postado em 15/09/2019 04:07
;Os espaços públicos já, ao longo de alguns anos, sofreram um baque, o Teatro Nacional está fechado, o Espaço Cultural Renato Russo voltou agora, mas ficou muito tempo fechado. Eu me lembro que mesmo os espaços privados, devido a algumas crises financeiras, ou foram fechando ou ficando defasado de equipamentos. Nesse sentido, dos poucos que permaneceram abertos, como o Teatro Goldoni e o Mapati, eles se tornaram de fundamental importância para a cultura de Brasília. Percebo muitos artistas fazendo projetos dia de semana, por exemplo, a gente faz Os dramáticos há quase cinco anos, às terças-feiras, porque é o espaço que sobra.
Tem um espetáculo que a gente faz há cinco anos no Mapati que ocupa a casa inteira uma vez que o espaço estava praticamente sem funcionar como teatro, apesar de ter várias outras atividades lá. E, quando estava procurando uma pauta para apresentá-lo, não conseguia em teatro algum, uma vez que são poucos os teatros e, obviamente, eles vão priorizar teatros profissionais e não peças resultantes de oficinas.
Nesse sentido, o Mapati e o Goldoni são teatros de resistência. Até a Caixa Cultural está sofrendo sanção, tanto financeira quanto política. O CCBB, também. No caso específico do Mapati, você ainda ter um espaço administrado por duas mulheres, um casal, onde você tem a liberdade de expressão e elas, por pura guerrilha, conseguirem manter o espaço, vai saber a que duras penas, e ainda baratear o máximo possível para que os artistas ocupem esse espaço, isso é de um heroísmo sem limite. Esses são os novos heróis da cultura de Brasília junto com os artistas que criam os produtos. São verdadeiros espaços democráticos de arte. Vida longa!”
Ator e diretor Abaetê Queiroz integra a Agrupação Teatral Amacaca (ATA), grupo residência no Espaço Cultural Renato Russo.