Diversão e Arte

Transtorno psiquiátrico é tema de filme brasiliense em cartaz nos cinemas

O longa-metragem 'Eu sinto muito', de Cristiano Vieira, trata da rotina de quem foi diagnosticado com síndrome de Borderline

Geovana Melo*
postado em 15/10/2019 06:49

No filme, personagem é cineasta que quer fazer filme sobre a síndrome

Com Brasília como cenário e as complexidades que envolvem o diagnóstico da síndrome de Borderline, Eu sinto muito mergulha na rotina e nas dificuldades de quem sofre do transtorno. A produção brasiliense tem direção de Cristiano Vieira e Antônio Balbino e acaba de estrear no circuito comercial.

Na trama, o cineasta Júlio (Rocco Pitanga) está em busca de personagens para gravar um documentário sobre o transtorno e acaba por enfrentar situações embaraçosas na hora de abordar os entrevistados. Quando o cineasta desliga as câmeras, a rotina das pessoas que têm a síndrome, caracterizada pelas mudanças súbitas de humor, medo de ser abandonado pelos amigos e comportamentos impulsivos, é narrada na produção.

A tarefa de Júlio é difícil, as pessoas não gostam de se expor e a situação fica ainda mais complicada para uma produção gravada e documentada nos cinemas. As relações ficam abaladas entre cineasta, contratante e personagens.

[SAIBAMAIS] Apesar de a ideia do longa ter chegado a Cristiano por meio de Antônio Balbino, o diretor uniu um pouco da experiência da vida real para agregar no cinema. ;Esse tema é pouco difundido, é uma síndrome pouco conhecida. Eu tive uma experiência pessoal com uma pessoa ;border; e acho que a falta de conhecimento levou ao fim do relacionamento;, conta o diretor Cristiano Vieira.

Após pesquisas e laboratórios, os cineastas colocaram a ideia em prática. ;Foi bem difícil, nós gravamos durante 17 dias. Foi bem corrido, mas foi bem bacana, porque as pessoas começaram a se descobrir durante as gravações;, diz Vieira.

A equipe do filme se preocupou muito em não banalizar o diagnóstico do transtorno de Borderline e em não propagar estereótipos. ;A gente quis colocar um homem também para ter a síndrome, não podia faltar, pois tem muito preconceito em avaliar esse transtorno somente em mulheres, mas isso acontece pois os homens tendem a não procurar psiquiatras;, afirma Cristiano.

Acostumado a produzir longas documentais e curtas ficcionais, Cristiano enxergou em Eu sinto muito um documentário. No entanto, o cineasta resolveu abordar o tema de forma ficcional devido à complexidade do transtorno. Além disso, a produção marca o primeiro longa de ficção da carreira do diretor. ;No documentário, a pesquisa é muito difícil, o processo de depuração também. No caso da ficção, a gente tem que construir tudo, as coisas começam realmente do início. Muitas cenas nascem de um jeito no roteiro e, na prática, fica diferente;, avisa.

Além de Rocco Pitanga, fazem parte do elenco os atores Juliana Schalch, Carolina Monte Rosa, Wellington Abreu e Marcelo Peluccio. Atualmente, Cristiano prepara outro filme, Cisterna. A produção aborda o mundo das fake news e do sensacionalismo, além do impacto da mídia na vida da sociedade.


Eu sinto muito

Exibição no Cinemark Pier 21. Hoje e amanhã, às 19h.

Assista ao trailer:

[VIDEO1]

*Estagiária sob supervisão de Nahima Maciel

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