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Conheça Robert Litig, brasiliense fisgado pelo teatro musical

O brasiliense Robert Litig trabalha em musicais e avalia que no futuro haverá uma despolarização do centro RJ-SP

ROBERTA PINHEIRO
Roberta Pinheiro
postado em 29/10/2019 08:52
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Formado pela Faculdade Dulcina, o brasiliense Robert Litig descobriu no trabalho atrás das cortinas o desafio que o encanta e motiva. Entre uma sessão e outra do musical Zorro ; nasce uma lenda, com direção de Ulysses Cruz, ele encontra uma brecha para contar sobre a vida nas coxias dos teatros de São Paulo, cidade onde atualmente mora. A dramaturgia cantada entrou na vida de Litig por causalidade. Apesar da formação em artes cênicas, desde a faculdade, o brasiliense deu os primeiros passos no trabalho de produção teatral na capital federal. Depois, foi para o Rio de Janeiro trabalhar com Miguel Falabella na versão brasileira de Xanadu. Ali, parece que os deuses dos musicais definitivamente fisgaram Litig. ;Como os contratos de musical são grandes, de longos períodos, fui indo de um para o outro e fiquei longe de Brasília;, relembra.

Desde então, são quase 10 anos trilhando esse caminho. No currículo, o brasiliense tem assinado produções como Cazuza ; pro dia nascer feliz, Dois filhos de Francisco e Zeca Pagodinho ; uma história de amor ao samba. ;Trabalho com uma equipe multifuncional, do objeto de cena até a pessoa que opera o som, o vídeo, o cenário. É uma engrenagem. Enquanto produtor, lido com tudo, uma grande quantidade de pessoas todos os dias. É uma estrutura muito grande, saber como funciona e o que precisa fazer para funcionar. Esse desafio sempre me encantou;, detalha.

Ao se mudar para São Paulo, hoje um dos principais polos de produção e consumo de musicais no país, Litig esclarece que existem vários formatos do gênero. Aquele no qual copia tudo e se importa desde os produtores até figurinos. ;Você só monta e adapta a língua. Esse formato é o mais popular e são os responsáveis pelos grandes índices de bilheteria no Brasil;, comenta. Outros são os que se compra o direito de adaptar, como Xanadu, de Miguel Falabella, e a versão nacional tem a liberdade de criação. ;O desafio quando a gente adapta a obra é dar uma cara brasileira para as pessoas se identificarem com as histórias;, pontua.

Para Litig, cada vez mais, o público brasileiro quer espetáculos que tenham a ver com a cultura nacional, que gerem identificação. Por isso, o surgimento de franquias que se inspirem em narrativas da música popular brasileira, como Elis, Elza e Zeca Pagodinho. Além do reconhecimento, as peças chamam a atenção daqueles que gostam das músicas. ;Ainda não tive o prazer de trabalhar, mas vejo em São Paulo, espetáculos sendo montados a partir de contos, de histórias novas. Esse é o desafio que vejo, criar histórias inéditas. Os americanos já fazem isso muito bem;, analisa.
'Cazuza - Pro dia nascer feliz'

Interação


Em Zorro ; nasce uma lenda, Litig trabalha com Letícia Spiller e Marcos Mion na comemoração 100 anos de criação do personagem do escritor norte-americano Johnston McCulley. ;É uma peça diferente do formato tradicional, é imersiva, ambientada em um bar espanhol, com tapas, vinhos e flamenco. O público interage;, descreve o produtor. Na avaliação do brasiliense, essa configuração tem, aos poucos, se tornado popular, porque a plateia quer imergir na experiência. ;A gente cria uma sensação de pertencimento do público com a narrativa e o musical. Também é uma forma de se adaptar aos novos espaços disponíveis para o teatro;, acrescenta.

No futuro das produções musicais, Litig acredita que haverá uma despolarização e, inclusive, vê o desenvolvimento da cena brasiliense. Entre um ensaio e outro de Zorro, ele esteve na capital para participar da 1; Mostra de Teatro Independente Musical e viu com bons olhos o desenrolar dos trabalhos na terra natal. ;Vejo que há uma luta muito grande, mas que existe uma barreira de divulgação que está sendo quebrada pela qualidade dos trabalhos. É preciso se aproximar do público e superar algumas dificuldades técnicas. Aqui (São Paulo) também tem dificuldades que foram vencidas aos poucos. Fazer teatro é um ato político;, conclui.

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