Diversão e Arte

Gênio da batuta

Aos 84 anos, o maestro Isaac Karabtchevsky está em Brasília para reger a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional

Correio Braziliense
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postado em 22/10/2019 04:17
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Nome icônico da música erudita no Brasil, com trabalho reverenciado internacionalmente, o maestro Isaac Karabtchevsky, aos 84 anos, atualmente exercita seu ofício em duas frentes. Sob sua batuta, estão a Orquestra Petrobras Sinfônica e a Sinfônica de Heliópolis, da comunidade homônima, na Zona Sul de São Paulo.

Eventualmente, na condição de convidado especial, ele costuma abrilhantar outros projetos. Hoje, por exemplo, está de volta a Brasília, para reger a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, no concerto da Sinfonia n; 1 em Ré Maior, de Gustav Mahler. Esta é a segunda vez que a OSTN atua sob o comando do maestro paulistano ; a anterior foi na época em que essa instituição brasiliense tinha à frente o seu fundador, o maestro Cláudio Santoro, cujo centenário está sendo celebrado em 2019.

Segundo Cláudio Cohen, regente titular da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, a Sinfonia n; 1, ;obra-prima de Mahler, é uma joia rara do romantismo, classificada na literatura especializada, ora como sinfonia ; gênero musical em que nenhum instrumento se destaca ; ora como poema sinfônico, forma de música orquestral em um único movimento;. A peça foi apresentada ao público, pela primeira vez, em 1889, em Budapeste (Hungria).

Karabtchevsky está de volta a Brasília quatro anos depois de se apresentar ao lado da Orquestra Petrobras Sinfônica, na Catedral Metropolitana. Aqui, o maestro tem vindo desde a inauguração da nova capital, quando, a convite do presidente Juscelino Kubitschek, dirigiu o Madrigal Renascentista, de Minas Gerais.



Concerto Gustav Mahler
Sinfonia n; 1 em Ré Maior, com duração de 60 minutos, pela Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, sob a regência do maestro Isaac Karabtchevsky, hoje, às 20h, no Cine Brasília (entrequadra 106/107 Norte). Entrada franca, por ordem de chegada, até a lotação do espaço. Os portões serão abertos às 19h15, para pessoas idosas e com deficiência física; e às 19h30, para o público em geral. Classificação indicativa livre.



Entrevista / Isaac Karabtchevsky


Como foi a sua iniciação musical?
Eu era estudante do Conservatório de Violino e Piano em 1954, aos 20 anos, tive o maestro Joachin Koelreutter como mestre, na Escola Livre de Música, em São Paulo. Os conhecimentos que ele me passou foram decisivos para seguir a trilha que havia traçado. Em Freiburg, na Alemanha, fiz curso de regência orquestral, com os professores Carl Ueter e Wolfgamg Fortner.


Quando e onde iniciou a carreira de regente?
Foi no fim da década de 1950, em Belo Horizonte, como regente do Madrigal Renascentista. Com esse grupo, a convite do presidente Juscelino Kubitschek, participamos da festa de inauguração de Brasília, em 1960, executando a Missa da coroação, de Mozart. O Madrigal é patrimônio cultural da capital mineira.


Como ocorreu o ingresso na Orquestra Sinfônica Brasileira?
No retorno da Alemanha, fui convidado pelo maestro Eleasar de Carvalho para ser seu assistente na Orquestra Sinfônica Brasileira. Em 1969, fui alçado a diretor artístico e permaneci no posto até 1994. Nesse período, fizemos várias turnês à Europa e aos Estados Unidos.


O Projeto Aquarius o levou a se tornar um maestro de grande popularidade. Isso o envaideceu?
O Projeto Aquarius tinha como objetivo desmistificar a música de concerto, por meio apresentações populares, focalizando obras mais conhecidas, como a Nona Sinfonia, de Beethoven; e a ópera Aida, de Verdi. O Aquarius durou 20 anos, de 1970 a 1990, e quase sempre era apresentado na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, com a participação de corais, e, por vezes, transmitido pela televisão.


A que países levou o seu trabalho de regência?
Fui contratado pelo Teatro La Fenice, de Veneza, entre 1995 e 2001; e da Orchestre National des Paysa de la Loire, na França. Mas tenho orgulho de ser diretor artístico do Instituto Baccarelli, em São Paulo, que mantém projeto social na comunidade de Heliópolis e reúne 1.500 estudantes distribuídos entre cinco orquestras sinfônicas e 17 corais.


Que avaliação faz dos seus 60 anos de carreira?
Vejo como uma imensa curva, não exatamente uniforme, mas que proporcionou os momentos mais mágicos da minha vida, só comparáveis com os vividos ao lado da minha família.

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