Diversão e Arte

Cacau Protásio reage após ataques racistas e gordofóbicos

A atriz publicou uma série de vídeos no Instagram explicando o acontecimento

Estado de Minas
postado em 28/11/2019 10:19
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Após repercussão dos áudios onde bombeiros fazem ataques racistas, machistas, gordofóbicos e homofóbicos sobre Cacau Protásio e quatro bailarinos, a atriz publicou um vídeo em sua conta do Instagram onde, muito abalada, comenta o caso.

"Em respeito a vocês, vim aqui dizer o que está acontecendo. Estou fazendo um filme onde interpreto uma bombeiro sargento, e, domingo, fui gravar no batalhão no Centro da cidade. Fui super bem recebida e bem assessorada, sendo que tem um bombeiro que fez um vídeo de uma cena solta e espalhou por aí. Em momento algum ele desceu pra saber o que tava acontecendo, o que é que era. E a cena que ele postou é um pedaço de uma cena que é um sonho do meu superior. Eu faço um filme, eu conto história. Aquilo ali é uma ficção, não é realidade. E ele espalhou o vídeo com um áudio me xingando de negra, gorda, filha da puta, cambada de viado. Racismo é preconceito, se ele não sabe. E isso é muito triste. Não entendi por que tanto ódio", disse.

"Sou negra, sou gorda, sou brasileira, sou atriz, eu conto histórias, conto ficção. Não mereço ser agredida, assim como nenhuma pessoa. Eu respeito a opinião de alguns bombeiros que dizem que ;ah, eu não acho certo;, mas vai ver realmente a história antes de agredir. Eu printei tudo o que foi colocado na minha página. Tem uma menina no Facebook também super falando mal. Postou uma foto minha de farda e os coleguinhas dela me detonando. Tudo isso eu printei, porque você ser preconceituoso é crime. Racismo é crime. Você pode não gostar, mas tem que respeitar. E por que esse ódio? Juro que não entendo. A cena é uma alucinação de um personagem, um sonho, quando ele volta eu tô ali, trabalhando. O bombeiro é uma corporação que eu respeito, que amo, que queria ser quando criança. Nas minhas primeiras entrevistas, sempre falei isso."

Cacau aproveitou para criticar a postura dos profissionais que a insultaram. "Sei que sou uma pessoa forte, mas ouvir tudo isso de um ser humano é horrível, é muito triste. E como uma pessoa que veste uma farda tão linda tem essa postura? Como posso dizer que ele salva vidas, que ele faz o amor, tendo essa postura e falando tanta coisa horrorosa, tanta coisa feia, ofendendo? Eu respeito e acho que eles têm o direito de gostar ou não gostar. Mas eles tinham que perguntar primeiro. O mal da gente é primeiro julgar e jogar pedra, pra depois saber o que era e falar que não era algo tão ruim. Só estou aqui pra dizer que racismo é crime. Isso não se faz", completou.

Por fim, a atriz disse que, em função da repercussão, existem chances de a cena gravada nunca ir ao ar: "A filmagem da gente foi tão legal e, agora, eu ouço que vai ser tirada do filme, que vão mandar cortar. Então por que as pessoas que estavam lá autorizando acharam legal, abraçaram a gente e disseram que estava tudo bem? A gente não fez nada absurdo. Se as pessoas pedirem pra ver a cena, vão ver que não é nada absurdo. Mas respeito a opinião dos bombeiros. Não sei o que eles passam, só admiro. Mas peço que a gente tenha mais compaixão um com o outro".

Em nota oficial, a assessoria de Imprensa do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro informou que "não compactua com qualquer ato discriminatório. A corporação se solidariza com a atriz Cacau Protásio e já abriu procedimento interno para identificar o(s) militar(es) e apurar a conduta. O CBMERJ reforça o seu compromisso com a população de ;Vida Alheia e Riquezas Salvar; independente de cor, gênero, raça ou qualquer outra distinção. Os atos divulgados não representam a corporação centenária que, por anos seguidos, é considerada a instituição mais confiável do Brasil."

Confira os vídeos publicados por Cacau

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O CASO

Em uma gravação para o filme Juntos e Enrolados, no quartel do Corpo de Bombeiro do Rio de Janeiro, a atriz Cacau Protásio viveu momentos de terror por conta de comentários racistas.

Em uma conversa de Whatsapp, bombeiros atacaram a mulher com frases preconceituosas e intolerantes.

De acordo com informações do jornalista Leo Dias, um dos áudios dizia: "Olha a vergonha no pátio do quartel central. Essa mulher do ;Vai que Cola;, aquela gorda, colocou a farda e botou os dançarinos viados com roupa de bombeiro. Isso é um esculacho, rapaz. Qual é a desse comandante? Vai deixar uma putaria dessas no pátio do quartel?"

Em um outro áudio, também enviado no grupo do Corpo de Bombeiros, um integrante disse que a presença dela naquele ambiente era vergonhosa, além de tê-la intitulado ;gorda, preta e filha da puta;.

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