Diversão e Arte

Zeca Pagodinho é a atração do último dia de Quinta Cultural do Na Praia

O cantor e compositor, que se apresenta nesta quinta-feira (5/9), conversou com o Correio. Confira

Irlam Rocha Lima
postado em 05/09/2019 06:40
Zeca Pagodinho: levando a bandeira do samba com muito amor e respeito

O Brasil tomou conhecimento de Zeca Pagodinho quando Beth Carvalho incluiu no disco lançado em 1983 Camarão que dorme a onda leva, samba que o então jovem compositor fez com Arlindo Cruz e Beto Sem Braço. Ela o descobriu ao ouvi-lo na roda de samba do tradicional bloco Cacique de Ramos.

Três anos depois é que Zeca lançou pela gravadora RGE o primeiro LP solo, que trazia seu nome no título. De lá para cá, o sambista, originário do subúrbio carioca, registrou seu trabalho em 23 discos, emplacou incontáveis sucessos e se transformou numa das principais referências do mais representativo gênero musical do país.

No dia 17 próximo, Zeca chega ao mercado e às plataformas digitais com Mais feliz, o 24; álbum, que traz 14 faixas, sendo 11 inéditas e três regravações. Uma delas é o Sol nascerá (Cartola e Elton Medeiros), que gravou em duo com a cantora Teresa Cristina, tema de abertura da novela Bom Sucesso, exibida na faixa das 19h da TV Globo. Outra é o clássico Apelo (Baden Powell e Vinicius de Moraes), com a participação do bandolinista brasiliense Hamilton de Holanda e o violonista gaúcho Yamandú Costa.

Entre as inéditas estão Dependente do amor (Xande de Pilares, Gilson Bernini e Brasil do Quintal) e a faixa-título, (parceria de Toninho Geraes e Paulinho Resende). No repertório, há sambas de Monarco, Nelson Rufino, Serginho Meriti, Marquinhos Diniz e Serginho Procópio ; esse, sambista da nova geração. A direção musical é de Rildo Hora a direção artística de Max Pierre e Victor Kelly. O projeto gráfico tem a assinatura de Gê Alves Pinto, com fotos de Guto Costa.

A última vez que Zeca esteve na capital foi em novembro de 2018, quando, ao lado de Maria Bethânia, apresentou no auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães o espetáculo De Santo Amaro a Xerém, parte da turnê que, durante mais de um ano, percorreu o país, obtendo grande repercussão.

De volta à cidade, Zeca é a última atração da Quinta Cultural do projeto Na Praia. O show será nesta quinta-feira (5/9), às 22h, e o ídolo sobe ao palco acompanhado por banda de 10 instrumentistas, liderada pelo violonista Paulão 7 Cordas. No repertório, estão reunidos sucessos como Judia de mim, Coração em desalinho, Brincadeira tem hora, Casal sem vergonha, Coração em desalinho, Verdade, Deixa a vida me levar e Vai vadiar, além da citada O sol nascerá e a inédita Enquanto Deus me proteja, parceria de Zeca com Moacyr Luz. Quem toca na abertura, às 20h, é o grupo brasiliense 7 na Roda.

Entrevista // Zeca Pagodinho


Quais os bambas que mais o influenciaram no início da carreira?

Eu gostava muito de escutar o pessoal da Velha Guarda. Sempre fui fã do Monarco, de Aniceto, do pessoal do Cacique de Ramos. Bebi muito nessas fontes.

Que avaliação você faz dessas três décadas de carreira?

Que deu certo, né? Eu não esperava nada disso, queria ver minhas músicas sendo cantadas por outros artistas nas rádios, mas aí veio a Beth Carvalho, minha madrinha, e me jogou no palco. Desde então, o Jessé virou Zeca Pagodinho.

Ser a principal referência do samba atualmente tem que significado?

Não sei se sou a principal, mas sei que tenho que ter muita responsabilidade com o trabalho. Aprendi isso com Bira Presidente (do grupo Fundo de Quintal), que temos que levar a bandeira do samba com amor e muito respeito.

Que importância teve dividir o palco com Maria Bethânia na vitoriosa turnê De Santo Amaro a Xerém?

Ah, estar com Bethânia foi muito bom. Eu escutava todos os discos dela na minha juventude, decorava as letras e os poemas. Nunca poderia imaginar que um dia dividiria o palco com ela. Foi muito bacana ter feito esta turnê.

O show que traz a Brasília comemorativo dos 35 de samba é o último desse projeto. Como foi recebido em outras cidades?

Com muito entusiasmo do público. Fomos sempre bem recebidos por onde passamos, não só no Brasil, mas também no exterior.

Mais feliz, o 24; álbum de sua discografia, chega num momento em que o país vive um momento estranho. O CD pode ser visto como um antídoto contra esse tempo de tanta intolerância?

Tomara! A gente está precisando de mais amor, de mais alegria, espero que este disco possa levar para as pessoas um pouco de cada uma dessas coisas.

Você canta no Mais Feliz, composições de mestres do samba, que têm gravado ao longo da carreira, como Monarco, Nelson Rufino, Serginho Meriti, Toninho Geraes, Marquinhos Diniz. É a turma da sua confiança?

Sim, são meus parceiros de décadas.

Ter Rildo Hora na direção artística lhe dá segurança?

Com certeza! Embora eu tenha tido antes discos de muito sucesso. O Rildo, assim como Max Pierre, foi um dos responsáveis pela virada da minha carreira a partir do Samba pras moças. Ele é um grande profissional.


Serviço

Zeca Pagodinho
Show do cantor e compositor e banda hoje, às 22h, na Noite Cultural do projeto Na Praia (Orla Norte do Lago Paranoá). Antes se apresentam o DJ Jonnes Veloso e o grupo 7 na Roda e depois o DJ Barata. Não recomendado para menores de 16 anos.


Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação