Diversão e Arte

A revanche feminista

Empoderamento feminino e vingança, por artifício de crimes, são discussões de As golpistas, filme com Jennifer Lopez

postado em 05/12/2019 04:17
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Não é necessariamente pela associação com a música que a diretora e roteirista de cinema, atuante numa banda chamada The Shortcoats, Lorene Scafaria ; por trás de filmes como Procura-se um amigo para o fim do mundo e Nick e Norah: Uma noite de amor e música ; ficou conhecida. Aos 41 anos, Lorene, para muitos, impulsionou uma das melhores interpretações da veterana Susan Sarandon, em A intrometida (2015). Quem já assistiu ao mais recente filme dela, As golpistas, que estreia hoje, tem como certa a indicação para prêmios importantes de uma das protagonistas: a cantora e dançarina de sangue hispânico Jennifer Lopez. Vista em filmes de pouca repercussão como O garoto da casa ao lado e Encontro de amor, Lopez fez muito barulho no Festival Internacional de Cinema de Toronto, em meados de setembro.

Ganância e empatia são duas qualidades representadas pela estrela Lopez, neste novo filme da diretora Lorene Scafaria. Suspense e ternura alimentam a cadeia de vinganças orquestradas por Ramona, a personagem de Lopez no longa-metragem. Baseado na reportagem The hustlers at scores (publicada pela New York Magazine), o filme trata de um acerto de contas. Uso de drogas, extorsões via cartões de crédito e malabarismos sexuais, em canos de pole dance e inferninhos de boates, tomam a cena. Ainda que As golpistas alinhe na trilha músicas de Janet Jackson, 50 Cent e Britney Spears, a ilusão radiante das extravagâncias de noitadas maldormidas é que estão em foco no roteiro.

Elogiada por revistas como a Vanity Fair, Jennifer Lopez, na verdade, é coadjuvante de peso em As golpistas. O miolo do filme está na revisão de valores feita por strippers novaiorquinas unidas contra malfeitores de seus passados. Enquanto rodopio de dólares e desequilíbrio monetário decorrente da crise de Wall Street, em 2008, faziam a festa, Mercedes (Keke Palmer), Annabelle (Lili Reinhart, atriz de Riverdale), Liz (a rapper Lizzo) e Diamond (Cardi B), depois de sucesso com cifras estratosféricas junto à chamada ;vida fácil;, reveem as condições e os desgastes psíquicos da exploração sexual. Na narrativa, Destiny (Constance Wu, atriz de Podres de ricos), uma das arrependidas da trama, relata episódios de vida para a repórter Elizabeth (Julia Stiles).

Ao custo de U$ 20 milhões e com 30 dias de filmagens, As golpistas deriva do texto da reportagem de Jessica Pressler. Nele é possível entender a rede de traficantes e de prostituição que, por exemplo, intermedeia a renda extra para a garota Rosie, que abandona a escola, a fim de ser empregada num restaurante repleto de extenuantes jornadas. A associação com ;cavalheiros; de escritórios da vizinhança (e a hipnotizante grana decorrente) se dá a partir de gorjetas e de insinuações que, futuramente, num revide das moças, vai ocasionar uma pilha de roubos, nos quais os homens assumem prejuízos, ao serem dopados pelas antigas amantes.

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