Diversão e Arte

Homem-aranha investe em física quântica e passa longe da tragédia

Longa estreia nesta quinta e custou US$ 160 milhões

Ricardo Daehn
postado em 04/07/2019 06:30

Tom Holland quase empata com o brilho de Tobey Maguire, o primeiro Homem-Aranha das franquias do século 21

Os pêsames dos efeitos de luto e desgraças transcorridas em Vingadores: Ultimato ficam de fora, no decorrer de Homem-Aranha: Longe de casa. Na aventura, dada a marca do humor, não existe espaço para chororô. Em compensação, o espectador pode ficar preparado para experimentar os efeitos visuais criados por nove empresas de ponta, numa produção que consumiu US$ 160 milhões. Muita aventura vai prevalecer, passado o recurso divertido adotado pelo diretor Jon Watts de optar por graça e um fundo musical que incorpora até mesmo Whitney Houston à fita. Longe de casa impõe uma ruptura no tom de tragédia acomodado ao final de Ultimato. Terra, fogo, ar e água pairam com ameaças no enredo do filme que, em parte, investe em breves conceitos de física quântica.

A partir do universo criado por Stan Lee e Steve Ditko, os roteiristas dão margem à criatividade, larga, por sinal, quando se trata da mente de Chris McKenna (lembrado por Jumanji: Bem-vindo à selva) e Erik Sommers (de Homem-Formiga e a Vespa). O novo longa encontra um rapaz do Queens (Nova York), aos 16 anos, tentando se libertar de traumas vividos recentemente. Por cinco anos, Peter Parker ficou apagado, como que dormente, esperando a hora de voltar do impacto causado pelo estalar de dedos do vilão Thanos. Nesse cenário, como reforçou o diretor Jon Watts, em material distribuído à imprensa internacional, há quem não se importe com descanso: ;O Nick Fury (ex-chefe da S.H.I.E.L.D.) não dá a mínima para o fato de Peter querer espairecer a mente;.

Uma excursão, em âmbito escolar ; com colegas animados e professores zelosos ; está no caminho de Peter Parker, mais conhecido, desde sempre, como Homem-Aranha. Ameaça global, ;escala e riscos maiores; (como sublinhado pelo intérprete do protagonista, o ator Tom Holland) estarão no caminho do herói. Praga, Veneza, Berlim e Londres são pontos turísticos sob a mira de Elementais, agigantados seres que ameaçam a humanidade. Mesmo citados na trama, Capitão América e Homem de Ferro são inoperantes. Mochileiro, o moço e aracnídeo herói é requisitado para assumir enormes responsabilidades.

Eis que, no filme, desponta o desconhecido Quentin Beck, papel reservado a Jake Gyllenhaal (O segredo de Brokeback Mountain). Numa visão geral, ele (o ;senhor Beck;, como é designado por Homem-Aranha) tende à contenção dos Elementais. ;Beck entende a resistência de Peter em entrar na briga;, observou Jake, que tem reconhecimentos na carreira como a indicação ao Globo de Ouro de ator, pelo filme O abutre (2014). Visto como um amigo, o homem, que, não demora, ganha o título de Mysterio, traz as dores de uma família dizimada numa Terra alternativa à dos mortais.

Muita descontração

Com a capacidade sensitiva conhecida como ;o arrepio do Peter;, a todo momento destacada por personagens da facção boa da trama (leia-se a Tia May interpretada por Marisa Tomei e Happy, papel reservado a cineasta e ator Jon Favreau), o protagonista contará com fortes aparatos tecnológicos para debelar numerosos drones e derrubar sistemas de inteligência. Nos pontos mais descontraídos, Peter Parker seguirá apaixonado por Mary Jane (Zendaya, de O rei do show) e acompanhado pelo gordinho e inseparável amigo Ned (Jacob Batalon, nascido no Havaí, e um dos nomes de Todo dia).

Dinâmico, o filme se apoia no carisma de Tom Holland (o garoto talentoso de O impossível, agora, crescido) e nas inseguranças inerentes à idade do herói adolescente que não pode beber drinques alcoólicos por ;não ter 21 anos; e que fica hesitante do visual, ao adotar um par de óculos novos. De férias pela Europa, Parker faria questão de dispensar, na ingenuidade, o uniforme de heróis, de dentro da mala.

Mas, diferentemente dos colegas de sala que enfrentarão atrações como interminável sessão de ópera com quatro horas de duração, Parker dará margem a ser chamado de ;tadinho; pelo vilão do filme. Enquanto os colegas de sala, com mortes iminentes, partem para discursos de arrependimento pelas horas desperdiçadas com ;vídeos bobos; de internet e com os intermináveis jogos videogames, Parker segue para a ação, sempre supervisionada pelo vigilante Nick Furry e pela eficiente e séria Maria Hill (Cobie Smulders, de Um porto seguro).

Renda do filme

Homem-Aranha: De volta ao lar (2017): 880 milhões de dólares

O espetacular Homem-Aranha 2: A ameaça de Electro (2014): 709 milhões de dólares

O espetacular Homem-Aranha (2012) 758 milhões de dólares

Homem-Aranha 3 (2007) 891 milhões de dólares

Homem-Aranha 2 (2004) 783 milhões de dólares

Homem-Aranha (2002) 822 milhões de dólares

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