Diversão e Arte

Bruno Alpino, vocalista da Dona Cislene, investe na carreira solo

O projeto é paralelo ao grupo de rock

Adriana Izel
postado em 19/08/2019 06:10
O projeto é paralelo ao grupo de rock

Durante muito tempo, o compositor Bruno Alpino escreveu canções que iam diretamente para a gaveta. As músicas não se encaixavam na proposta da banda Dona Cislene, da qual ele é vocalista há mais de oito anos. Na virada de ano, o brasiliense resolveu se desafiar: tirou as músicas do armário para um projeto solo e paralelo ao grupo. ;De uns anos para cá, eu já vinha fazendo música. Sempre que fazia uma canção que não tinha a ver com a Dona Cislene, guardava, porque não se encaixava com uma banda de rock. Já com várias músicas, pensei: ;elas são legais, é um desperdício;. Falei que não ia mais me boicotar e fazer música independentemente de ser para a banda ou para a carreira solo;, conta.

Esse pensamento fez com que, em fevereiro, Alpino lançasse o primeiro single dessa nova fase, a faixa Talvez sem querer. Composta por ele e produzida em parceria com Ricardo Ponte, a canção tem como característica ser um trabalho acústico de voz e violão. No último dia 9, o artista divulgou a segunda música do projeto solo. Completamente diferente da anterior, veio Conversa com universo. Uma composição que bebe da sonoridade do hip-hop em suas batidas. ;Meu produtor Ricardo Ponte me ajudou muito. A gente foi trabalhando junto. O próprio beat foi ele que elaborou. Então vamos dizer assim que ele foi um segundo integrante no projeto;, revela.

Além do single divulgado nas plataformas digitais, Conversa com o universo, que faz uma referência a questionamentos profundos do próprio artista, chegou ao mercado acompanhada de um videoclipe lançado no YouTube. Dirigido, roteirizado e produzido por Noelle Marques, o vídeo traz uma outra interpretação da letra da música por meio de coreografia bolada pela dançarina Beatriz Fructuoso, que protagoniza o clipe ao lado de Luan Torres. Também há imagens de Bruno Alpino cantando e até arriscando uns passos de dança. ;Quando mandei a música para a Noelle, eu não fazia muito ideia do que ia acontecer. Ela estava com uma ideia e quando vi a coreografia, tive certeza de que ficaria bom. Ela conseguiu criar um significado da música. A interpretação dela era totalmente diferente de quando criei. Não foi um lance clichê;, analisa.

Versatilidade

Os dois lançamentos servem para mostrar que a carreira solo de Bruno Alpino seguirá caminhos completamente diferentes, algo que ele, de fato, busca. ;Acho que, no momento quando você para para pensar a música, todos os outros gêneros, funk, sertanejo, música eletrônica estão se misturando, indo para o centro para pegar sua fatia do bolo do pop. O roqueiro tem uma maneira de se segregar. Eu não penso dessa forma e, por muito tempo, fiquei com medo de falar isso. Acho que o roqueiro tem que se misturar mesmo. Eu acho que tanto no meu projeto solo quanto nos projetos da Dona Cislene, a gente vem para quebrar isso. Sem pensar se é rock, se tem influência de MPB, do pop. O importante é ter uma verdade;, comenta.

Sobre o que o público pode esperar dos próximos lançamentos, ele diz: ;Eu tento rotular o mínimo possível. Não quero rotular justamente para não me prender a um gênero e ficar refém a dele. A primeira música é um acústico com voz e violão, agora é mais um pop, um beat, coisas mais digitais. Talvez a próxima venha um reggaeton, um rock, não tem uma linha a se seguir;. Ao Correio, Bruno Alpino adianta detalhes do terceiro single. Sem revelar o nome da canção, ele conta que é uma parceria com o rapper Disstinto, que deve ser divulgada em outubro: ;É uma nova proposta. Somos muito amigos e será uma mistura de gêneros, já que ele veio do rap e eu do rock;.

Em meio à carreira solo, Bruno Alpino também trabalha com a Dona Cislene. Além da agenda de shows, a banda prepara um novo trabalho para setembro, que será lançado por blocos. ;Nunca estive numa fase tão corrida em toda a minha vida. Minha cabeça está muito doida. É uma correria positiva;, completa.

; Duas perguntas // Bruno Alpino

Como é assumir essa carreira solo depois de tanto tempo de banda?
A gente toca junto desde muito pequeno na Dona Cislene. A partir de agora, estou assumindo essa cara, essa vontade que eu tinha há muito tempo. Estou muito feliz mesmo. Pela primeira vez, eu consigo enxergar o propósito de cada projeto, não acho que um atrapalhe o outro. Ambos conseguem se ajudar. Às vezes estou compondo para o solo e acabo levando referência para a Dona Cislene, e vice-versa. Eu precisava disso.

Você já pensa sobre como será um show do projeto solo?
Isso é uma coisa muito louca, porque estou numa correria muito grande. Ainda não consegui parar para pensar em um show solo, até porque tenho só duas músicas gravadas. E, justamente, porque as duas músicas são diferentes... Gosto muito dessa ideia de teatro, pelo menos no início. A banda tem muito um lance de energia, de precisar de um som alto, de mostrar a força por trás da música. Meu projeto solo é mais intimista. Então tenho muita vontade de explorar coisas que nunca consegui com a banda, de repente a galera estar sentada, misturar com uma cenografia, com algo mais teatral. Realmente decorar o palco.

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