Diversão e Arte

Caixa Cultural Brasília expõe o talento de Fernando Lopes

Exposição com mais de 250 obras do ilustrador Fernando Lopes conta a trajetória profissional do artista

Lucas Batista*
postado em 15/10/2019 06:45

Fernando Lopes trabalhou por quase 20 anos como ilustrador do Correio

Todo cidadão brasiliense já deve ter passado o olho em alguma obra de Fernando Lopes. Esta afirmação não contém exagero, afinal o ilustrador, que faz parte do cotidiano da cidade há quase trinta anos, já produziu capas de livros, selos dos Correios, bilhetes de loteria, desenhos anatômicos para o Hospital Sarah Kubitschek, além de quase 20 anos de criações para retratar e acompanhar, de forma visual, as reportagens do dia a dia do Correio Braziliense. Essa trajetória será celebrada a partir de hoje com a exposição Fernando Lopes ; 50 anos de desenho, em cartaz na Caixa Cultural.

;Ilustrei, principalmente, o caderno de Opinião do jornal. Foram muitas obras que ajudaram a formar muita gente. Às vezes recebo carinho de pessoas que se inspiraram em mim, que cresceram vendo minhas artes todos os dias, isso é muito gratificante;, conta Fernando Lopes, que tem no surrealismo, no cubismo e no expressionismo suas principais influências artísticas.

Com uma vida de ilustrações, o artista produziu suas primeiras obras aos nove anos, em um caderninho próprio para desenhos. Aos 13, deu continuidade ao talento e se aprofundou mais na arte. Aos 15, fez sua primeira exposição, com ajuda do psicólogo chileno Rolando Toro. Já em 2014, lançou o livro A arte de ilustrar, para o qual foram selecionadas 200 obras com a intenção de contar a trajetória do artista.

[SAIBAMAIS] Agora, Fernando traz um novo projeto ao público brasiliense, a exposição Fernando Lopes ; 50 anos de desenho. A mostra, que conta com a curadoria de Oto Reifschneider, gira em torno de toda a trajetória do artista. ;O livro foi uma coletânea com trabalhos da minha carreira como profissional. Já a exposição é diferente, porque traz obras que criei desde a infância. É mais completo, esse olhar retrospectivo permite visualizar o meu processo de evolução e formação como artista;, explica.

De acordo com o ilustrador, além de valorizá-lo, a mostra o consolida como produtor de arte e cultura. ;Permite uma leitura coerente de um processo que estava disperso, são milhares de obras já feitas. Me surpreendi com a sabedoria dos meus desenhos juvenis e percebi que, em alguns deles, já previa tudo que aconteceria no futuro. É um resumo, uma síntese com exemplos diferenciados de cada época da minha carreira;.

Referência


Apesar de ;prever; o sucesso desde a juventude, Fernando não esperava que um dia seus desenhos se tornariam objetos de estudo e principal assunto de uma exposição. ;É uma surpresa interessante, nunca imaginei que minhas obras fossem para as paredes. Ser valorizado por um curador, inspirar pessoas, é um resultado que, quando você começa, não imagina onde vai dar;, repara.

Com uma infinidade de obras, o processo de seleção não seria nada fácil. A mostra conta com 250 artes originais, coloridas e em preto e branco, feitas nas técnicas guache, nanquim, aquarela, aerógrafo e lápis de cor. Apesar de muitos dos trabalhos terem sido publicados e digitalizados, a exposição traz os desenhos em primeira etapa, que é geralmente a mais elaborada. ;Vamos expor páginas de jornais e capas da Revista do Correio, mas a maior parte das obras é de desenhos originais. A intenção é mostrar os traços do artista, suas técnicas;, diz o curador, Oto Reifschneider. ;Foram muitos encontros para tratar da revisão e seleção das obras. Não são dezenas, são literalmente milhares de desenhos. Não bastasse o volume, a qualidade das obras também impressionam, o que tornou o processo de curadoria difícil e enriquecedor.;


Fernando Lopes ; 50 anos de desenho

Caixa Cultural Brasília (SBS, Q. 4, Lts. 3/4). Abertura hoje (dia 15/10, terça) às 19h. Visitação de terça a domingo, das 9h às 21h, a partir desta quarta-feira (16/10) até 15 de dezembro. Entrada franca. Classificação indicativa livre.

*Estagiário sob a supervisão de Nahima Maciel

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