Diversão e Arte

Elas em primeiro plano

Projeto Líricas femininas - A presença da mulher na música brasileira estreia no Sesc com Cátia de França, Dea Trancoso e Ceumar

postado em 11/09/2019 04:07
Cátia de França, Dea Trancoso e Ceumar: as líricas transcendentes

No rico e eclético espectro da música popular brasileira, de tempos em tempos, determinados gêneros passam a ter primazia sobre os demais, a partir da abordagem feita pela grande mídia ; geralmente determinada pelo aspecto comercial. Esse monopólio quase nunca coloca em relevo estilos que primam pela qualidade e relevância estética.

Ainda bem que projetos como o Sonora Brasil, há tempos, têm a preocupação de colocar em destaque essa produção musical, que emerge das diferentes regiões do país. Neste ano, na 22; segunda edição, o festival ; uma iniciativa do Sesc ; , tem como tema Líricas Femininas ; A presença da mulher na música brasileira.

Depois de passar pelas regiões Sul e Sudeste, o Sonora Brasil inicia por Brasília a circulação pelo Centro-Oeste. A série de shows, que está sendo apresentada na capital até a próxima sexta-feira, em seguida vai ser levada a Goiás e Mato Grosso do Sul. Aqui ocorre no Teatro Sílvio Barbato (Edifício Eurico Dutra/ Setor Comercial Sul).

;O Sonora Brasil, que recebemos neste ano, focaliza a produção musical das mulheres na MPB e a importância delas para essa forma de expressão artística. Sob o tema Líricas Femininas, o projeto traz um estilo que não está presente no grande circuito comercial, mas que tem alto valor estético para a música nacional;, destaca Ivaldo Gadelha, assistente da Coordenação de Cultura do Sesc-DF.

Iniciada ontem com o show Líricas Negras, o festival prossegue até sexta-feira. A atração de hoje, às 20h, é o Líricas Transcendentes, com shows de Dea Trancoso, Ceumar e Cátia de França. Amanhã, no Líricas Históricas, se apresentam Priscila Ermel, Vanja Ferreira, Anastácia Rodrigues e Gabriela Geluda. Já amanhã, sexta-feira, no encerramento, sobem ao palco com o Líricas Modernas Lucina, Badi Assad e Regina Machado.

Uma das atrações Sonora Brasil, a cantora e compositora Lucina fala da relevância do festival. ;É uma ótima oportunidade de levar música de qualidade a tantas cidades do país. Eu todo ano vou a Brasília, onde tenho um público querido e atento, que me acompanha há bastante tempo;. Ela adiantou: ;Vou fazer uma apresentação acústica, propondo às pessoas uma nova escuta do meu trabalho;.



Sonora Brasil
Show Líricas Transcendentes com Dea Trancoso, Ceumar e Cátia de França,hoje,às 20h, no Te4atro Sílvio Barbato do Sesx (Edifício Eurico Dutra/ Setor Comercial Sul). Entrada franca. Retirada de ingressos uma hora antes. Classificação indicativa livre.



Líricas Transcendentes

Cátia de França
A cantora, compositora e multi-instrumentista paraibana, em 45 anos de carreira, lançou seis álbuns e se tornou uma lenda viva da MPB. O primeiro LP, 20 palavras em redor do sol, de 1979, faz referência à obra de Guimarães Rosa, José Lins do Rego e Manoel de Barros. Os que vieram a seguir foram Estilhaços (1980), Feliz demais (1985), Avatar (19988), No bagaço da cana um Brasil adormecido (2012) e Hóspede da natureza (2016). ;O Sonora Brasil tem permitido eu me reencontrar com pessoas que acompanham minha trajetória desde o começo; e de mostrar a música que faço para as novas gerações. Novos espectadores que, por falta de divulgação pela grande mídia, não conhecia;, comemora.

Ceumar
Na estrada há 25 anos, Ceumar teve, desde cedo, a música como algo natural na casa dos familiares. Na juventude, aprendeu a tocar violão com o pai e inspirada na voz da mãe, passou a cantar. As primeiras composições surgiram durante a caminhada, tendo como parceiras Alice Ruiz, Tata Fernandes, Dea Trancoso e Dante Ozetti. Ela tem cinco discos lançados: Dindinha (2000), Sempre viva (2003), Achou (2006), Meu nome (2009), Silencia (2014), além do Live in Amsterdam, que saiu apenas no mercado europeu.

Dea Trancoso
A mineira Dea Trancoso está ligada à música há 30 anos. De sua discografia fazem parte os CDs Tum tum tum (2006) e Serendipity (2011). Sua música, com sotaque medieval, tem como parceiros Chico César, Ceumar, Badi Assad e Sérgio Santos entre outros. Mônica Salmaso, Ná Ozetti, Isabel Nogueira e Gonzaga Leal são alguns dos seus intérpretes. A arte produzida por ela navega por circuitos curtos, fora da lógica do mercado.



Líricas Históricas

Gabriela Geluda
Bacharel em canto lírico pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Gabriela Geluda é mestra em canto lírico. É também mestra em música antiga pela Guildhall School of Music and drama de Londres. Especializada em repertório contemporâneo, tem participado de recitais camerísticos, concertos de orquestras, óperas e festivais no Brasil, Estados Unidos, Alemanha, França e Argentina.

Anastácia Rodrigues
Mezzosoprano, Anastácia Rodrigues iniciou os estudos musicais no Coral São Pedro Mártir de Olinda. Tem formação em música e letras pela Universidade Federal de Pernambuco, com especialização em linguística. Atua como preparadora vocal e participa, como solista, de festivais internacionais. Como percussionista trabalhou em grupos tradicionais de coco e maracatu. Atualmente, é regente do Coral Afro-Brasileiro de Mulheres.

Priscila Ermel
Compositora autodidata, é autora de inúmeras canções, músicas de concerto e trilhas sonoras. Em seu processo criativo, utiliza instrumentos musicais e a própria voz como meios de expressão. Mestra em etnomusicologia indígena pela Universidade de São Paulo, tem especialização em Comunicações Interculturais no Laboratoire d;Anthropologie Sociale do Collége de France, em Paris.

Vanja Ferreira
Solista da Orquestra Sonfônica Nacional da Universidade Federal Fluminense, Vanja Vieira é doutoranda em música pela UniRio. Premiada no projeto Rumos Itaú Cultural Música, apresentou as primeiras audições na Bienal de Música Brasileira Contemporânea e em festivais internacionais. A musicista realizou projetos como Você conhece harpa?, Muito prazer e Eu sou a harpa; e representou o Brasil na 24;mes Journées Internationales de la harpa dans La Caraibe et em Gyane.



Líricas Modernas

Lucina
O trabalho em dupla com Luli, entre 1972 e 1996, tornou Lucina uma artista conhecida e aplaudida nacionalmente. Com sete discos lançados ; o mais recente é Canto de árvore ; ela tem músicas gravadas por Ney Matogrosso, Nana Caymmi e Zélia Duncan. Representou o Brasil na Mostra Internacional e Barcelona, onde fez oficinas de criatividade e voz.

Regina Machado
Professora de graduação em música popular na Universidade de Campinas, Regina acumula longa experiência didática e artística, tendo lançado quatro álbuns: Paixão (2000), Pulsar (2004), Agora o céu vai ficando claro (2010) e Multiplicar-se única ; Canções de Tom Zé. Ela é também coordenadora do Voz Mundi, grupo de estudos de voz popular midiatizada, erudita e dos povos tradicionais, ligado ao CNPQ.

Badi Assad
Artista de múltiplas facetas, Bia Assad canta, toca violão, dança e transforma a voz e corpo em música. Com 14 diacos lançados, entre eles Dança dos tons (1989), Amor e outras manias crônicas (2012) e verde (2016), é detentora de vários prêmios, como o da Associação Paulista de Críticos de Arte, na categoria compositora. Uma das composições dela, Waves, entrou na trilha do filme It runs in thefamily. Recentemente, lançou o livro Volta ao mundo em 80 artistas. ;O Líricas Modernas que faremos em Brasília é voltada para a música popular contemporânea. Totalmente acústico, foi recebido com entusiasmo nas cidades por onde já passamos. Há espaço também para uma roda de conversa com público;, anuncia.



Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação