Diversão e Arte

Ney Matogrosso é o destaque de domingo do festival CoMA

Ao Correio, o cantor adianta que o show Bloco na rua, que apresenta neste domingo, será lançado em DVD

Irlam Rocha Lima
postado em 04/08/2019 06:00
Ney Matogrosso
Ao longo da carreira, Ney Matogrosso esteve em Brasília com todos os seus shows. A única vez que se apresentou fora de ambientes fechados ; teatros e casas de espetáculo ; foi na década de 1980, no Parque da Cidade. Agora, ao retornar à capital, na condição de grande estrela do Festival CoMa, ele vai cantar em palco instalado no gramado do Complexo Cultural da Funarte. Ney está na estrada com a turnê de Bloco na rua, projeto que, em maio último, superlotou o auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães e levou a plateia ao delírio. Neste show, acompanhado por banda poderosa, ele recria clássicos da obra de ícones da MPB, como Raul Seixas (A maçã), Caetano Veloso (Como 2 e 2), Milton Nascimento (Coração civil) e Chico Buarque, autor da versão de Yolanda, do cubano Pablo Milanés.

Na terceira edição, o CoMa surge como um dos maiores eventos artísticos no circuito dos grandes festivais no país. A diversificada programação de shows, aberta ontem, volta a movimentar espaços localizados no Eixo Monumental ; Funarte, Clube do Choro, Planetário e Tenda Conexões ; domingo (4/8), a partir das 16h. O line up traz outros destaques da nova cena musical brasileira, entre eles, Liniker e os Caramelows, Djonga, Hodari, 2Dub, Luedji Luna, Fresno, Francisco, El Hombre, além do veterano Odair José, que é convidado da banda brasiliense Joe Silhueta. Eles se apresentam no gramado da Funarte.
Confira aqui os horários dos shows do CoMA

Liniker e os Caramelows, outra das atrações de domingo do CoMA, apresenta um show inédito na capital federal. Depois de passar pela cidade em algumas oportunidades com a turnê de Remonta, o grupo chega com o show inspirado no álbum Goela abaixo, lançado em março deste ano. ;A gente circulou bastante com a nova turnê e é muito gostoso fazer a apresentação deste show num festival. No Goela abaixo, têm momentos bem contemplativos, mas também aqueles espaços e músicas para se jogar. Acabamos de voltar de uma turnê na Europa e o reencontro com o público daqui com certeza vai tornar essa estreia em Brasília ainda mais especial;, define Liniker.

Primeira vez

Banda Francisco, El Hombre

Francisco, El Hombre, banda que tem como proposta a fusão de integrantes e sonoridades do Brasil e do México, traz à cidade show que tem por base o set list do álbum Rasgscabeza, lançado no primeiro semestre, e tem músicas como Chama adrenalina gasolina, Chão teto parede pegando fogo e Manda bala fogo não preciso de você. ;Será a primeira vez desse show em um festival, o que é interessante, porque há outras bandas participando e botando para ferver;, destaca Matéo Piracés-Ugarte, um dos integrantes do grupo.

Litieh, Paula Zimbres, Daniel Santiago e Quarteto Union ocupam o palco do Planetário; Elefante, Adriah, Marlene Souza e Pedro Luís ; com o show Vale Quanto Pesa, em homenagem a Luiz Melodia ; mostram seus trabalhos no Clube do Choro; enquanto Beatriz Águida, Realleza, Vavá Afiounbi, Karla Testa e o colombiano Dionísio podem ser ouvidos na Tenda Conexões.

Brasiliense radicado em São Paulo, o violonista e guitarrista Daniel Santiago vai aproveitar a participação no CoMa para lançar Union, o novo CD de músicas autorais. ;Este é um trabalho que tem como referência a sonoridade do Clube da Esquina. Duas das músicas são Terra molhada, só minha; e A barca, que compus em parceria com Pedro Martins;, anuncia. ;O Pedro e mais Frederico Heliodoro (baixo) e Sérgio Machado (bateria) estarão em minha companhia no show do CoMa.

Colaborou Adriana Izel


Entrevista/Ney Matogrosso


Ney MatogrossoO Bloco na rua, na estrada desde janeiro, repete o sucesso de Atento aos sinais, o show da turnê anterior?

Com o Atento aos sinais bati o recorde de permanência em cartaz, pois viajei com a turnê durante cinco anos. Sinceramente, não imaginava que o Bloco na rua viesse a repetir o sucesso. Mas, para minha surpresa, desde a estreia, aqui no Rio de Janeiro, para a minha surpresa, tudo vem ocorrendo novamente. Para se ter ideia, estive três vezes em São Paulo e Porto Alegre e fiz o show o mesmo número de vezes no Rio. Estive em todas as capitais do Sul, fui a Belo Horizonte, Salvador e Brasília, para onde estou voltando. Agora, no segundo semestre, vou fazer o Norte e o Nordeste e devo ir à Europa.

Como tem sido a reação das pessoas em relação ao show?

Fico impressionado como, em todos os lugares, a plateia participa com entusiasmo dos shows, fazendo coro para a maioria das músicas. Me chama a atenção o fato de que, em cidades de público mais conservador, há um silêncio quando interpreto A maçã, do Raul Seixas, que traz erotismo na letra. Em outras, onde há uma maior liberação, as pessoas explodem em aplausos. Tem sido lindo também a reação da plateia quando canto Yolanda, a belíssima versão de Chico Buarque para a canção do cubano Pablo Milanés.

Em Brasília você se apresentou há três meses, num local fechado, o Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Agora vai cantar em um espaço aberto. Isso modifica o comportamento dos espectadores?

Totalmente. Até porque as pessoas não estarão sentadas e poderão se soltar e dançar, pois o show leva a isso. Pude verificar essa reação quando me apresentei num parque, em Santa Catarina.


Inclassificáveis, Beijo bandido e Atento aos sinais, seus últimos CDs e DVDs, foram o registro de shows que você vinha fazendo. Isso vai ocorrer com este novo projeto?

Esta é uma ideia que tenho levado adiante desde 2008, quando lancei o Inclassificáveis. Isso voltou a acontecer com o Bloco na rua, que gravei há 20 dias, sem público, num teatro em São Paulo, com direção de Felipe Nepomuceno, com quem venho trabalhando há algum tempo. Só depois da mixagem do som é que podemos marcar data para lançamento.


Qual é a sua visão do momento que o país está vivendo, marcado pela intolerância?

O que tenho visto é algo revoltante. Isso, de alguma forma, tem sido estimulado pelas atitudes e declarações do presidente eleito pelos brasileiros. Como é que pode a autoridade máxima do país ser tão desrespeitoso com parte da população e até com pessoas que já estão mortas, como o pai do presidente da OAB?

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