postado em 01/10/2019 04:12
Como pensa a criação do Liceu no contexto de Brasília?
A cidade ficou engessada, burocratizada, todo mundo pensa só em concurso, em repartição pública. E o Liceu está em Taguatinga. É um centro comercial rico, as pessoas não são funcionários públicos, mas têm lojas de autopeças, rede de padarias, classe média alta fortíssima. É gente que viaja e tem a cena underground fora do circuito. Ivaldo Cavalcante tem uma galeria underground que faz exposições importantes.
Qual será o público do Liceu?
Tem um público potencial enorme. Existem jovens que têm tendência para trabalhar com fundição em metais, escultura de madeira, de ferro, tapeçaria, estamparia. Aí, ele vai no Liceu e tem todo o equipamento. Tem um ambiente e profissionais para ensinar. Outro aspecto importante é ;faça você mesmo;. Se quero fazer uma mesa, vou ao Liceu e faço o objeto. No mundo inteiro, existe isso.
O que o Liceu poderá proporcionar a Brasília em termos de formação artística?
Tem muita gente que não está mais interessada em abstrações visuais. Mas, no Liceu, você pode aprender a desenhar uma figura humana, uma paisagem e uma árvore. A gente está falando de um lugar que dá possibilidade de uma pessoa ter suporte das artes tradicionais, a escultura, a estamparia. Hoje, as pessoas acham que podem resolver tudo no computador.
O pessoal do Plano Piloto também pode se beneficiar?
Uma pessoa que mora nas superquadras se matricula em curso de estamparia ou marcenaria. Vai a Taguatinga, passa um dia diferente, almoça em restaurante enorme, com comida boa e preços ótimos. Conhece uma cervejaria. Acho que isso é muito importante. Como curador, quero convidar outros professores, proporcionar o contato direto com os artistas de visões e métodos muito diferentes. Isso é muito rico na formação de um artista.