Diversão e Arte

Pianista Fabio Martino se apresenta na série Piano Brasileiro

Radicado na Alemanha, Martino é considerado pianista revelação no cenário internacional

Nahima Maciel
postado em 31/10/2019 14:50
[FOTO1]
Parte do charme do piano de Fabio Martino tem a ver com o fato de ser brasileiro. As raízes latino-americanas estão fortemente plantadas no ritmo e, sobretudo, na escolha do repertório do pianista paulista. Radicado em Karlsruhe, na Alemanha, desde 2008, depois de ganhar destaque em competições internacionais e vencer o concurso BNDES, Martino tenta sempre inserir uma lembrança de sua brasilidade, seja à frente de orquestras como a Sinfônica de Berlim, seja em gravações. Em Brasília, ele sobe ao palco do auditório do Centro Cultural da ADUnB nesta quinta (31/10) para apresentar o disco Latin soul como parte da Série Piano Brasileiro, realizada pelo Instituto Piano Brasileiro e Naná Maris Produções.


Latin soul é o terceiro álbum de Martino. No primeiro disco, de 2013, ele toca peças de Johannes Brahms, Robert Schumann e do brasileiro Edino Krieger, e, no segundo, Passion, de 2016, sonatas de Beethoven e obras de Franz Liszt. Este último traz também um arranjo de Marc-André Hamelin para Tico-tico no fubá, de Zequinha de Abreu. A versão foi classificada pela crítica como extremamente virtuosística. Recentemente, Martino também gravou o Concerto para piano n; 1, de Serguei Rachmaninoff com a Filarmônica de Stuttgart. ;Alma brasileira é uma mistura de obras bastante conhecidas, como o Ciclo brasileiro, de Villa-Lobos, com obras menos conhecidas, como a Sonatina, do Guastavino, que foi uma surpresa para mim;, avisa.
Há dois momento especialmente brilhantes em Latin soul, quando o pianista interpreta o choro Alma brasileira, de Villa-Lobos, e o delicado e melancólico Bailecito, uma das peças mais belas escritas pelo compositor argentino Carlos Guastavino. ;Sempre fui um pianista super eclético e aberto a desafios, sempre interpretei obras de diversos compositores, independente da nacionalidade. E a música latino-americana sempre esteve presente no meu repertório, ao lado de Beethoven e Rachmaninoff.;

Além de inserir a música da América Latina nos repertórios em concertos no exterior, Martino, 31 anos, também aproveita as oportunidades de bis para colocar um Francisco Mignone, um Villa-Lobos ou um Camargo Guarnieri. ;E as pessoas adoram isso. A partir daí surgiu a vontade de gravar o Alma brasileira, porque muitas gente vinha perguntar ;que música foi essa;. É uma música querida, as pessoas amam, é muito colorida, muito cheia de energia, tem vigor e encanta;, conta. ;Além disso, a música tem uma força tão grande, consegue mostrar a grandeza do nosso continente, do país, e as diferenças estão bem representadas. Isso cria uma variedade incrível.;

Martino começou a estudar piano aos 5 anos, com a avó. Aos 22, ganhou o primeiro lugar no Concurso BNDES e, desde então, deu início a uma carreira internacional que tem levado boa parte dos bons pianistas jovens brasileiros para fora do país, onde as oportunidades na música são maiores. Com uma agenda de concertos que, apenas este ano, o levou à China, ao Brasil e por vários países da Europa, Martino encanta por uma combinação rara que ele credita, em parte, ao fato de ser brasileiro. ;Acho, sim, que tem uma coisa no sangue que é diferente, característica da nossa cultura, cheia de ritmos e tão influenciada pelos africanos, pelos indígenas, pelos europeus. Acho que a maneira como eu toco já é vista dessa maneira;, avalia. Os críticos costumam apontá-lo como um pianista ousado e aberto a novos desafios no cenário internacional. Um reflexo disso é a escolha do repertório e a vontade de não fazer apenas o tradicional e de procurar coisas novas. ;Mas sinto, sim, essa questão rítmica musical muito aflorada;, garante.
Série Piano Brasileiro com Fabio Martino
Nesta quinta, (31/10), às 20h, no Centro Cultural ADUnB (UnB, Campus Darcy Ribeiro). Ingressos: R$ 50,00 à R$ 300,00 (inteira). Classificação indicativa: 10 anos

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação