Agência France-Presse
postado em 28/10/2019 11:55
[FOTO1]Diretoras reafirmaram no domingo (27/10), o objetivo de alcançar a igualdade de gênero em Hollywood, quando a atriz Geena Davis e a cineasta Lina Wertmuller receberam Oscars honorários em uma cerimônia repleta de estrelas e centrada na diversidade.
Davis, uma das protagonistas de "Thelma e Louise", afirmou durante o Governors Awards em Los Angeles como este ;road movie; feminista a incentivou a lutar pelo equilíbrio de gênero no cinema.
";Me fez perceber de uma maneira muito poderosa as poucas oportunidades que damos às mulheres de sair de um filme sentindo-se empolgadas e empoderadas por personagens femininas", disse Davis sobre o filme de 1991.
A atriz, que venceu o Oscar de coadjuvante por "O Turista Acidental" (1988), recebeu a estatueta honorária por seu trabalho para ressaltar a falta de mulheres em filmes. Em 2004 fundou um instituto que compila dados sobre preconceitos de gênero.
Ela pediu aos cineastas que revisem os projetos atuais e "risquem muitos nomes de personagens do elenco e coadjuvantes e os transformem em mulheres".
A diretora e atriz Olivia Wilde afirmou que Geena Davis "estava 20 anos à frente do movimento #TimesUp".
Wertmuller, de 91 anos, finalmente recebeu um Oscar honorário, mais de quatro décadas depois de se tornar a primeira mulher indicada ao prêmio de direção (por "Pasqualino Sete Belezas").
Ela recebeu a estatueta ao lado das estrelas italianas Sophia Loren e Isabella Rossellini, que traduziram o apelo da diretora para que o prêmio receba um novo nome, feminino.
"Ela gostaria de chamar de ;Anna;. Mulheres no salão, por favor gritem: ;Queremos Anna, um Oscar feminino", afirmou Rossellini.
A origem do apelido "Oscar" não está clara, mas se acredita que deriva da semelhança da estatueta com um parente de um dos primeiros integrantes da Academia.
"Estava na hora"
Várias estrelas compareceram à cerimônia no salão Ray Dolby de Hollywood, incluindo Leonardo DiCaprio, Tom Hanks, Quentin Tarantino, Eddie Murphy, Scarlett Johansson e Jennifer Lopez.
O protagonista de "O Último dos Moicanos", Wes Studi, se tornou o primeiro ator nativo americano a receber um Oscar.
"Eu gostaria apenas de dizer: já estava na hora", declarou Studi, muito aplaudido. "Tem sido uma viagem selvagem e maravilhosa", completou.
Studi foi apresentado por Joy Harjo, o primeiro poeta nativo americano premiado, e pelo ator Christian Bale, que classificou o momento como "muito aguardado".
"Poucas oportunidades no cinema, nos dois lados da câmera, foram concedidas a artistas nativos ou indígenas, Estamos em uma sala cheia de pessoas que podem mudar isso", disse Bale, que protagonizou com Studi o filme "Hostis", de 2017.
Os protestos do #OscarsSoWhite na temporada de 2016 chamaram a atenção sobre os problemas de diversidade da premiação.
[SAIBAMAIS]O prêmio de Studi acontece quase meio século depois de Marlon Brando rejeitar o Oscar de melhor ator por "O Poderoso Chefão" em protesto pelo tratamento que a indústria do cinema dava aos nativos americanos.
A música indígena canadense Buffy Sainte-Marie venceu o Oscar de canção original em 1982, prêmio compartilhado com mais dois compositores.
A noite começou com um Oscar honorário para David Lynch, indicado três vezes ao prêmio de melhor diretor, mas que nunca venceu a estatueta.
Considerado um dos principais cineastas americanos de sua geração, Lynch é o diretor de clássicos cult como "Veludo Azul" e "Mulholland Drive" (Cidade dos Sonhos), assim como da série de TV "Twin Peaks".
Ele foi apresentado por Laura Dern e Kyle MacLachlan, que atuaram em vários de seus filmes, e descreveram Lynch como um "homem renascentista moderno".
"David é um homem que ousa inventar, criar e desafiar a si mesmo, todos os dias", afirmou Dern.
Os Oscars honorários são entregues todos os anos para homenagear as carreiras de grandes figuras do cinema. A cerimônia passou a acontecer em um evento separado em 2009 para tentar resolver a questão do tempo apertado da noite do Oscar.