Agência Estado
postado em 01/10/2019 07:50
Ex-funcionário do Fed, o Banco Central dos EUA, o presidente do Conselho de Administração do Inhotim, Ricardo Gazel, afirma que o posicionamento da empresa de auditoria Ernest & Young sobre a possibilidade de fechamento do museu é praxe. "Quando tem mudança maior em algum fluxo de receita, colocam essa nota." Gazel afirma que o museu não vai fechar. "Em nenhuma instituição cultural no Brasil sobra dinheiro. Estamos sempre buscando formas de cobrir despesas e racionalizar gastos. Ter estrutura mais enxuta", diz Gazel, que acredita que o fluxo de visitantes está começando a se normalizar.
Relatório da E & Y sobre os balanços de Inhotim relativos a 2017 e 2018 apontam para a possibilidade de fechamento do instituto. O que levou o museu a essa situação financeira?
É praxe de toda companhia de auditoria. Quando tem mudança maior em algum fluxo de receita, eles põem essa nota. Não há nenhum risco de fechar.
Inhotim registra constantes quedas nas receitas de ingresso e de projetos e convênios. A queda nos ingressos ocorreu por conta da febre amarela em 2018. Houve redução no fluxo de visitantes, que só foi se restabelecer por volta de outubro. A crise econômica obviamente teve impacto em algumas das receitas, mas tivemos aumento em outras, o que nos possibilitou fechar (o balanço) sem endividamento.
Qual o impacto do rompimento da barragem da Vale no movimento em Inhotim?
Ficamos fechados por 15 dias. Depois disso muita gente imaginou que o Inhotim continuava fechado, que Brumadinho estava debaixo de lama. Depois teve a campanha "Abrace Brumadinho" para tentar retomar o fluxo de visitantes. Tem de lembrar que em qualquer museu do mundo ou instituição cultural, o fluxo de visitantes, a receita de entradas fica por volta de 20%, 25% do custo de manutenção. Agora, claro que quanto mais visitantes, mais empresas querem ter sua imagem associada à instituição. Houve redução de receita de ingressos, mas nossos parceiros vieram e estamos conseguindo equilibrar as contas.
O instituto procurou a Vale para solicitar ajuda financeira depois da tragédia? Teve sucesso na negociação?
Sempre estamos em conversação com parceiros, e com a Vale especialmente. Depois da tragédia a empresa tem dado apoio a várias atividades. Não posso dizer quanto, mas aumentou este ano o patrocínio (da mineradora).
Seis galerias estão em manutenção em Inhotim, conforme aviso na entrada do museu. Há quanto tempo? Qual o motivo?
Todos os anos terão galerias em obras. O monitoramento é contínuo. Várias serão reabertas agora em outubro.
O que está sendo feito para manter Inhotim aberto?
Aumentamos a programação cultural. Quando há um show, por exemplo, do Alceu Valença, há uma exposição muito grande na mídia. Todos ficam sabendo que o museu está aberto e com programação cultural. Estamos sempre buscando novos patrocínios e formas de cobrir despesas e racionalizar gastos. Inhotim não fecha. É uma instituição sólida. Não existe a menor possibilidade de fechar. O público já recuperou bastante. Estamos próximos do fluxo normal, que é de 350 mil visitantes/ano.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.