postado em 28/07/2019 04:07
A volta da civilidade e do patriotismo
;O Conselho Especial da Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT) julgou, na terça-feira (23), a constitucionalidade da Lei n; 6.122, de 2018, que obriga as escolas públicas e privadas da capital, a incluírem a disciplina Educação Moral e Cívica na grade curricular do ensino infantil e fundamental. O texto, de autoria do ex- Distrital Raimundo Ribeiro, resgata um conteúdo ministrado em dois regimes autoritários brasileiros, li no jornal esta semana. Segundo a notícia, o ex-deputado justificou: ;A disciplina não quer catequizar, mas, sim, estimular a reflexão do pensamento voltado aos valores éticos e morais;.
Se os leitores têm boa memória, há quase 17 anos clamo pela volta da disciplina Educação Moral e Cívica nas escolas colocando essa medida, como a única chance de resgatarmos, junto aos jovens e aos adultos, a palavrinhas mais simples e que deveriam ser recorrentes na vida dos pais de família, dos filhos, dos irmão, dos amigos, dos alunos e professores: Educação, Civilidade, Respeito, Civismo, Patriotismo.
Já escrevi aqui que, até hoje, não entendo quem foi o gênio e a sapiência que, numa canetada desastrosa, aboliu essa disciplina do currículo escolar. Entendo, menos ainda, a associação da exigência dela junto ao português, matemática, ciências, história e geografia, como sendo uma medida ;oriunda do regime autoritário;.
Minha veemência diante de tal disparate e falta de conhecimento por parte de quem pensa assim tem uma explicação séria e consciente: fui professora dessa matéria e de outra, que se chamava Organização Social e Política Brasileira (OSPB) , durante cinco anos. Eram aulas antológicas.
De um tempo em que, quando o professor entrava na sala de aula, os alunos se levantavam e cumprimentavam o mestre com sonoro ;Bom dia;. Como dei aulas num colégio religioso, nossa saudação era: Ave Jesus! e os alunos respondiam: ;Ave Maria!” Só para ilustrar e transmitir a certeza de que havia respeito entre alunos e professores, a ;mestra; aqui era ;uma menina; de apenas 19 anos, devido ao fato de estar cursando direito na universidade.
No meu caso, professora das duas matérias imprescindíveis para a educação e ;estímulo do pensamento voltado aos valores éticos e morais;, após a sonora e sorridente saudação matinal, as alunas permaneciam de pé, pois nossas aulas só começavam com o Hino Nacional Brasileiro, em posição respeitosa, diante da bandeira que, a cada semana, uma das alunas era encarregada de colocar no alto do quadro negro. Elas disputavam, honradas, essa tarefa. Por isso, revezavam.
No lugar do alegre ;Bom dia, professor; o que esses heróis enfrentam? Falta de respeito, agressões e pancadarias, demonstrações de violência e até pornografia em sala de aula, quando não agridem fisicamente aqueles que estão alí, ganhando uma miséria, com salários atrasados, para tentar levar um mínimo de cultura e conhecimento a verdadeiros vândalos, que destroem o patrimônio público, rabiscam carteiras e quebram vidros, deixam o chão e o pátio como uma pocilga, crescem sem a menor noção do que é respeitar os superiores, os mais velhos, à família, os idosos, os trabalhadores que lutam por dias melhores. Não estou citando nada novo. Basta abrir os jornais e prestar atenção ao noticiário das TVs.
É isso que querem para as futuras gerações? Ser educado, respeitador, civilizado, patriota, ético, verdadeiros cidadãos é viver sob a chibata da ditadura? Que mentalidade tacanha e involuída! É o mesmo que se julgarem brucutus, dos tempos das cavernas. Aliás, é só uma imagem. pois naquela civilização, segundo conta a história, existia respeito às famílias e aos chefes dos núcleos de cada região. Assim como no mundo animal também. Para eles, os ;irracionais; família, mãe e pai são tudo e merecem respeito..
Que triste pensar que de 30 a 40 anos para cá, pais e mestres já não receberam, nos bancos escolares, essas noções todas, que os transformariam em seres humanos do bem.
Com exceções, é claro, hoje o bonito é ser valente, invadir patrimônio alheio, queimar máquinas e ferramentas de quem trabalha com elas, destruir casa, matar o gado e incendiar lavouras, quebrar tudo para se divertir e preencher o tempo.
Isso porque a falta de discernimento e de doutrinação sobre cidadania, banidas do currículo, não os ensinou, desde os bancos escolares, o que o romano Enec Domitius Ultpianus pregava, antes de Cristo:
;Honeste vivere: viver honestamente; Alterum Non laedere: Não lesar a outrem; Suum Cuique Tribuere: Dar a cada um o que é seu;.
Pergunto a todos: o sábio romano vivia sob a pressão de uma ditadura? De ;um regime autoritário?; Não! Antes de Cristo ele já nos ensinava como devemos passar por esse mundo. Como seres humanos, é claro!
O que será do mundo sem o controle da educação, do civismo, do respeito à pátria e à família e ao patrimônio, da civilidade, da solidariedade e do respeito mútuo?