Diversão e Arte

Tantas palavras

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 15/10/2019 04:18
Voo

Era a hora de voar

acompanhado;

não ao destino que se desejou

lá atrás, lá adiante.

Planar entre o projeto da morada,

o da família, o da fuga.

Aceitar que o ninho

ainda é um sonho;

saber se a permanência tem sentido,

saber o que se recusa.

Convidar ao voo, ao abraço, em asas;

engalfinhar-se com o desespero,

não deixar que ele desperte.

Morrer quantas vezes for;

viver de verdade.


Sílvio Diogo, do livro Cambalhota (ed. Arte desemboque)




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