postado em 04/09/2019 04:08
O cantor e compositor carioca Maurício Baia é um artista eclético. Embora o rock;n;roll esteja na base de sua formação musical, ao longo de 25 anos de carreira, ele demonstrou familiaridade com outros estilos, entre os quais o reggae, a MPB e ritmos nordestinos. Lançou 10 discos e participou de projetos diversos ao lado de companheiros de ofício.
Radicado há dois anos em Nova York, em seu novo disco ele homenageia um dos grandes ícones da música em todo o mundo, o cerebral poeta norte-americano Bob Dylan. Esse trabalho propõe a fusão do rock com a bossa nova. Não por acaso o álbum, recém-lançado nas plataformas digitais e no formato físico, recebeu o título de Baia Bossa Dylan.
Gravado parte no Rio de Janeiro e parte em Nova York, o disco, produzido e arranjado por Sandro Albert (conhecido por ter seu nome ligado a projetos de Milton Nascimento, Toninho Horta, Lenine, Rod Stuart, Dionne Warwick e Paty Austin), conta com a participação de músicos brasileiros e estadunidenses.
Que avaliação faz dos seus 25 anos de carreira?
Foi uma carreira ininterrupta e já temos uma estrada até aqui. Tenho na memória uma infinidade de lugares, palcos e pessoas que fizeram parte dessa história comigo. Desde a minha banda Baia e RockBoys, até esse novo álbum, participei do 4 Cabeça, que foi um encontro de compositores, cujo CD foi premiado com o Premio da Musica Brasileira de 2010; criei em parceria com Gustavo Macacko, Gabriel O Pensador e Alex Lima o Bloco Bleque, com o qual fizemos turnês internacionais e outros projetos e participações para além da minha carreira solo. Logo, são 25 anos de projetos musicais. Com o Baia Bossa Dylan sendo o mais novo passo.
Nos 10 discos que lançou anteriormente, você foi da MPB ao reggae. Com qual estilo tem maior identificação?
Eu gosto de muitos estilos e não vejo problema em mistura-los. Muitas vezes começo pela letra e então penso na ambiência que ela será melhor representada. A formação da banda que me acompanha é de rock e os estilos com os quais mais me identifico são mesmo esses: rock, reggae, MPB e regional.
O fato de estar radicado em Nova York contribui para que buscasse a obra de Bob Dylan para realizar o projeto Bossa Dylan?
Na verdade, o projeto começou no Rio, por acaso. Estava dedilhando o violão e comecei a cantar Youre` a Big Girl Now em samba canção e depois da terceira estrofe eu vi que havia achado algo ali. As baladas do Dylan, com numerosas estrofes, melodicamente iguais e com letras dignas do Premio Nobel de Literatura geraram um clima de relax music e narrativas imagéticas. Chamei o meu amigo Igor Eça, filho do Luiz Eça (Tamba Trio) para tocar comigo em meu estúdio, e nos certificamos de que a alquimia era válida de ser experimentada e posta pra frente. Foi aí que o projeto e a minha vida começaram a se direcionar para cá!
Qual era sua relação com a música de Bob Dylan?
Desde muito novo, 16 anos em diante, eu tocava em bares. Comecei com canjas ,e o repertório com o qual eu me identificava era o dos roqueiros nordestinos (Raul Seixas, Alceu Valença, Zé Ramalho e outros) e o Bob Dylan era uma das referências destes e que me caía bem ao cantar. Eu tinha facilidade pra cantar letras rápidas e logo tive despertada curiosidade por seus textos musicados. Comecei a aprender inglês tentando entender o que ele dizia e ao longo dos anos a minha admiração pela obra dele foi crescente. Fui a quatro shows dele e admiro a forma como segue produzindo continuamente e se apresentando ao redor do mundo, mesmo com seus 78 anos de idade.
Baia Bossa Dylan
CD do cantor Baia com oito faixas. Produção independente. Preço sugerido R$ 24,90