Diversão e Arte

"João Gilberto também se destacou no samba", diz Sérgio Rodrigues

Ricardo Daehn
postado em 06/07/2019 20:26
"Comparados com a sua reclusão, alguns moges tibetanos levam uma vida social digna de sair (na coluna) do Zózimo", brincava, em 1990, o escritor Ruy Castro, ao se referir à notória aversão social encarada por João Gilberto, em capítulo do livro Chega de saudade ; A história e as histórias da bossa nova, editado pela Companhia das Letras. Pela mesma editora, em A visita de João Gilberto aos Novos Baianos, o escritor mineiro Sérgio Rodrigues teceu um conto em clima de fantasia total, ficando atônito com a morte do bossa-novista, praticamente coincidente com o lançamento do novo livro.

[SAIBAMAIS]"O mais emblemático é o que ele fez pela bossa nova. Ele foi uma fonte rica, e, gênio, ele criou o que não existia antes. Não aparece alguém como ele, a todo o tempo", observa o escritor. Na relação de ouvinte, aos 57 anos, Sérgio Rodrigues conta que teve acesso ao repertório
de João Gilberto, por meio dos filhos. "Todos que vieram depois de 1960 são filhos dele. Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque ; ninguém existiria. Gênio da cultura do Brasil, e não apenas da música. Mesmo com muita idade, pouca saúde e praticamente aposentado, não
tê-lo cria uma lacuna imensa", comenta Sérgio Rodrigues.

O escritor comenta que não pesquisou nem quis fundo biográfico para a criação do conto. "Acho ele impactante ao interpretar sambas brasileiros, como Bolinha de papel e Doralice ; fica uma música de elegância, e com certa malícia. João Gilberto representou a euforia
e o otimismo de um Brasil que tinha tudo para dar certo, precisa se reencontrar, mas perdeu o bonde", conclui.

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