Elizeu Chaves Jr - Especial para o Correio
postado em 30/07/2019 06:33
Nova York ; Aberto em 1891, o Jardim Botânico de Nova York, um dos maiores do mundo, se notabiliza pela paisagem e jardins, pela coleção e, principalmente, pelo alcance de programas e iniciativas de educação e ciência.
Localizado no Bronx, em meio a um desfiladeiro cortado por rochas e a uma antiga floresta, o Jardim Botânico abrange 50 jardins e coleções especializadas que compreendem mais de um milhão de plantas em espaços como o Nolen Greenhouses for Living Collections e o Enid A. Haupt Conservatory, uma notável estufa em estilo vitoriano.
É, aliás, nesse espaço onde se encontra o segundo maior herbário do mundo, com 7,8 milhões de espécimes de plantas, representando todos os grupos de plantas e fungos do planeta, e uma das principais bibliotecas de botânica, com mais de 11 milhões de itens de arquivo abrangendo 10 séculos. O Jardim Botânico funciona, portanto, como um repositório de espécimes raros e um centro de pesquisas em botânica.
Esse verdadeiro oásis de preservação e promoção do meio ambiente abriga, até 29 de setembro, a imperdível exposição Brazilian Modern: The Living Art of Burle Marx sobre a obra do arquiteto e paisagista brasileiro. Trata-se da maior exposição botânica já realizada pelo Jardim Botânico de Nova York.
Nascido em São Paulo e radicado no Rio de Janeiro desde a infância, Burle Marx (1909 ; 1994) é internacionalmente reconhecido, e a mostra é uma grande celebração do legado do brasileiro, cujo trabalho foi muito além dos icônicos projetos paisagísticos. Ao longo de sua extensa carreira, Burle Marx criou mais de 3 mil projetos, incluindo parques e jardins públicos, espaços privados e intervenções urbanas, incluindo o icônico calçadão de Copacabana com pedras portuguesas que aludem às ondas do mar.
Ao longo da exposição, é possível ao visitante conhecer mais sobre a vida e inspiração do artista e testemunhar em diferentes galerias e jardins espécies de plantas que fizeram parte do repertório utilizado pelo artista em várias empreitadas ao longo de sua vida.
Com esmero em contextualizar o trabalho de Burle Marx e a cuidadosa exposição de plantas, integradas ao ecossistema do Jardim Botânico, estão presentes, ainda, obras de arte, pintura, cerâmica e tapeçarias que atestam o espírito criativo, as diversas habilidades e a curiosidade marcantes no artista em seus inúmeros projetos. O elemento interativo também está presente e visitantes podem, por exemplo, simular o desenho em azulejo, seguindo os traços e inspirações de Burle Marx, e deixar sua ;contribuição; publicamente exposta.
Curadoria
Nos amplos e imersivos jardins, destacam-se plantas nativas do Brasil e elementos de design que incluem palmeiras, cicascos, bromélias e várias outras espécies. Mais que impressionar pela estética, as criações de Burle Marx, como enfatiza Edward Sullivan, da curadoria da exposição, provocam um tipo de reação emocional. Na mostra é destacada também a trajetória do artista, que fez expedições internacionais de pesquisa em várias regiões do Brasil e do mundo, inclusive no cerrado.
Está presente também a história da criação do sítio Roberto Burle Marx em Barra Guaratiba no estado do Rio de Janeiro, o qual funcionou como estúdio e espaço de conservação e serviu de polo para receber pesquisadores e artistas de todo o mundo, constituindo-se atualmente em um museu.
Seguindo a missão do próprio Jardim Botânico, a exposição de Burle Marx contribui para visitantes apreciarem e respeitarem a riqueza contida na biodiversidade e reconhecer o papel essencial do ecossistema para o bem-estar humano. É um chamado para que atuais, novas e futuras gerações possam usufruir do planeta de maneira sustentável.