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Cena candanga frutífera

Artistas brasilienses, Dona Cislene, Tiju e Letícia Fialho apresentam novos trabalhos. Conheça os álbuns!

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 29/09/2019 04:17
O grupo optou por lançar TempoRei em blocos: o primeiro é composto por quatro faixas
A cena musical de Brasília vive, há algum tempo, um momento de bastante efervescência. A cidade tem hoje um cenário com artistas de diferentes estilos que apostam no trabalho autoral. Nos últimos dias, pelo menos três nomes da capital federal divulgaram novas produções em que celebram esse bom período. A banda roqueira Dona Cislene deu início ao lançamento do próximo álbum TempoRei, divulgando o primeiro bloco. O duo Tiju, que mescla diversas influências da música brasileira, estreou com o primeiro álbum Estrada arranha-céu. Já a cantora e compositora Letícia Fialho ousou com o EP Purpurina anzol, projeto em que ressignifica a sanfona. Conheça mais sobre os trabalhos!


Dona Cislene
A banda de rock, formada por Bruno Alpino (voz e guitarra), Guilherme de Bem (guitarra), Pedro Piauí (baixo) e Paulo Sampaio (bateria), lançou no último dia 20 a primeira parte do álbum TempoRei. O disco é o sucessor de Meninos & leões (2017). O material é composto por quatro faixas, entre elas, o single Temporei que foi divulgado em 6 de setembro, na mesma semana em que o grupo brasiliense foi anunciado como uma das atrações do Palco Supernova do Rock in Rio, no Rio de Janeiro. Na época do lançamento, o guitarrista Guilherme de Bem definiu a música como a identidade do disco: ;esse é o single que vai abrir as portas desse novo álbum;.

A música que abre o primeiro bloco do álbum é Semdrama, que tem um discurso bastante pessoal unido a uma levada empolgante, assim como Temporei. A terceira canção é Teverdançar, uma música mais romântica. As três faixas mostram a diversidade de influências sonoras do material. ;A gente tentou diversificar bastante. Então tem muito de muitos estilos, sem sair da nossa identidade, sem sair do rock. Tem músicas voltadas para o ska, reggae, pop, eletrônico, tem de tudo;, explica Guilherme em entrevista ao Correio.

A primeira parte do álbum termina com Santoforte, a primeira parceria da banda com outro grupo candango, a Scalene. Apesar de já terem tocado juntos no início da carreira entre 2012 e 2013, as bandas nunca haviam gravado nada em parceria. ;Eu, particularmente, sempre quis fazer alguma coisa com eles, só não dava por conta dos estilos diferentes, mesmo sendo do rock. Quando o Bruno (Alpino) apresentou essa música para gente, achamos que tinha muito a cara do Gustavo (Bertoni, vocalista da Scalene). Quando o Tomás (Bertoni) ouviu, pediu para fazer umas guitarras. A princípio ia ser só o Gustavo, mas acabou virando Scalene. Foi uma coisa que a gente sempre quis fazer, ainda mais por sermos de Brasília. Então foi muito gratificante;, define o guitarrista.

Sobre divulgar o álbum em partes, Guilherme de Bem diz ser uma estratégia para que o público possa apreciar melhor cada música. ;A gente preferiu para que o público escute com calma todas as músicas e não fique nada muito atropelado. Quando a gente lança dez faixas, fica muita informação para o público digerir. Então como a gente gostou muito das músicas, a gente tem carinho por todas elas, a gente quer que o público escute com calma;, explica.


TempoRei
De Dona Cislene. Independente, 4 faixas. Disponíve nas plataformas digitais.



Tiju
Após se lançar no mercado com o EP Casa (2016), o duo, composto por Vitor (vocal e guitarra) e Pedro Barbosa (vocal e bateria), lança o primeiro disco da carreira. É Estrada arranha-céu, que foi produzido por Leo Braga, do Ocorre Lab (Porto Alegre), e divulgado no último dia 20 nas plataformas digitais. O álbum é um registro das diferentes influências e vivências durante a trajetória musical da dupla, desde início com o EP ; até por isso a primeira música se chama Casa ;, passando pelas experiências em Brasília e também fora dela, como o período no Rio de Janeiro e até a turnê em Portugal.

Ao todo, o disco é composto por oito faixas, que foram escritas ao longo da carreira e tem como temática o amor, a amizade, a família e as pedras no caminho. Em relação à sonoridade, a Tiju bebe da fonte de vários estilos musicais, como MPB, samba, jazz e soul music. O primeiro single do material foi Gisa e o céu, que, em duas semanas, atingiu mais de 25 mil visualizações. A canção Glória, a quarta do disco, também está indo bem, aparecendo em playlists do Spotify. ;Olho para esse disco e vejo que antes ele era uma criação, agora ele é algo que voa só. Sinto isso, que ele cresceu;, analisa Vitor Barbosa.

Em Estrada arranha-céu, o duo recebe três convidados: o trompetista português Artur Mota, o tecladista brasileiro radicado em Portugal Tom Maciel e saxofonista português Bernardo ;Ben; Redol Soares. Os dois primeiros músicos aparecem em duas faixas Bambina e Se essa rua fosse minha, enquanto o último participa na canção que fecha o disco 23 e 30, que faz uma mescla entre todas as faixas da Tiju, tanto do ER quanto do CD e até algumas inéditas.

Uma particularidade do álbum tem a ver com a ousadia de incluir faixas de apenas um minuto: Casa, Eu, você e Paris e Onde. O que Vitor Barbosa justifica: ;Só dizemos o que é necessário (nessas músicas);. ;Aqui (no disco) nascem as traduções das conexões, porque as relações humanas são muito inspiradoras nós;, completa sobre o conceito de Estrada arranha-céu.



Estrada arranha-céu
De Tiju. Ocorre Lab, 8 faixas. Disponível nas plataformas digitais.



Letícia Fialho
Em meio aos shows de Maravilha marginal, disco lançado no ano passado com a Orquestra de Rua, a cantora Letícia Fialho divulga o EP Purpurina anzol. Com quatro músicas, o álbum surgiu a partir de composições após o lançamento do CD anterior e que mostram mais um lado da carreira da cantora. ;É um EP a partir de composições novas num formato voz, violão e sanfona. A gente resolveu gravar e fazer esse registro nesse formato, que é diferente, com uma sanfona ressignificada;, explica.

A sanfona, inclusive, é um dos diferenciais do trabalho. Tocada por Rodrigo Zolet, ela ganha um novo significado. ;Não é um disco de forró, é um disco de canção. A sanfona trabalha em outras funções;, revela. Além de uma sonoridade diferenciada, o EP tem como característica letras em que Letícia Fialho faz associação de palavras não esperadas e cria um universo novo na música. ;Minhas músicas são sempre feitas a partir de vivências, observações. Gosto de trabalhar com imagem, com associação de palavras. O próprio nome Purpurina anzol sugere novos significados. Não é mais só purpurina, nem mais só um anzol. É todo esse universo de criação de imagem;, define.

O primeiro show de lançamento de Purpurina anzol foi em 11 de setembro na festa Flutua, no Outro Calaf. As próximas apresentações estão marcadas para 2 de outubro na abertura do Festival de Cinema de Taguatinga, no Teatro da Praça em Taguatinga, às 21h30. No dia 9, Letícia Fialho fará show na Cervejaria Criolina. No primeiro bloco, dedicado ao disco. No segundo, ela receberá convidados da cidade.



Purpurina anzol
De Letícia Fialho e Rodrigo Zolet. Independente, 4 faixas. Disponível nas plataformas digitais.

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