postado em 21/07/2019 04:07
Totalmente animado em 3D, feito em plataforma hiperrealista, o curta em realidade virtual O sumidouro de Ágreda ; ;um produto 100% brasiliense;, como ressalta o diretor Márcio Moraes ; forma a dupla de filmes locais selecionados para a 27; edição do AnimaMundi, com a etapa carioca a ser encerrada hoje e com a programação paulistana a ser iniciada na próxima quarta-feira.
Ao lado do curta do diretor Márcio Moraes, na verdade um segmento de projeto de longa em desenvolvimento, está outra produção com origem em Brasília: Xingu, o rio que pulsa em nós (fruto do Instituto Socioambiental, ISA, que agrupa parte da sociedade civil nacional), com direção de João Maia, e criado numa ponte integrada em Brasília, Altamira (Pará) e São Paulo. ;O filme trata de um direito fundamental: a garantia da vida de povos indígenas e ribeirinhos que vivem em uma região única no mundo: a Volta Grande do Xingu. Para isso, é essencial que o hidrograma e consenso sejam revistos e seus testes cancelados;, observa Biviany Rojas, advogada do ISA.
No âmbito da mostra competitiva de realidade virtual do Anima Mundi, O sumidouro de Ágreda trouxe cinco meses de trabalho para a equipe. Lidando com resolução em 4K, o filme consumiu 12 dias para a compactação das imagens e a mistura de dados que trouxe o aspecto final no acabamento. Modelagem, cenário e animação exigiram quatro meses. O orçamento foi de R$ 55 mil, e veio via FAC (Fundo de Apoio à Cultura do DF) e do Fundo Setorial da Ancine. ;Competiremos com muitos títulos internacionais, donos de muito mais verba do que a gente. Ser selecionado é grande vitória. É um filme que agrada bastante ao público. Estamos em rol que traz títulos premiados internacionalmente;, comemora Márcio Moraes.
Na fita, há apresentação de trama em intramundo ; ;como se no interior da Terra, tipo ;viagem ao centro da terra;;, conta Moraes. Mais de 15 anos dedicados à animação, formação em cinema na França e experiências como professor no Iesb renderam inspirados momentos para o cineasta que tem 54 anos, e é primogênito do reconhecido diretor Geraldo Moraes, morto em 2017. Dentro de um elaborado universo, criado em roteiros desde 2013, o filme, sem violência, tem como meta o público juvenil.
Primeiro capítulo do projeto sob o nome de Na terra dos Ekitumans, O sumidouro de Ágreda coloca o espectador como agente ativo da trama: na pele do personagem central (uma moça), o público faz passeio, a partir da experiência de um sequestro em que Elias (um barqueiro) poderá ajudar, na rota de fuga para espécie de calabouço.
;Não tem discos voadores, neste planeta habitado por seres fantásticos. Nosso cenário é enorme, e você fica dentro de uma caverna gigantesca; para qualquer lado que olhar, você está no ambiente do filme. A sensação é de tela muito maior do que a do cinema ; você imerge no filme. Com uso de óculos, a experiência melhora. Hoje em dia, com um filme em computador, você coloca os óculos e assiste;, comenta o diretor Márcio Moraes. Grosso modo, O sumidouro de Ágreda ; desenvolvido para uma experiência individual de imersão ; contempla viés crítico relacionado à ecologia. ;Os ekitumans dominam a gente, como nós, homens, temos dominado os animais. Em trabalhos forçados e lavoura, os homens são usados na construção de uma crítica sutil, sem moral da história;, conclui.
Duas perguntas /João Maia
Quais as maiores dificuldades,ao elaborar aspectos artísticose de produção do curta Xingu, o rio que pulsa em nós?
O maior desafio nesta produção foi transformar a enorme e relevante pesquisa que os indígenas Juruna (Yudjá), em parceria com o ISA e Universidade Federal do Pará, conduzem sobre o tema em um filme curto, tocante, potente, capaz de gerar engajamento e convidar o público para atuar como parceiro numa luta fundamental.
Que relevância tem a seleção para o AnimaMundi?
Conseguir que uma mensagem tão urgente, relevante e necessária chegue a público por meio do AnimaMundi é de essencial importância para ampliar o alcance desta luta.