Agência Estado
postado em 19/11/2019 07:05
O ator Hugo Bonemer se sentiu surpreso e lisonjeado quando recebeu a mensagem: assinada pelo autor e produtor americano David Zellnik, era um convite para participar de um evento mundial que vai comemorar os 10 anos de estreia de Yank, musical Off Broadway que conta a jornada de descoberta afetiva de um jovem recruta durante a Segunda Guerra Mundial. "Foi surpreendente, pois nossa montagem foi feita na garra, sem nenhum patrocínio e que só sobreviveu graças ao público LGBTQIA+, que ajudou na divulgação", conta o ator.
Zellnik escreveu o musical ao lado irmão, Joseph. "Queríamos contar algo novo na Broadway e apostamos nessa história inovadora", disse ele ao jornal O Estado de S. Paulo, em 2017, quando veio ao Rio acompanhar a montagem brasileira. Foi a boa impressão, aliás, que levou daqui que o convenceu a convidar Bonemer para o evento que acontece em 24 de fevereiro, em Nova York. Nesse dia, vão se encontrar intérpretes de elencos americanos e ingleses, e cada um vai cantar um dos temas do musical em um grande show.
"Tive a honra de ficar com a canção que é o tema do meu personagem", conta Bonemer, que viveu Stu, o soldado que se apaixona por outro, Mitch, em pleno campo de batalha. "A peça se baseia no afeto e não na sexualidade. E será a primeira vez que um espetáculo Off Broadway vai reunir elencos distintos para um show."
Yank! chegou ao Brasil graças ao esforço inicial do ator e produtor Leandro Terra, que buscava um musical com temática LGBTQIA+. Entusiasmado com o espetáculo dos irmãos Zellnik, foi em busca de patrocínio, mas o tema desencorajou todos os representantes de marketing das empresas, temerosas de associar sua marca a um assunto, para elas, espinhoso.
Disposto a levantar o espetáculo, Terra partiu para a solução comunitária: o elenco abriu mão de salários e, graças a uma vaquinha virtual, foi possível cobrir os custos técnicos. Com isso, Yank! foi apresentado no Rio durante duas temporadas e atraiu mais de dez mil pessoas. Foi a mistura do empenho do grupo com a ótima recepção que encantou David Zellnik que, em troca, incluiu Bonemer no evento dos dez anos.
O ator diz acreditar que essa honrosa consideração pode favorecer o espetáculo chegar a São Paulo, onde ainda não houve temporada. "É um público que merece conhecer a engenhosidade da história, pois, se no primeiro ato, a trama brinca com os preconceitos com que a plateia está acostumada, no segundo, as relações se tornam mais cruéis", afirma.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.