Diversão e Arte

É festa para dançar

Os músicos da cidade não se limitam aos teatros e casas de espetáculos e criam projetos de festas e ocupações para atrair público: diversidade de gêneros é a marca dessas iniciativas

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 14/10/2019 04:16
Os músicos da cidade não se limitam aos teatros e casas de espetáculos e criam projetos de festas e ocupações para atrair público: diversidade de gêneros é a marca dessas iniciativas

São muitos os projetos idealizados por diferentes produtoras, casas de espetáculos, clubes, bares e restaurantes da cidade que têm como atrações os artistas brasilienses. Esses eventos, além de serem a principal fonte de renda de vários cantores, compositores, grupos e bandas, em função do cachê ou de parte do couvert que recebem, servem para aumentar o faturamento dos locais nos quais se apresentam.

De uns tempos para cá, vários artistas de diversas vertentes musicais têm tomado a iniciativa de criar os próprios projetos. Para isso, têm como referência a roda de samba que, desde a década passada, o 7 na Roda comanda com sucesso no Outro Calaf, casa noturna que mantém diversificada programação semanal de segunda a domingo.

O Correio elenca aqui alguns dos projetos que têm chamado a atenção do público e movimentado a cena musical de Brasília. Em geral, é cobrado ingresso para que as pessoas assistam aos shows, mas há aqueles para os quais o acesso é gratuito, como o Samba Urgente, que faz sucesso desde a estreia, em fevereiro de 2018.

Samba Urgente
O Samba Urgente tornou-se um fenômeno de público na capital, reunindo público médio de seis mil pessoas na área próxima ao Canteiro Central, no Setor Comercial, local mais frequente das apresentações. O grupo formado por Victor Angeleas (bandolim), Vinicius Vianna (violão), Augusto Berto (percussão), Márcio Marinho e Arthur Nobre (cavaquinho), que arrastou uma multidão à ocupação da Piscina com ondas (Parque da Cidade), volta a se apresentar no próximo sábado, em frente ao Outro Calaf e com entrada franca. Serginho Meriti (autor de Deixa a vida me levar), Diogo Nogueira e Toninho Geraes são alguns dos sambistas renomados que o grupo já teve como convidados. Visto como referência na ocupação de espaços públicos, o Samba Urgente é, para Victor Angeleas, ;um movimento que tem a cara de Brasília por ser um espaço democrático, pela valorização da nossa cultura e pela diversidade, em todos os seus aspectos, como essência;.

Live Party
Paralelamente às apresentações em shows para os quais é contratada, a banda Rock Beats costuma organizar eventos. Um deles é o Live Party, que já teve três edições. A próxima será no dia 1; de novembro, no Clube da Aeronáutica (Setor de Clubes Norte), tendo como tema um baile de fantasia. Liderado pela vocalista Daniela Firme e contando com Bruno Albuquerque (guitarra), Alexandre Macarrão (baixo) e Kaká Barros (bateria), o grupo costuma passear por repertório do pop rock que vai dos anos 1970 até os dias atuais. A Live Party tem outra característica, que é a oferta de cervejas artesanais produzidas no Distrito Federal. ;Buscamos sempre promover a integração do pop rock com outros estilos musicais, como a disco music e a axé music. No projeto, já tivemos como convidados os guitarristas Haroldinho Mattos, Paulo Verísimo e Di Carvalho, os cantores Guto Santana e André 14 Voltas, as cantoras Georgia W Alô, Célia Porto, Adriana Samartini e Larissa Venturini;, conta.

Salve Glória!
O nome dessa orquestra popular, criada pela flautista, arranjadora e maestrina Diana Mota, é uma homenagem à própria mãe, a cantora Glória Maria. ;Ela foi cantora pioneira de Brasília, num tempo em que a profissão de músico era marginalizada. Glória, que foi do elenco da Rádio Nacional e cantava na noite, enfrentou o preconceito com maestria, escrevendo importante capítulo na história da música brasiliense desde a época da inauguração da capital do país;, lembra Diana. A orquestra passou a atuar com regularidade em 2018 e hoje conta com 17 componentes, sendo um violino, três saxofones, três trompetes, três trombones, piano, sanfona, contrabaixo, bateria e quatro percussões, todos sob a batuta de Diana. O repertório dançante inclui ritmos brasileiros ; baião, frevo, maracatu, carimbó e ijexá ;, todos com arranjos, e valoriza a música autoral brasiliense. Recentemente, a Salve Glória! transformou o Espaço Cultural do Choro num salão de baile.

Forró de Vitrola
A proposta do projeto é promover bailes de forró pé de serra com um rico acervo de discos de vinil em diversas localidades e sempre a bordo de uma kombi 1973. Servem espaços abertos e fechados, públicos e privados. O veículo, devidamente customizado, é aparelhado com toca discos, sonorização e iluminação, valorizando a tradicional música nordestina e destacando a obra de artistas da região como Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Dominguinhos, Jacinto Silva, Zito Borborema, Joci Batista e Zé Calixto. As vitrolas são comandadas pelo violeiro e pesquisador Cacai Nunes, criador do baile. Ele diz que o forró pé de serra, consagrado por Gonzagão e cantado e tocado por muitos artistas, tem uma vasta discografia, que começa nos anos 1940 e chega aos dias de hoje.
Baila-!
Iniciativa do vocalista André Gonzales e de seus companheiros da extinta banda Móveis Coloniais Acaju, Esdras Nogueira (sopros), Fernando Jatobá (guitarra e baixo) e Dr. Dreher (teclados, vibrafones e sintetizadores), a Sr. Gonzales Serenata Orquestra, desde setembro de 2017, tem botado muita gente da chamada ;melhor idade; para dançar no embalo de eternas canções do repertório de Francisco Alves, Carlos Galhardo, Orlando Silva, Nelson Gonçalves e outros grandes cantores e cantoras da era do rádio e de outros momentos da MPB. Embora os bailes ocorram no Clube Previdenciário (912 Sul), um domingo por mês, a partir das 16h, o conjunto se apresenta também em outros locais. O próximo ocorrerá no dia 27, no Outro Calaf. ;A nossa sociedade busca ignorar o envelhecimento, enaltece o novo, mas não admite a mudança que o tempo causa em si mesmo. Só quando deparamos com a energia desse público (os frequentadores do baila-) é que percebemos que a vida vai muito além dos valores materialistas, que se costuma cultivar na juventude;, afirma Gonzales

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