postado em 17/07/2019 04:08
Mulheres pedem passagem. Cantoras e compositores empoderadas de Brasília, São Paulo, Salvador e Recife serão protagonistas da segunda edição do festival Divas do Samba, que ocupará a área externa do Museu da República neste fim de semana. No evento, elas homenagearão um nome icônico do mais representativo gênero musical do país, a eterna Dona Ivone Lara.
A criadora de clássicos como Alguém me avisou, Sonho meu e Sorriso negro, que faleceu em 16 de abril do ano passado, no Rio de Janeiro, aos 96 anos, se apresentou em Brasília diversas vezes. A última ocorreu em setembro de 2015, quando foi reverenciada no Flores em vida, projeto produzido pelo grupo Adora Roda (atual 7 na Roda), no teatro do Centro Cultural Banco do Brasil.
No tributo, idealizado pela produtora Beco da Coruja, se apresentarão na sexta-feira, a partir das 21h, as brasilienses Anna Christina e Dhi Ribeiro e a baiana Juliana Ribeiro. Sábado, com início no mesmo horário, haverá shows da brasiliense Cris Pereira, da pernambucana Karynna Spinelli e da paulistana Fabiana Cozza.
Victor Angeleas (bandolim), Márcio Marinho (cavaquinho), Paula Zimbres (contrabaixo), Larissa Umaytá e Yara Alvarenga (tantan) formam o grupo que acompanha as artistas na primeira noite. Já a banda integrada por Rodrigo Dantas (violão), Mariana Sardinha (cavaquinho), Gabi Tunes (flauta), Eddie Jhorge (bateria), Kadu Nascimento (surdo), Larissa Umaytá (percussão) sobe ao palco na segunda noite.
Intérprete versátil, que se apresenta no circuito das casas noturnas da cidade, Anna Christina já abriu apresentações de Dona Ivone Lara, Monarco, Zeca Pagodinho e Jorge Aragão. Com mais de 30 anos de carreira, um disco lançado e um DVD gravado, Dhi Ribeiro representou Brasília na edição de 2018 do The Voice Brasil e é uma sambista que convive com agenda repleta de compromissos.
Nós Negras
Idealizadora e uma das integrantes do projeto Nós Negras, Cris Pereira é uma intérprete de voz suave, posta a serviço de sambas que abordam a questão racial. Ela vive uma grande expectativa em relação ao show que fará pelo projeto Divas do Samba, principalmente por poder, novamente, reverenciar Dona Ivone Lara. ;Embora ausente, fisicamente Dona Ivone é uma presença forte. Ela deixou um legado que norteia todas nós. De certa forma, somos sambistas por causa desta rainha negra;.
Nome representativo do samba pernambucano, a cantora e compositora Karynna Spinelli já esteve na capital participando dos projetos São Batuque (área externa da Funarte) e Samba de Bamba (Teatro da Caixa). ;Sinto-me lisonjeada por participar do Divas do Samba, projeto que fortalece a presença das mulheres no samba e celebra Dona Ivone Lara, símbolo da ancestralidade de uma das manifestações artísticas mais importantes da nossa cultura popular;, ressalta.
Em carreira solo desde 2007, depois de atuar como vocalista de um grupo de samba, a baiana Juliana Ribeiro desenvolve um trabalho com forte influência da cultura africana. Ritmos como lundu, jongo, maxixe, sembas angolanos, batuque e samba de roda lhe são familiares. Ao se referir à patrona do Divas do Samba, é só reverência. ;Dona Ivone Lara é uma referência fundamental para a comunidade negra ligada ao samba. Somos todas filhas de Dona Ivone;.
Fabiana Cozza sabe muito bem da importância da compositora carioca, autora de sambas-enredo da Império Serrano. Não por acaso, seu álbum mais recente, o Canto da noite na boca do vento, é inteiramente dedicado à obra de Dona Ivone. No repertório ela reuniu clássicos como Enredo do meu samba, Liberdade, Mas quem disse que eu te esqueço, Nasci pra sonhar e cantar e Os cinco bailes da história do Rio.
Divas do Samba
Shows com a participação de Anna Christina, Dhgi Ribeiro e Juliana Ribeiro, sexta-feira a partir das 20h; e de Cris Pereira, Kadrynna Spinelli e Fabiana Cozza, sábado, no mesmo horário. Na área externa do Museu da república (Esplanada dos Ministérios). Entrada franca. Classificação indicativa livre.