Irlam Rocha Lima
postado em 10/09/2019 06:30
De Chico Buarque a Mart;nália, de Gilberto Gil a Ana Carolina, de Maria Bethânia a Marisa Monte, de Gal Costa a Maria Gadú. É longa e eclética a lista de cantores, cantoras e instrumentistas com os quais o requisitadíssimo baterista e percussionista Marcelo Costa tocou em 45 anos de carreira.
Músico desde os 14 anos, quando passou a integrar o lendário grupo A Barca do Sol, que tinha o, hoje, imortal Geraldo Carneiro como componente. Dois anos depois Marcelo faria sua primeira gravação profissional no álbum Limite das águas, de ninguém menos que Edu Lobo, mestre da MPB.
Quando completou 25 anos de música, o baterista planejou lançar um disco, mas o projeto acabou sendo adiado. Agora, finalmente, para celebrar quatro décadas e meia de trajetória, ele lança Marcelo Costa ; Vol. 1, CD que reúne registros feitos em estúdio entre 1994 e 1999. Nesse projeto, pela primeira vez, Marcelo canta em algumas faixas. Uma delas, Na cadência do samba (Ataulfo Alves) ; a única gravada há dois anos ; ganhou clipe, com direção e fotografia de Batman Zavarese.
Entre as 12 faixas do 10 conta com a participação de convidados, entre eles Caetano Veloso (Feitiço da Vila Noel Rosa e Vadico), Gal Costa (Beija-me/ Roberto Martins e Mário Rossi), Adriana Cavalcanti (Do fundo do meu coração/ Roberto e Erasmo Carlos), Lulu Santos (Ela falava nisso todo dia/Gilberto Gil), Igreja da Pilar (Toninho Horta) e Boca Livre (Alegria/ Arnaldo Antunes).
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Marcelo Costa Vol . 1
CD com 12 faixas. Lançamento Biscoito Fino. Preço sugerido: R$ 24,90.
>> entrevista Marcelo Costa
>> entrevista Marcelo Costa
Em quatro décadas de carreira, quais foram
os momentos mais marcantes vividos por você?
A ideia inicial era lançar o disco para comemorar os 25 anos de profissão, mas acabou que ele só está saindo agora, que já tenho 45 anos de carreira. Em vez de dar uma festa, fiz esse disco. Foram muitos momentos marcantes, não teria como destacar apenas alguns. O que eu acho mais incrível é o fato de eu ter me tornado uma pessoa que faz parte da música brasileira, de alguma forma.
Entre os tantas cantores e cantoras
que acompanhou, com quem tem
uma maior identificação?
Identifico-me com muitas pessoas que já tive a alegria de acompanhar nesses 45 anos de carreira.
Quando fez os registros das músicas
já imaginava reuni-las num disco?
Quando eu comecei a gravar essas músicas, meu plano era fazer um disco. Eu não lancei antes porque tentei negociar com algumas gravadoras, mas elas não toparam. O plano, porém, sempre foi esse desde o inicio. Fazer um disco.
A escolha das músicas que estão no Vol. 1 foi sua.
Sim, a escolha do repertório foi minha. Algumas canções têm significado especial para mim, como Beija-me, uma música que eu ouvia na minha infância. Meus pais ouviam no disco da Elizete Cardoso com o Cyro Monteiro. Outras, eu escolhi pelo que dizem as letras, mas todas elas têm um significado muito forte dentro da música brasileira, além de serem muito bonitas.
Em a algumas faixas você canta.
Já havia vivido essa experiência
ao vivo ou isso ficou restrito a estúdio?
Eu cantei muito pouco na vida. No final do grupo A Barca do Sol, houve o lançamento do terceiro disco, e tinha uma música que eu cantava. Em uma turnê que fiz com Lulu Santos, eu falava aquele texto inteiro do rap de Cachimbo da paz, do Gabriel O Pensador. São as minhas experiências de cantar ao vivo, até agora.
Foi você quem selecionou as músicas que seus
convidados interpretaram, ou a opção foi deles?
convidados interpretaram, ou a opção foi deles?
São ao todo 10 convidados no disco, dos quais quatro interpretam composições próprias, sendo que duas são instumentais. O Zé Miguel Wisnik, o Péricles Cavalcanti, o Toninho Horta e o meu irmão, Muri Costa. As outras canções, gravadas por Caetano, Gal, Adriana, Boca Livre e Lulu Santos, foram escolhidas por mim para eles cantarem.
Caetano Veloso transformou Feitiço da Vila,
samba de Noel Rosa e Vadico, numa bossa.
Quem criou os arranjos para essa e outras músicas
Não faço distinção entre a bossa nova e o samba. Para mim, é tudo a mesma coisa. Essa é a maneira do Caetano de cantar a música uma música que ele gosta. Diria que é um samba tocado de outra maneira, afinal, a bossa nova é um tipo de samba, né?