Agência Estado
postado em 18/07/2019 06:50
O escritor Andrea Camilleri costumava dizer que gostaria de terminar sua carreira sentado em uma praça e contando histórias - e, depois, passando entre o público com sua boina na mão. Aos 93 anos, o escritor italiano que ficou famoso no mundo todo com as histórias que criou para o delegado Montalbano se preparava para estrear, este mês, um monólogo, quando foi internado em um hospital de Roma para cuidar de um problema cardíaco e de complicações por causa de uma fratura no quadril. Camilleri morreu na quarta-feira, 17.
Nascido em Porto Empedocle, na Sicília, no dia 6 de setembro de 1925, Andrea Camilleri trabalhou por muito tempo como roteirista e diretor de teatro e televisão, produzindo os famosos seriados policiais do delegado Maigret e do tenente Sheridan. Estreou como romancista em 1978, aos 53 anos, mas ficou famoso mesmo aos 73 anos, no final dos anos 1990, com o lançamento de A Forma da Água, a primeira história com o comissário siciliano Salvo Montalbano.
A fama de seu personagem erudito e avesso às armas e à violência ultrapassou as fronteiras da Itália, onde Montalbano virou tema, também, de uma série de televisão.
Profícuo escritor, seus livros foram traduzidos para várias línguas e só na Itália ele vendeu cerca de 25 milhões de exemplares. No Brasil, quem publica a obra de Andrea Camilleri é o Grupo Record e a lista é extensa. Entre eles estão os policiais A Lua de Papel, A Paciência da Aranha, O Cão de Terracota, A Revolução da Lua e A Caça ao Tesouro; os romances O Todomeu e A Revolução da Lua e os juvenis Magia e O Nariz.
O escritor italiano, que dizia ter alergia a escrever sobre a máfia, viveu por mais de 50 anos numa casa modesta em Roma, e sempre se definiu como uma pessoa de esquerda - algo que estava implícito em sua obra.
Seu 100º título, LAltro Capo del Filo (O Outro Fim da Fila), também uma história com Montalbano, foi lançado em 2016, quando já estava ficando cego (ele precisou ditar o texto). A obra aborda o drama dos refugiados que tentam chegar à Sicília e acabam sendo resgatados no mar. Em 2017, Camilleri publicou Esercizi di Memoria (Exercício de Memória), com 23 histórias sobre sua vida. ( Com Agências Internacionais)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.