Diversão e Arte

Imersão criativa no Cerrado

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 16/07/2019 04:26
Projeto promove intercâmbio entre artistas nacionais e estrangeiros em meio ao bioma



Durante 11 dias, artistas de diferentes locais de origem, do Brasil e do mundo, fizeram do cerrado um lar. Imersos no Jardim Botânico, eles participaram da primeira edição da residência artística Cerrado Ecoarte e se reuníram para pensar, criativamente, o bioma por meio de novos paradigmas ecológicos. Hoje (terça-feira), eles saem desse mergulho para compartilhar com o público o resultado da experiência. Além da exposição dos trabalhos, haverá uma visita guiada com os autores e a mediação em Libras.

A iniciativa faz parte de uma pesquisa de mestrado da multiartista TKuri e está vinculada ao programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade de Brasília (UnB), sob a orientação de Christus Nóbrega. ;Desde a graduação, trabalho com projetos de educação ambiental e artística. Comecei a ter esse olhar a partir de uma vivência na Casa do Estudante, a geração de lixo, o sistema de alimentação da universidade;, relembra TKuri.

Ao questionar o consumo e como a sociedade se relaciona com materiais e com a natureza, veio o despertar para a linguagem artística, que trabalha as percepções e os sentidos humanos. ;A arte reformula as nossas visões, a nossa forma de perceber o mundo e de criar jeitos de ser e estar nele;, comenta a multiartista.

Os integrantes da residência viveram as cores, as texturas, os cheiros e os sabores do cerrado. Além de mergulharem em seus próprios processos criativos e de compartilharem experiências, eles participaram de encontros e oficinas sobre alimentação de base indígena, com kalungas e com benzedeiras. Acostumados a pressa do dia a dia, pararam para observar o silêncio, os sons e as muitas nuances do bioma.

Os artistas selecionados são Charlene Bicalho, Jina Jorge do B, Nyuki, Rodrigo D;Alcântara, Maurício Chades e Harkiret Kaur, do Brasil; Cecilia Vilca, do Peru; Nora Barna, da Hungria, Olacak, da Turquia e Sean Tseng, de Taiwan. As atividades foram mediadas por Tkuri e pela norte-americana Sarah Farahat.

;Foram dias intensos, que exigiram muito dos artistas. Em um primeiro momento, houve uma fricção. Ao longo do percurso, eles defenderam suas narrativas pessoas. A exposição reúne instalações e performances, com temáticas como ciência e tecnologia, questões de raça e de gênero e poéticas que colocam em pauta o corpo;, detalhe TKuri.

Relações humanas

Para a idealizadora da iniciativa, a vivência lhe rendeu um aprendizado detalhado sobre as características de uma residência artística e, sobretudo, das relações humanas. A partir dessa primeira proposta, a artista quer entender qual o melhor formato para promover a mudança de paradigma na relação do homem com a natureza. ;A troca cultura é um fator muito importante. O cerrado é um bioma que está ameaçado, é paulatinamente explorado pelo agronegócio, pela especulação imobiliária, ao mesmo tempo que é uma região que guarda as nascentes dos principais rios do Brasil. São temas que precisam ser vistos, precisamos dar visibilidade para que eles possam começar a ser discutidos, para se pensar em soluções e outros caminhos;, afirma.

Após a abertura da mostra, algumas obras serão doadas para o acervo do Jardim Botânico e Tkuri destaca o enorme potencial do espaço. Localizado na área de proteção Ambiental Gama-Cabeça de Veado, o local é uma das maiores unidades de conservação em área urbana do Brasil. ;Foi uma experiência frutífera para que a gente possa estabelecer mais trocas e parcerias;, comenta.

Entre agosto e setembro, uma publicação digital será lançada com ensaios teóricos de cada artista. Esse trabalho, na opinião de TKuri, vai levar um tempo para reverberar na prática criativa dos participantes. ;Contudo só de ter chamado a atenção do público provoca algum princípio de mudança;.



Abertura da exposição da residência artística Cerrado Ecoarte
Terça-feira, 16 de julho, 14h. Jardim Botânico de Brasília (SMDB ; Área Especial ; Jardim Botânico de Brasília); A participação é gratuita, mas é preciso confirmar presença. Para incluir o nome na lista, envie um email para cerradoecoarte@gmail.com indicando no assunto: ;lista de presença na abertura de exposição;, e no corpo do texto: nome completo, data de nascimento, telefone para contato.

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