Diversão e Arte

Romance de Ronaldo Costa Fernandes retoma vida de padre Antonio Vieira

Livro reconstitui trajetória do padre entre 1653 e 1661

João Paulo Zanatto*
postado em 05/09/2019 06:30

Ficção histórica sobre o Brasil colonial perpassada pela figura do padre Antonio Vieira

O padre Antônio Vieira foi um personagem brilhante da literatura brasileira do século 17. O eclesiástico, natural de Lisboa, Portugal, aventurou-se e teve destaque nas terras brasileiras. É pegando esse gancho que o escritor Ronaldo Costa Fernandes lança a obra Vieira na ilha do Maranhão, nesta quinta-feira (5/9), às 20h, no auditório da Associação Nacional de Escritores (ANE).

O romance proposto pelo escritor nos transporta para os anos entre 1653 e 1661, período em que Padre Antônio Vieira passou por São Luís, no Maranhão. Apesar do padre ser um ponto-chave da obra, Ronaldo Costa Fernandes não se prende a biografia. O objetivo é reconstituir uma cidade colonial, tanto que apenas três personagens são reais: Padre Antônio Vieira, o jesuíta Bettendorff e o governador Pedro de Melo. ;Só esses três são reais, o restante dos personagens são fictícios. O padre não é o personagem principal, ele vai costurando as vidas dessa cidade (São Luís). O personagem central é o povo do Maranhão;, aponta o autor.

Ao longo de toda a trama, Ronaldo reconstrói o português falado no século 17 e a linguagem utilizada por Padre Antônio Vieira em suas cartas e sermões. Além da linguagem, a obra cerca o padre de personagens com a cara do Brasil dos anos 1600. O sapateiro visionário José Manuel Gordilho, pai de Luzia, cuja cabeça descomunal continua inchando em um elmo de ferro; o holandês Johannes van Basselar, que desertou da civilização europeia por amor a uma indígena; o mouro Omar Zaher, homem que, no alto de seus dois metros, sonha com a missão impossível de escrever um dicionário universal.

Vieira na ilha do Maranhão é fruto de uma intensa pesquisa, afinal, reproduzir o Maranhão do século 17 exige estudo. ;O livro demandou muita pesquisa. Li bastante os clássicos da literatura colonial, do Padre Bettendorff às cartas e sermões do Padre Antônio Vieira. Tudo isso me deu uma visão mais etnológica do panorama da época;, conta Ronaldo.

Ronaldo é natural de São Luís do Maranhão e radicado em Brasília há mais de 20 anos. Em sua jornada, desenvolve trabalhos como poesias, romances, ensaios e novelas. Tem em seu currículo premiados livros como A máquina das mãos (2009), ganhador do Prêmio de Poesia 2010 da Academia Brasileira de Letras (ABL), e o romance O morto solidário (1998), que deu ao escritor o Prêmio Casa de las Américas. Em 2018, o autor lançou o livro de poesia Matadouro de vozes e, mais recentemente, o romance O apetite dos mortos.

Vieira na ilha do Maranhão
De Ronaldo Costa Fernandes. Lançamento do livro. Com palestra do autor, no Auditório Cyro dos Anjos da Associação Nacional de Escritores (707/907 Sul, Bl. F, Ed. Escritor Almeida Fischer; 3242-3642). Hoje, às 20h. Preço do livro: R$ 50. Entrada franca. Classificação indicativa livre.
*Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco





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