postado em 12/10/2019 04:18
;Eu sou um megalomaníaco;. Essa é a forma que o ator paulista Ícaro Silva explica o acúmulo de projetos no último ano. Ele tem rodado o Brasil desde junho do ano passado com o espetáculo Ícaro and The Black Stars, que desembarca hoje em Brasília com apresentações no Teatro Unip. Ao mesmo tempo, estava no elenco da novela Verão 90 (antecessora de Bom Sucesso), da Rede Globo, na série Coisa mais linda, da Netflix, e na versão dublada do live action O Rei Leão, no qual fez a voz de Simba.
;Estou na vida artística desde os 8 anos, e essa é a primeira vez que boa parte do meu público sabe de fato quem eu sou. Isso me dá orgulho e esperança que as próximas gerações tenham mais representantes pretos, representantes da cultura afro-brasileira nos meios de mídia, de comunicação e de cultura;, avalia o ator.
Em entrevista ao Correio, Ícaro Silva relembra o início da carreira, fala sobre o espetáculo dirigido por Pedro Brício, que apresenta entre hoje e amanhã em Brasília, e sobre o talento multifacetado que o faz transitar entre a música e a atuação.
Ícaro and The Black Stars
Teatro Unip (913 Sul). Hoje, às 21h. Amanhã, às 20h. Espetáculo com Ícaro Silva, Cássia Raquel e Hananza. Direção e dramaturgia: Pedro Brício. Direção musical: Alexandre Elias. Ingressos a R$ 40 (meia), R$ 50 (ingresso solidário, com doação de 1kg de alimento não perecível) e R$ 80 (inteira). Assinantes do Correio têm 50% de desconto na inteira. À venda em Belini (113 Sul) e lojas Bilheteria Digital. Não recomendado para menores de 12 anos.
O espetáculo tem um recorte específico de celebrar a música negra. Como foi o processo de escolha dos artistas que integrariam o repertório do musical?
Esse processo passa muito pela atenção do Pedro (Brício, diretor do espetáculo) à minha trajetória musical. Ele me viu fazendo Show dos famosos e me conheceu fazendo Simonal, então sabia que eu tinha uma ligação com artistas como Beyoncé, Michael Jackson, Bob Marley e, baseado nisso, foi pesquisando artistas que tinham a ver com a linguagem que a gente queria explorar. Uma linguagem disco, afrofuturista e dançante. Então o processo passa por aqueles artistas que me atravessam de alguma maneira e são indiscutivelmente icônicos no cenário mundial da black music.
Você ajudou na escolha dos artistas que seriam celebrados? Teve algum que você falou que gostaria de fazer?
Ajudei na escolha. Disse que era fundamental que a gente tivesse artistas mulheres no espetáculo, como Aretha Franklin, Diana Ross e Beyoncé. E achei que seria importante terminar o espetáculo com alguém muito popular, por isso escolhemos o Molejo.
Como você se preparou para ir de Bob Marley a Beyoncé? Acha que experiência no Show dos famosos no Domingão do Faustão o ajudou nessa preparação?
O que mais ajudou na minha preparação foram os anos de aulas de canto e dança, a faculdade de teatro e todos os professores e mestres que tenho desde os 13 anos. E estar atento à armadilha midiática de não desenvolver os talentos por estar na tevê. O Show dos famosos me ajudou dando visibilidade ao trabalho que venho desenvolvendo há anos e essa visibilidade é extremamente importante para o contato com o grande público e valorização da profissão artista.
Essa sua aproximação com a música tem sido um destaque na sua carreira nos últimos anos. Você sempre teve essa aproximação? Quais artistas sempre te influenciaram?
Sempre soube que arte seria meu caminho, de uma forma ou de outra. A música e eu estamos conectados desde sempre. Tudo começa com meu pai, antes mesmo de eu nascer, quando ele tinha uma banda. Ele me trouxe esse amor pela música e essa vontade de subir num palco, por isso o teatro musical me acolhe tão bem. Minhas maiores influências são os artistas nordestinos, como Luiz Gonzaga, Gilberto Gil e Caetano Veloso e os grandes nomes da música preta internacional, como Michael Jackson, Bob Marley e Beyoncé.
Neste ano, você esteve em Verão 90, fez Coisa mais linda e também dublou O Rei Leão. Como tem sido para você este ano com tantas realizações? O que podemos esperar de novidade na sua carreira?
Tenho percebido nos últimos tempos que trabalho duro dá resultado. Estou na vida artística desde os 8 anos, e essa é a primeira vez que boa parte do meu público sabe de fato quem eu sou. Isso me dá orgulho e esperança que as próximas gerações tenham mais representantes pretos, representantes da cultura afro-brasileira nos meios de mídia, de comunicação e de cultura.
No momento em que a gente vive, como é para você ser um artista negro com tanto destaque? O que ainda gostaria de alcançar?
Eu sou um megalomaníaco. Nem sei te dar a dimensão dos meus sonhos. Mas sei que ainda tenho muito a conquistar. Não só por mim, mas pelas gerações que me seguem e pelas pessoas que represento. De qualquer forma, acho que meu destaque não é nem um terço do que pode ser o destaque de um artista preto no Brasil, por isso só sei dizer que o caminho é longo, mas a gente segue passo a passo.