATERAL: R$110,00. Poltrona SUPERIOR: R$70,00. Poltrona SUPERIOR LATERAL: R$60,00

Michael em baixa

* Vinicius Velloso

Dez anos após a morte de Michael Jackson, uma verdadeira idolatria está movimentando a comunidade musical. Segundo a revista Forbes, os lucros financeiros estão na casa de US$ 2,5 bilhões desde a morte do cantor. Entretanto, recentemente, a Sony confirmou que utilizou vocais de um imitador em algumas faixas do álbum Michael (2010), primeiro lançamento de inéditas de Michael Jackson após a morte.

Além disso, a imagem do rei do pop está perdendo força por conta das denúncias pessoais que sofreu no documentário Deixando Neverland (2019, HBO), no qual é acusado de pedofilia. Emissoras mundiais de rádio começaram a retirar as canções de Michael Jackson da programação após a exposição do programa. Até o valor do rancho Neverland caiu na cotação imobiliária. A morada de Jackson e local das supostas acusações está à venda por US$ 31 milhões ; o valor inicial era de US$ 100 milhões.

Um novo documentário chamado Killing Michael Jackson será divulgado por uma emissora britânica, com depoimentos dos três investigadores que participaram do caso em 2009. As primeiras imagens divulgadas do quarto de Jackson no dia da morte mostram um ambiente caótico. Uma boneca de porcelana, agulhas, quantidades exageradas de Propofol (remédio anestésico), poemas espalhados pelas paredes e um tanque de oxigênio são objetos identificados no local.

O médico Conrad Murray, que acompanhava e medicava o astro com Propofol, foi condenado pelo Condado de Los Angeles em 2011 por homicídio culposo e cumpriu dois dos quatro da pena.

* Estagiário sob supervisão de Nahima Maciel

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