Diversão e Arte

Martin Scorsese aprofunda crítica à Marvel em texto no New York Times

Anteriormente, o diretor havia dado a polêmica declaração de que não considerava os filmes da Marvel como cinema

Correio Braziliense
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postado em 05/11/2019 12:28
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Nesta segunda-feira (4/11), foi publicado, na sessão de opinião do jornal New York Times, um texto do diretor Martin Scorsese, no qual ele aprofunda a crítica em relação aos filmes da Marvel e afirma que o problema está na maneira em que estes longas são consumidos e produzidos.

[SAIBAMAIS] Há pouco mais de um mês, o aclamado diretor deu uma declaração polêmica durante uma entrevista à revista Empire. Segundo o cineasta, os filmes da Marvel não são cinema. "Eu não vejo (os filmes). Eu tentei, sabe? Mas aquilo não é cinema", disse o diretor. "Honestamente, o mais próximo que consigo pensar deles, por mais que sejam bem feitos, com os atores fazendo o melhor que podem sob as circunstâncias, são os parque temáticos".

Para Scorsese, o fato de não se interessar pelos filmes da Marvel é "uma questão de gosto e temperamento pessoal", como relata no texto do New York Times. "Sei que, se eu fosse mais jovem ficaria empolgado com estas imagens e talvez até quisesse fazer. Mas eu cresci quando tinha que crescer, e desenvolvi um senso de cinema ; do que eles eram e do que poderiam ser ; e isto estava tão longe do universo Marvel quanto nós, na Terra, de Alpha Centauri (um sistema estelar a 4,37 anos luz de distância do nosso planeta)".

Ele admite que muitos fundamentos do cinema, como ele conhece, estão nos filmes da Marvel. No entanto, Scorsese aponta: "Não existe revelação, mistério ou perigo emocional genuíno. Nada está em risco. As imagens são feitas para satisfazer um conjunto específico de demandas, e são projetadas como variações em um número finito de temas".

"Tudo neles é, oficialmente, sancionado porque realmente não pode ser de outra maneira. Essa é a natureza das franquias modernas do cinema: pesquisas de mercado, testes de audiência, avaliação, modificação, reavaliação e remodelação até estarem prontas para o consumo", escreveu o diretor.

Scorsese ainda diz que os filmes de Hitchcock podem se assemelhar às atuais franquias, pelo fato das estreias de Psicose, Pacto sinistro, entre outros filmes do diretor, terem sido consideradas grandes eventos. Mas, a reverência que se dá a estes longas se dá pela qualidade da obra e não pela quantidade de público que obteve.

Martin Scorsese conclui o extenso texto com um recado aos cineastas aspirantes. "Para quem sonha em fazer filmes ou está apenas começando, a situação neste momento é brutal e inóspita para a arte. E o simples ato de escrever essas palavras me enche de tristeza terrível".

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