postado em 20/07/2019 04:21
Apenas algumas horas foram necessárias para que os ingressos para o show de Sandy e Junior da turnê Nossa história em Brasília se esgotassem. No dia da abertura das vendas, os tíquetes sumiram rapidamente do site oficial. Quem acabou não conseguindo uma entrada pelo modo digital correu para o ponto de venda física. Por volta das 4h da manhã, uma fila crescia em frente ao Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Mesmo assim, teve quem saiu do local sem garantir a presença na apresentação dos irmãos.
Inicialmente, a dupla se apresentaria no Ginásio Nilson Nelson, mesmo espaço ocupado pelos artistas na turnê de despedida Acústico MTV, em novembro de 2007. Mas o apelo de parte dos fãs que não haviam conseguido os ingressos surtiu efeito, e Junior Lima anunciou que a cidade estaria entre as localidades que teriam mudança de local para receber mais gente. Assim, o show foi transferido para o Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, que recebe hoje a apresentação.
Situações como essa reforçam o fato de que Sandy e Junior estão entre os maiores fenômenos musicais do Brasil. Nos quase 18 anos de carreira, só em shows, os cantores têm números estrondosos: 1,2 milhão em João Pessoa, em 2001; 250 mil no Rock in Rio, também em 2001; e 70 mil na gravação do DVD ao vivo no Maracanã, em 2002. Além disso, ao longo da trajetória, venderam mais de 17 milhões de discos dos 16 álbuns lançados e tiveram 120 mil fãs associados ao fã-clube oficial.
A psicóloga Ana Carolina de Andrade Vieira foi uma dessas pessoas. Quando criança, ela se associou ao fã clube oficial, recebendo conteúdos exclusivos da dupla. Hoje, com 30 anos, o mesmo tempo de carreira de Sandy e Junior, ela continua sendo uma das admiradoras fervorosas dos irmãos. ;A história de Sandy e Junior se confunde com a minha. Não sei quando eu ouvi pela primeira vez. Puxando pela memória, me lembro de dançar com três anos Meu primeiro amor na escola. Essa é a lembrança mais remota que tenho, desde então, sempre ouvi. Foi minha trilha sonora na escola, nas férias do colégio, nas reuniões do prédio;, lembra.
Desde 1998, a brasiliense não perdeu um show da dupla em Brasília. Ela calcula que tenha ido a sete apresentações dos irmãos e mais quatro de Sandy em carreira solo. Com a de hoje, Ana Carolina completará oito apresentações dos irmãos. ;Fui crescendo e gostando cada vez mais. Ficando bem fã mesmo, daquelas enlouquecidas. Na minha casa era pôster do chão ao teto. Eu tinha tanto o sonho de conhecê-los que ficava ligando para os números em Campinas tentando a chance de falar com eles;, conta, entre risos.
Essa paixão da psicóloga pelos cantores, inclusive, passou para os três filhos, que têm entre um e 7 anos. ;É uma coisa de louco, todo mundo sabe dessa minha paixão. Meu aniversário de 30 anos teve como tema Sandy e Junior. Meus filhos aprenderam a gostar. O meu mais velho canta e toca as canções. Ele gosta muito de Vamô pulá e Olha o que o amor me faz;, revela. Para Ana Carolina, a fórmula do sucesso da dupla é simples e tocante: ;Eles eram uma referência muito importante de família e de sentimentos puros. As músicas sempre foram sobre sentimentos bonitos. Agradeço muito de ter crescido gostando deles;.
Paixão geracional
;Meu pai era muito fã de Chitãozinho & Xororó, e eu não lembro de gostar de outra coisa na minha infância e adolescência a não ser Sandy e Junior;, resume a empresária Renata Lara de Oliveira. Apesar de ter acompanhado cada lançamento e hit dos irmãos, o CD Aniversário do Tatu, o primeiro, é o mais representativo. ;Remete a minha infância, a minha família. Foi o primeiro que escutei e aguçou minha relação com a criatividade e com a natureza. É o que me deixa cantando rindo;, comenta.
Este ano, a turnê comemorativa motivou Renata a celebrar o aniversário de 29 anos em homenagem à dupla. ;Estava assistindo aos clipes antigos, como sempre faço, e decidi que era meu ano, meu momento;, brinca. Família, marido e amigos apoiaram a festa temática de Sandy & Junior com direito a manequins dos irmãos, camiseta e faixa de fã-clube e, claro, uma banda que tocasse todos os sucessos. ;Foi espetacular;, define.
A festa funcionou como um esquenta para a maratona de shows. Com a ajuda do pai, grande parceiro das aventuras de fã, ela foi a primeira a comprar o ingresso da apresentação em Brasília ainda na pré-venda. ;Vou para Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo em dois shows. Se pudesse, ia mais;, conta.
A empresária acompanhou o crescimento da dupla, mesmo quando os dois se separaram e seguiram carreira solo. A impressão, para ela, é que passou a vida seguindo os artistas, e as fases da sua vida coincidem com a dos irmãos. Renata participou de fã clube, escreveu cartas e mais cartas, foi para os hotéis à procura da dupla e usou seu dinheiro para comprar tudo o que saía deles. ;Na casa dos meus pais, a Sandy e o Junior tinham um quarto só deles. Ali, não conseguia ver a cor das paredes. Quando ia para lá, era meu momento;, relembra. A empatia com os irmãos foi imediata e só cresceu. ;É uma questão de identificação mesmo. Tudo o que escutei fez parte da minha construção. Era uma relação inatingível, mas, ao mesmo tempo, próxima;, finaliza.
O estudante de engenharia civil Sandy Junior Braga Pereira, de 21 anos, é a prova de que os irmãos fizeram parte da história de muitos brasileiros. Morador de Anápolis(GO) , ele conta que, no seu nascimento, a mãe só tinha escolhido nome para uma menina. Ao descobrir a chegada de um menino, acatou a sugestão da madrinha, fã da dupla Sandy e Junior. ;Eles estavam no auge, e ela gostou da alternativa;, complementa. Por conta do nome, o jovem já foi motivo de brincadeira, mas também ficou conhecido. ;Todo mundo comenta e as pessoas pedem para tirar foto comigo;, comenta aos risos.
Época boa
A publicitária Carolyna Paiva, 25 anos, é outra fã assumida de Sandy e Junior. Desde os anos 1998, ela se lembra de ouvir os irmãos. Em sua trajetória, tem várias histórias envolvendo a dupla, como o primeiro namorado que a pediu em namoro citando Quando você passa (Turu turu); a versão de papelão de Sandy em tamanho real feita pelos amigos para a formatura dela; e a mais recente, quando convenceu o marido a dançar Vai ter que rebolar para abrir a pista de dança do casamento. ;Diferentemente de outras pessoas que cresceram e foram gostar de outras coisas, eu continue gostando de Sandy e Junior enquanto ia amadurecendo. Foi muito simbólico dançar uma música deles no meu casamento;, afirma. ;Acompanho desde sempre e acho que é algo muito verdadeiro e genuíno, que me remete a uma época muito boa;, completa sobre o fascínio pela dupla.
Assim como boa parte dos fãs, Carolyna passou por uma saga para garantir a presença no show. ;Fiquei muito ansiosa e decepcionada que ia ser no Nilson Nelson. Eu e uma amiga dormimos na fila on-line para conseguir o ingresso. Acabamos não conseguindo o que queríamos. Até que fomos às 7h da manhã para o Ulysses Guimarães e, mesmo assim, não conseguimos. Só quando mudou para o Mané Garrincha foi que pude garantir a área premium, antes eu tinha conseguido apenas cadeira inferior;, revela.
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