Diversão e Arte

Documentário celebra pioneiro

postado em 26/10/2019 04:08
[FOTO1]


Antes mesmo da inauguração da capital, na retaguarda, para oferecer infraestrutura aos futuros moradores, uma série de profissionais dedicou atenção especial para o desenvolvimento da cidade. Celebrado recentemente Cidadão Honorário de Brasília, o pioneiro Orédio Alves de Rezende, goiano de Pires do Rio, veio para Brasília em 1957. É sobre a trajetória dele que o documentário O legado de um pioneiro foi concebido por um dos filhos, Flávio Resende, e dirigido por Rafael Pires. Inicialmente previsto para ser um livro, o projeto rendeu como audiovisual. ;Meu objetivo maior era inspirar pessoas, a partir da exposição de valores que já não existem mais ou estão diluídos na sociedade. Quis mostrar valores de gratidão, de honestidade e de esforço;, explica Flávio, que assina a produção e o roteiro do longa.

Tornado em 1964 sócio da Induspina Autopeças (hoje, passados 62 anos, fixada na 514 Sul), Orédio irradia uma trama de vitórias: com limitação financeira, foi faxineiro da rede de autopeças, e, vindo de Anápolis, assumiu a implantação da empresa na Cidade Livre. ;Meu pai viveu o tipo de situação em que o que você fala, vale, por si só; sem necessidade de assinar papel;, conta o caçula de quatro irmãos.

O filme O legado de um pioneiro apresenta cenas raras de Brasília. ;Fizemos pesquisa de imagens em que se destacou a primeira loja, com as condições da W3 na época. Tivemos uma quantidade grande de vídeos e de fotografias conseguidas por meio da conservação resguardada pelo Arquivo Público. Isso fora o material que meu pai tinha, e ainda incrementamos com pesquisas no Clube dos Pioneiros;, explica o roteirista.

Uma exibição do filme, hoje, na Fazenda Santa Rosa (perto de Alexânia, e a 78km da capital), promete despertar uma torrente de lembranças, uma vez que depoimentos do filme mobilizaram desde o melhor amigo de Orédio até a filha do caseiro da propriedade. ;A fazenda existe há mais de 50 anos. Muita coisa gravita em torno dela. São mais de 150 famílias, na comunidade, e todos tiveram parentes que trabalharam na loja. Há uma conexão muito forte;, conta Flávio. Emoção e uma atmosfera especial devem tomar conta do evento. ;São muitas as histórias que se misturam e mexem com as pessoas;, diz Flávio.



Trabalho

Na tela, despontam episódios vividos por Orédio, hoje com 83 anos. ;Meu pai se tornou o homem da casa aos 7 anos de idade, uma vez que meu avô, Geraldino, e outro filho dele, Omélio, foram afastados para tratamento na Colônia de Leprosos de Goiânia;, conta Flávio.

O produtor notou o pendor do pai para ser referência, quando a temática do filme acolhia o campo profissional. ;A relação do meu pai com o trabalho é quase patológica: viveu a vida inteira para o trabalho, a partir do entendimento de que seria a única maneira de ascender na vida. Senti isso como ponto de convergência nas entrevistas feitas com os conhecidos;, conta Resende.

Orédio foi orador da primeira turma ginasial formada em Brasília, ainda em 1958, no Núcleo Bandeirante. Uma foto histórica da formatura, no Palace Hotel, confirma a inalteração do painel do restaurante. O documentário está disponível no YouTube.



Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação