postado em 01/08/2019 04:08
Como recebeu a homenagem feita pelo 10; Festival Internacional de Cinema e Alimentação?
Com surpresa, pelo fato de o cinema não ser meu foco diário no Correio. Na minha atividade, a gente fica sempre atrás das câmeras. Nunca na frente; todos nós, repórteres, colunistas, não nos postamos diante dos holofotes. Surpreende-me subir ao palco e ser homenageada. Pertenço à editoria de Cultura, e a gastronomia faz parte das artes culinárias. Meu ponto de ligação com o cinema vem justamente pelo slow food. O slow food, que é um movimento surgido na Itália, foi criado por um jornalista, Carlo Petrini. Ele desenvolveu o conceito em oposição ao fast food. Lá, havia a preocupação com a invasão do hábito de comer errado do americano. Diante de uma loja do McDonald;s instalada em Roma, num lugar histórico, maravilhoso, foi feito um bombástico protesto que marcou o nascimento do slow food.
O que fundamenta o slow food?
Ele se afirma no tripé ;bom, limpo e justo;. As regras do slow food são muito simples: trata-se de lidar com o alimento puro, e com comida feita com ingredientes que cresçam num raio de até 100km da área de consumo. Você não traz alimento que cresceu lá na ;caixa prego; (num lugar distante). Na sua cercania é que estão os alimentos. Daí vem o terroir, a questão da pureza de solo, e ainda há o padrão de ter sido cultivado por pequenos produtores. O foco econômico está na agricultura familiar. A palavra que amarra tudo se chama sustentabilidade. Com base nisso, quase todos os países de Primeiro Mundo abordam o tema por meio de vídeos, depoimentos e documentários. Eles integram o pacote da seleção do festival.
Há boa difusão do slow food no DF?
Há um grupo muito consciente que busca alimentos produzidos por pequenos agricultores locais. Você vai numa feira como Ceasa, e comprova isso. Cada vez está mais expandido. Há filme e registro em livro de receitas do movimento slow food. Os propagadores do slow food idealizaram o projeto Cerrado no prato, que hoje é uma realidade. Livro de receita com este nome está disponível na internet. Sempre afirmo que a comida de um país é feita com o que nasce nele. Isso é tão curioso e interessante que, no Oriente Médio, numa área disputada por duas etnias, árabes e judeus, eles compartilham a mesma gastronomia. Os pratos têm nomes diferentes, mas os ingredientes são os mesmos.