Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Chico Simões percorre escolas do DF com espetáculo de mamulengo

Reaver a identidade cultural do país é um dos objetivos de Chico Simões com a aula-espetáculo em escolas

Cultura popular. Manifestações produzidas por uma comunidade, sociedade, região que as caracterizam. Capoeira, cordel, samba, frevo, carimbó e carnaval são algumas destas expressões culturais típicas do Brasil. Em 2015, uma destas manifestações foi reconhecida, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como Patrimônio Cultural do Brasil: o mamulengo. Apesar de o teatro de bonecos ser uma arte bastante popular no mundo, nosso mamulengo advindo do Nordeste tem suas particularidades e se diferencia em alguns aspectos dos demais.

Chico Simões, mestre mamulengueiro brasiliense, inicia hoje o projeto O mamulengo na educação patrimonial, cujo objetivo é discutir a arte do mamulengo e sua importância na cultura brasileira. O artista vai passar por escolas e espaços públicos do Distrito Federal apresentando uma aula-espetáculo, recheada de diversão e ensinamentos. ;Para além de divertir o público, é chegado o momento que precisamos dar informações a eles;, conta o artista ao Correio.

De acordo com o mamulengueiro, o país está sofrendo uma crise de identidade. ;Tenho a sensação de que em vários lugares as pessoas estão à deriva, não sabem de onde vieram. Quando não se sabe de onde vem, não sabemos quem a gente é;, destaca Chico. ;Sem identidade cultural, não há respeito, não conhece a si mesmo nem o próximo. Por isso essa sensação de desamor tão grande e cada um por si;.

Característico do Nordeste, o mamulengo traz na essência personagens com tipos sociais diferenciados, todos presentes na raiz de nossa cultura. Feitos basicamente de madeira e tecido, há os bonecos do patrão, empregado, o camponês que foi para a cidade, o indígena, e muitos outros que representam bem diversos indivíduos do Brasil. Outro ponto importante no espetáculo de mamulengo é a interação com o público. ;A comunicação direta com o espectador é importante. A história pode mudar de acordo com a participação deles, é muito improviso. E, apesar de (o mamulengo) ser uma tradição, nós falamos da atualidade;, diz Chico Simões.

Outras expressões culturais se juntam ao mamulengo, o que torna o espetáculo ainda mais a cara do país. O forró, o frevo, música baiana, ritmos africanos, todos se misturam com essa arte, tornando o mamulengo único em relação aos demais teatros de bonecos mundo afora.

Mestre

Chico Simões é o responsável pela criação do Mamulengo Presepada. O grupo atua há mais de 30 anos na capital federal e em outros estados fomentando a arte, principalmente a do teatro de bonecos. ;Eu nasci em Brasília, mas minha família veio do Nordeste. Nos anos 1980, resolvi viajar para lá, fui de carona mesmo. Lá entrei em contato com essas tradições, mas foi em Brasília que comecei a trabalhar com o teatro de bonecos;, lembra o artista. ;Meu mestre, Carlos Babau, fez um espetáculo de mamulengo e eu fiquei impressionado. Era divertido e muito prático, precisava só de uma mala para guardar os bonecos e com isso poderia viajar para vários lugares;.

Viajou e fez residência com vários mestres mamulengueiros em diversos cantos do país, quando voltou a Brasília, quis organizar os bonequeiros que por aqui estavam. ;Eu prezo muito por esse lado coletivo. Juntos, a gente pode se fortalecer e contribuir na formação de outros bonequeiros;, ressalta Chico. ;Se não transformarmos o mamulengo, ele morre. Para que se mantenha vivo como tradição, tem que haver transformações, adaptar ao novo público e aos novos tempos. Passar para frente e enriquecer ainda mais essa arte;, finaliza.

*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira


Programação


;Centro de Ensino Médio 304 (Qs. 304, cj. 4, lt 1, Samambaia). Hoje, às 13h15. Entrada franca. Classificação indicativa livre.

;Centro de Ensino Fundamental 1 do Varjão (Q. 7, cj. D, AE, Varjão). Amanhã, às 9h. Entrada franca. Classificação indicativa livre.

;Invenção Brasileira (Qsb 12/13, lj. 5, Mercado Sul de Taguatinga). Dia 9 de agosto, às 19h. Entrada franca. Classificação indicativa livre.

;Espaço Cena (205 Norte, lj. 5). Dia 10 de agosto, às 14h. Entrada franca. Classificação indicativa livre.

;Biblioteca Braille Dorina Nowill (CNB 1, AE, St. Central, Taguatinga Centro). Dia 12 de agosto. Entrada franca. Classificação indicativa livre.