Diversão e Arte

Caderno de canções

postado em 02/07/2019 04:24


Existem livros que não apenas contam histórias, mas constroem a sua história com lances de suspense, reviravoltas e surpresas. É o caso de Memórias do Bar do Pedro e outras canções, de Climério Ferreira, que será lançado hoje, a partir das 19h, no Beirute.

Na década de 1970, o poeta-letrista fazia curso de mestrado em São José dos Campos, no Inpe (Instituto de Pesquisas Espaciais). Foi parar lá porque havia sido selecionado para um programa com estudantes de vários estados do país para criar um sistema de educação a distância.

Climério ficou por lá cinco anos. E, à noite, como não tinha nada para fazer, ia até o Bar do Pedro, um boteco clássico, instalado perto da área central da cidade. Lá, ele escrevia quilômetros de poemas com a intenção de que fossem, algum dia, transformados em canções. Até aquele momento, ele só fazia música com os irmãos Clésio e Clodo.

No Inpe, todos sabiam que Climério fazia letras. Ele frequentava tanto o Bar do Pedro que o dono decidiu reservar uma mesa especialmente para Climério: ;Virou o meu escritório instalado no Bar do Pedro;, relembra Climério.

Mas, eis que um acontecimento mudaria o destino dos escritos despretensiosos de Climério. Chegou um equipamento sofisticado de impressão na gráfica do Inpe. O chefe da seção procurou Climério, estava cansado de imprimir coisas burocráticas ou técnicas: ;Soube que você escreve poemas, vamos publicar um livro;.

E, assim, nasceu o livro Memórias do Bar de Pedro e outras canções. A tiragem foi pequena e a edição, alternativa. O amigo e parceiro Ednardo divulgou o livrinho e gravou Estaca zero: ;Cada braça de caminho/Um soluço de saudade/Toda vereda de roça/Descambar na cidade;. Os irmãos Clodo, Climério e Clésio gravaram São Piauí e Climério gravou Palha de arroz. Vários outros poemas permanecem inéditos: ;Tem outras gravadas no Piauí. Existem muitas que a gente canta, mas não foram gravadas. Não sou poeta, sou letrista. Fiz um livro de pretensas canções;, diz Climério.

Quando finalizou o mestrado, Climério trouxe os livros para Brasília, autografou e vendeu. Mas eram poucos exemplares, logo entrou para o catálogo das obras esgotadas: ;Um dos livros que autografei em Brasília era para um jornalista de Natal. Ele levou o livro autografado. Esse jornalista resolveu entregar para Abimael Silva, dono do Sebo Vermelho. Ele é também é editor, publica coisas do Rio Grande do Norte. Tem mais de 500 livros publicados.

Quando leu Memórias do Bar de Pedro, Albino disse: ;Esse não vendo, esse eu republico;. Entrou em contato com Climério por meio de um amigo em Brasília, Roberto Homem, e propôs a nova edição. Climério topou na hora: ;Todo mundo perguntava: cadê o livrinho? Eu não tinha mais e o meu exemplar está se desmanchando;.

Todos os dias, Climério joga um poema no Facebook, como quem atira uma mensagem em uma garrafa no oceano. De vez em quando, chegam canções com suas letras: ;Gente do Brasil inteiro musica os poemas. Dá uma emoção muito grande;.




Memórias do Bar do Pedro e outras canções

De Climério Ferreira/Edição do Sebo Vermelho
Lançamento, hoje, a partir das 19h, no Beirute da Asa Sul (109 Sul)



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