Colecionadores compulsivos, heranças da Bauhaus, o que há de mais recente na produção brasiliense, um conjunto de obras voltadas para a natureza e um recorte do acervo do Museu de Arte de Brasília (MAB) ocupam a agenda de artes visuais da cidade esta semana. Seis exposições abrem as portas e trazem uma variedade de obras que vão da busca pela sensibilidade do público à história da arte e da arquitetura. Confira as opções em cartaz a partir de hoje na cidade.
Bauhaus 1919-1933
Com uma time-line, reprodução de móveis, utensílios para o lar e uma série de objetos, a exposição organizada pelo Instituto Goethe celebra os 100 anos do nascimento da Bauhaus, escola fundada por Walter Gropius, em 1919, que capitaneou o desenvolvimento da vanguarda alemã na arquitetura e no design. Além dos objetos, a exposição tem uma área reservada à realidade virtual, na qual o público poderá transitar pelos espaços criados pela Bauhaus.
No dia 19, também será apresentado o longa A construção do futuro ; 100 anos da Bauhaus. Segundo Jolanthe Kugler, curadora da exposição, a Bauhaus surgiu com a ideia de criar uma comunidade radical cuja base era uma linguagem moderna especialmente na arquitetura e no design. ;Além disso, ela cunhou uma noção abrangente da função do designer e do arquiteto como quem influencia todas as áreas da vida, tornando-se assim um protagonista das mudanças sociais, atitude essa que parece cada vez mais necessária;, explica.
Para os membros da escola, a arte deveria ser o centro da sociedade, e as mudanças sociais podiam e deviam ser influenciadas por artistas e arquitetos. Esse pensamento repercutiu no mundo inteiro e, no Brasil, foi muito presente nas ideias que deram origem ao modernismo. ;Oscar Niemeyer e Lina Bo Bardi, os quais criaram versões bem particulares do modernismo na arquitetura, sendo que Bo Bardi se insere diretamente nas ideias da Bauhaus, graças à sua concepção da arquitetura como instrumento social em vez de representação política;, garante a curadora.
Curadora: Jolanthe Kugler. Visitação até 31 de julho, de segunda a sexta, das 9h às 21h, no Espaço Cultural Ary Barroso do Sesc Estação 504 Sul
Tempo em suspensão
Boa parte do trabalho de Lia do Rio é em site specific, o que quer dizer que integra uma paisagem, urbana ou não. O que ela e o curador Bené Fonteles levam para o Museu Nacional são registros nos quais a artista faz interferências que questionam a relação do homem com seu meio e propõem um olhar delicado para o mundo ao redor.
De uma folha cujo crescimento a artista acompanha e registra uma moldura colocada na areia em frente ao mar, Lia sugere que o público encare a natureza com um olhar poético e atento. ;O fio condutor de todo o meu trabalho é a questão da atemporalidade;, avisa a artista. ;Não são momentos cronológicos, e sim o aqui e agora, cada momento visto como um fluxo. O material natural é usado porque o ser humano esqueceu de que é natureza também. E exerce um fascínio porque é um encontro com a natureza, coisa que parece que o ser humano perdeu, daí os materiais naturais que uso.;
Visitação até 4 de agosto, diariamente, das 9h às 18h, no Museu Nacional da República (Setor Cultural Sul, Lote 2, Esplanada dos Ministérios)
Sobrefalas ; Ocupação 5
A coletiva traz oito artistas que ocupam o ateliê do Elefante Centro Cultural e três convidados com obras nascidas das pesquisas realizadas no local e submetidas a uma curadoria coletiva. ;São artistas que atravessam a história do Elefante;, avisa Cinara Barbosa, uma das curadoras do espaço. ;A exposição traz a relação com esse lugar de experimentação, de processo, de roda de encontros e conversas sobre arte e provocações de até onde os processos podem chegar;. Boa parte dos trabalhos foi criada no próprio Elefante e resultam do desenvolvimento de pesquisas recentes. Entre os artistas estão Adriana Vignoli, Alina Duchrow, Débora Mazloum, Gisel Carriconde, João Trevisan, Matias Mesquita, Silvie Eidam, Antonio Obá, Nicolas Behr, Paul Setúbal e Wagner Barja.
Visitação até 21 de julho, de terça a sábado, das 14h às 22h, e domingo, das 14h às 20h, na Galeria Casa (CasaPark ; 1; Piso, corredor do Espaço Itaú de Cinema)
Coleção Fernando Bueno ; Artistas de Brasília
Um total de 200 obras produzidas por 110 artistas integra a exposição, um recorte de uma coleção que Fernando Bueno iniciou nos anos 1980 e à qual se dedica de maneira quase compulsiva. É a primeira vez que o colecionador mostra as obras, que costumam ficar guardadas em uma reserva técnica na casa de Bueno e em casas de amigos e da família.
Ver o conjunto organizado para uma exposição o ajudou e tecer um olhar sobre a própria coleção, cujo volume é grande, embora ele não saiba ao certo a quantidade de artistas e obras comprados ao longo dos anos. ;Não tenho a mínima ideia (de quantos são), porque isso não é importante. Com a exposição, é a primeira vez que tive uma noção do que tinha;, conta Bueno.
A mostra traz artistas de todo o Brasil, mas com destaque para a produção brasiliense, para a qual o colecionador sempre dirige olhar atento. Obras assinadas por nomes como André Santangelo, Antonio Obá, Cintia Falkenbach, Camila Soato, Derik Sorato, Elder Rocha, Paul Setúbal, Ralph Gehre, Tarciso Viriato, Valéria Pena-Costa e Virgílio Neto fazem parte da mostra.
Abertura hoje, às 18h, na Hill House (CasaPark, Piso Térreo, lojas 125/126). Visitação até 30 de agosto, de segunda a sábado, das 10h às 22h.
Brasiliense, um reve panorama
Admirador da cidade-arte, como descreve Brasília, o diretor do Museu Nacional da República, Charles Cosac, assina a curadoria da exposição Brasiliense, um breve panorama, no Supremo Tribunal Federal (STF). Com 41 peças, a mostra traça uma genealogia da arte desenvolvida na capital desde os anos 1960. São trabalhos de Roberto Burle-Marx, Alfredo Ceschiatti, Athos Bulcão e também jovens artistas, como Christus Nóbrega, André Santangelo e Adriana Vignoli.
Ao desenhar a trajetória artística da cidade, Cosac mescla o acervo do Museu Nacional com obras do Museu de Arte de Brasília (MAB) e de outras duas galerias particulares. Em uma produção artística sem descendentes ou ascendentes, o curador pontua a relevância da Universidade de Brasília (UnB) e de iniciativas espontâneas como polos culturais da capital.
Visitação até 30 de julho, diariamente, das 9h às 18h, no Espaço Cultural Ministro Menezes Direito no Supremo Tribunal Federal (Praça dos Três Poderes)
O fantástico mundo de Alharembar
Em sua quarta individual, o artista plástico Ricardo Gauthama apresenta o universo pop e colorido de Alharembar. Ao usar imagens conhecidas do público como personagens de quadrinhos e séries televisivas, ele proporciona um território de reflexão sobre questões LGBTT+, espiritualidade e história da arte. Assim como a palavra criada por Ricardo e que nomeia a exposição, os trabalhos exploram sobreposições e colagens para sugerir novos sentidos.
Visitação até 2 de agosto, diariamente, das 6h às 21h, no Foyer do Teatro Sesc Silvio Barbato e Hall de entrada do 5; andar ; Edifício Presidente Dutra (Setor Comercial Sul)