postado em 17/08/2019 04:08
Rosana Brown, 47 anos, bem que tentou não se tornar cantora, mas a música a puxou pelas mãos há 12 anos. O estalo foi a morte do pai, um multi-instrumentista, que sempre a incentivou a seguir seus passos. ;Ele tocava vários instrumentos. Trompete, teclado, violão. Quando viemos para Brasília, eu tinha repugnância à música, porque meu pai sempre tocou e era paupérrimo. Eu não queria ser pobre a vida toda. Eu cantava nas festas de família e meu pai insistia comigo. Até que, quando meu pai faleceu, tomei isso como propriedade. Apossei-me dos instrumentos e dos song books dele. Ele, infelizmente, que insistiu tanto, não viu. Mas peguei forte com a música e está aí, está acontecendo;, comemora.
Na noite da última quinta-feira, a carioca, radicada em Brasília, virou a cadeira de Michel Teló durante o último dia de audições às cegas do The voice Brasil, se tornando a única representante brasiliense da oitava temporada do reality show da Rede Globo. Penúltima a se apresentar no programa, Rosana cantou o samba Mais quem disse que eu me esqueço, de Dona Ivone Lara. Canção um pouco destoante do repertório característico da artista, que costuma cantar jazz, pop internacional e bossa nova nas apresentações pela cidade. Mesmo assim, ela diz: ;me apropriei da música, fui lá e defendi;.
A boa execução do samba garantiu a vaga na competição musical, sob elogios do sertanejo Michel Teló. ;Parabéns pelo que você traz e o que você representa, pela verdade que você traz no seu canto;, afirmou o técnico logo após a apresentação da artista, que segue para a próxima fase do programa, as famosas Batalhas, em que participantes do mesmo time se enfrentam para continuar na disputa e tem início na próxima terça-feira.
Essa foi a primeira edição em que a artista se inscreveu. Apesar de muitos amigos insistirem, ela conta que nunca tinha tido esse sonho. O motivo era o medo. ;É engraçado, porque todo mundo falava para me inscrever. Mas eu nunca tive vontade, porque se tem uma coisa que tenho medo é de me decepcionar. Quando você está sendo julgado e está em voga, você está suscetível à decepção;, analisa. Mas o tal medo foi superado no ano passado, quando ela resolveu se inscrever sem qualquer pretensão de passar. ;Três meses depois recebi o comunicado. Eu já tinha esquecido. Três meses depois fui saber que estaria no programa. Bem ou mal, estou nessa desde setembro do ano passado;, explica.
Rosana Brown se une ao time de brasilienses com passagem pelo The voice. Na primeira temporada, a cantora Ellen Oléria entrou no programa e se tornou a primeira vencedora do reality. Durante as sete temporadas, a atração teve nomes como Dhi Ribeiro, Nãnan Matos, Babi Ceresa, Gustavo Trebien, Gabriel Correa e Deborah Vasconcellos.
Trajetória
Apesar de ter ficado conhecida pelo Brasil todo ontem, a carreira de Rosana Brown é duradoura em Brasília. Quando tinha 35 anos, ela começou a cantar profissionalmente. Inicialmente, fazia voz e violão com repertório de MPB. Cansada da mesmice, assumiu um novo desafio, cantar pop internacional. ;Isso era muito novo na época. Só tinha o Emmerson Nogueira, que fazia isso profissionalmente. Desde então, fui me especializando em cantar música internacional de qualidade, que eu acho que é a mais antiga, dos anos 1980 aos anos 2000. Depois fui juntando com o jazz, que eu sempre gostei, com a bossa nova;, lembra.
Se consolidando no cenário, a cantora decidiu jogar tudo para o alto e mudar. Entrou para uma banda especializada em casamentos. Cantando apenas para os noivos e convidados, percebeu que não levava a música para todos, o que era o seu desejo. ;Eu gosto de mostrar o meu trabalho. Fui para noite de novo, comecei pequeninha, com voz e violão em restaurantes como Coco Bambu e Oliver e isso vai agregando pessoas que gostam da noite como eu. Nessa onda de fazer restaurantes, que é esse público mais requintado, já estou há cinco anos. Não saí da banda. Faço isso aliado aos restaurantes, que hoje são o meu trabalho;, afirma. Semanalmente é possível conferir as apresentações de Rosana Brown no restaurante Ticiana Werner. Ela é atração fixa às segundas, quartas e sextas-feiras.
Antes da vida musical, Rosana Brown teve diferentes trabalhos. Foi segurança, trabalhou no Metrô, no DER e o último emprego convencional foi em uma gráfica. ;Tudo que fui conquistando foi com muito sacrífico. Esses 12 anos me deram bagagem. Tudo é lição;, define.
*Colaborou Vinicius Nader