Diversão e Arte

Confira o que vai rolar no show de Gal Costa, hoje, na cidade

A cantora baiana chega a Brasília com apresentação que traz músicas de novos compositores, além de ritmos dançantes. Os clássicos, claro, também estão presente no repertório

Irlam Rocha Lima
postado em 06/07/2019 06:02
A cantora baiana chega a Brasília com apresentação que traz músicas de novos compositores, além de ritmos dançantes. Os clássicos, claro, também estão presente no repertório
Gal Costa tem o vanguardismo como marca registrada de sua celebrada trajetória musical. Ela era assim no início da carreira, quando se tornou musa do movimento tropicalista, e se mantém coerente, até os dias atuais. Isso fica bem claro em A pele do futuro, o show que faz hoje, às 21h30, no auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães.

;Voltando no tempo e indo pra frente;, enfatiza Gal ao se referir à proposta do espetáculo, aplaudido calorosamente em todos os locais onde tem sido apresentado, desde a estreia, no final do ano passado, em São Paulo. No roteiro foram colocadas lado a lado canções inéditas do álbum homônimo e clássicos marcantes da obra da cantora.

Diretor do espetáculo, Marcus Preto não faz por menos ao de referir à performance da cantora. ;No A pele do futuro, se fazem presentes as Gal Costas de todos os tempos: fatais, legais, índias, tropicais, profanas, plurais, estratosféricas. De ontem e de além.; Essas personas passeiam por um repertório instigante, que vai do rock ao frevo, de canções a dance music.

Marcus Preto assessora Gal desde 2013, quando recebeu o convite para ajudá-la a elaborar o set list do Espelho d;Água, recital que ela faria na inauguração do teatro J. Safra, na capital paulistana, que foi levado depois a outras cidades, inclusive Brasília. Depois a dirigiu no Tributo a Lupicínio e no Estratosférica.

;Para mim, é um exercício prazeroso trabalhar com essa diva da MPB. Em minha cabeça há possíveis roteiros de 150 shows dela e outros tantos de Maria Bethânia e Rita Lee;, divaga o diretor. ;Com Gal, venho tendo minha alfabetização musical. Ela chega com as ideias e juntos, num processo criativo compartilhado, chegamos a um consenso;, conta.

Disco music

Além de diretor de A pele do futuro, Marcus Preto foi também produtor do CD que deu origem ao show. ;A Gal queria que esse trabalho tivesse uma levada disco music, gênero que nunca havia focalizado em projetos anteriores. Aí, me pediu para fazer contato com novos compositores. De Dani Black veio Sublime; já Marília Mendonça mandou Cuidando de longe, uma sofrência, que virou dance;, comenta. ;Gal sempre teve admiração por Gloria Gaynor que, segundo ela, cantava músicas dançantes, mas de conteúdo ;deprê;.;

Mas, entre as músicas inéditas, há outros estilos. Omar Salomão (filho de Walli Salomão) escreveu a letra de Palavras no corpo, que tem melodia do jovem compositor capixaba Silva; César Lacerda é coautor de Minha mãe, enquanto Teago Oliveira assina Motor, que cita Vapor barato, de Jards Macalé e Walli Salomão.

Dois nomes consagrados da MPB marcam presença no A pele do futuro com músicas novas, compostas pensando na interpretação da cantora: Mãe de todas as vozes (Nando Reis) e Viagem passageira (Gilberto Gil, eles formaram o Trinca de ases no show que cumpriu turnê pelo Brasil e países da Europa em 2018 ; originário de uma apresentação dos três no Teatro da UNIP, aqui na capital.

Sete músicas inéditas ; já citadas ; são ouvidas no show. Elas se juntam a clássicos da MPB, registradas pela voz de Gal ao longo da carreira. Dividido em quatro blocos, o roteiro é aberto por canções de viés político-social-comportamental, como Dê um rolê (Moraes Moreira e Luiz Galvão), London London (Caetano Veloso), As curvas da estrada de Santos (Roberto e Erasmo Carlos).

Em seguida há o bloco de canções com temática romântica, entre as quais Lágrimas negras (Jorge Mautner e Nelson Jacobina), Que pena (Jorge Ben Jor),Volta (Lupicínio Rodrigues), Sua estupidez (Roberto e Erasmo Carlos) e O que é que há, de Fábio Jr., compositor que Gal nunca havia cantado. Depois vem a parte voltada para a disco music, que inclui além de Cuidando de longe e Sublime, Azul, de Djavan.

O bis continua dançante. É o momento que Gal se solta por inteiro, ao cantar os frevos Massa real (Caetano Veloso), Balancê (João de Barro e Alberto Ribeiro), Bloco do prazer e Festa do interior, parcerias de Moraes Moreira com Fausto Nilo e Abel Silva. A estrela tem a companhia em cena da banda formada por Pedro Sá (guitarra), Lucas Martins (bicho), Chicão (teclado) e Hugo Hori (sax e flauta). Omar Salomão assina o cenário.



A pele do futuro
Show de Gal Costa e banda, hoje, às 21h30, no auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães (Eixo Monumental). Ingressos: R$ R$ 125 (Premium), R$ 110 (Gold), R$ 100 (VIP), R$ 80 (Especial), R$ 37,50 (Especial Popular e Superior Popular). Valores referentes a meia entrada. Não recomenado para menores de 16 anos. Observação: Assinante do Correio tem desconta de 50% de desconto e ingresso de inteira, A meia entrada é limitada a 40% dos ingressos disponíveis para a venda em cada setor, conforme Lei Federal 12933/13 e sua regulamentação.


30
álbuns de estúdio gravados por Gal


9
DVDs lançados pela artista


5
vezes indicada ao Grammy Latino
A cantora baiana chega a Brasília com apresentação que traz músicas de novos compositores, além de ritmos dançantes. Os clássicos, claro, também estão presente no repertório


Entrevista/Gal

No show A pele do futuro você, faz uma mescla de canções inéditas com clássicos que marcaram sua carreira. A ideia é chegar, com esse repertório, às novas gerações e manter os fãs que a acompanham há mais tempo?
Em meus shows sempre cantei músicas de novos compositores e de artistas consagrados. Já fazia isso no Fa-Tal, que se mantém na memória afetiva das pessoas e é considerado um clássico. No A pele do futuro, embora tenha sucessos anteriores, há canções inéditas, criadas por gente nova, que busquei trazer para o álbum homônimo, agora interpreto no show.

Houve a busca de uma nova sonoridade para as músicas do set list?
Quem me acompanha é uma banda formada por músicos jovens. Eles foram determinantes na criação dos arranjos, que determinam o andamento das canções. Sua estupidez, de Roberto e Erasmo Carlos, que voltei a cantar, agora tem uma levada semelhante à do Som Imaginário, banda do Clube da Esquina. Virou uma balada, nessa nova versão.

Como a disco music entrou nessa história?
Sempre fui fã de Gloria Gaynor e quando me reuni com Marcus Preto, produtor do disco e diretor do show, expliquei para ele que queria fazer algo que remetesse a esse estilo dançante. Num dos blocos do show, reuni músicas que têm essa levada. Duas delas são as inéditas Sublime, de Dani Black; e Cuidando de longe, de Marília Mendonça.

Mas a praia da Marília Mendonça não é a da sofrência?
As composições dela seguem esta linha, inclusive Cuidando de longe. Mas a transformamos numa música dançante.

Entre os novos nomes da MPB que você trouxe para esse projeto está Omar Salomão, filho de Walli Salomão, coautor de Vapor Barato e diretor do antológico espetáculo Fa-Tal. Como vê esta associação?
O Marcus Preto conheceu o Omar aqui em São Paulo. Numa conversa com o Omar, ficou sabendo que, até hoje, ele ouve o Fa-Tal frequentemente; e que inspirado em minha interpretação para Sua estupidez havia feito uma letra, que fez chegar a mim. Então, o Silva, que havia tocado na banda que me acompanhou no Tributo a Lupicínio, musicou e eu gravei. No show, um outro talento do Omar fica evidenciado. Ele criou o cenário.

O A pele do futuro vem sendo apresentado em espaços diversos. Como tem sido a acolhida do público?
Desde a estreia em São Paulo, já me apresentei em teatro e casa de espetáculos. No Rio de Janeiro, por exemplo, fiz no Vivo Rio e no Festival Queremos, na Marina da Glória. Em todos os locais, a acolhida do público é muito calorosa. E o mais bacana é que percebo nas plateias pessoas de diferentes idade, inclusive muitos jovens que descobriram minhas músicas pela internet.

Qual sua visão do país neste momento?
Está tudo muito confuso no país, que vive uma onda de intolerância e de falta de respeito às diferenças. O exercício da individualidade tem que ser pleno, sem nenhum tipo de repressão. Aliás, o que se vê no mundo todo é algo semelhante ao que ocorre no Brasil.

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