Diversão e Arte

Dez anos da Plágio Companhia

postado em 08/12/2019 04:17
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Em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, a peça Atrás das paredes, da Plágio Companhia de Teatro, convida o público a adentrar à cena, de maneira invisível, quase como um vizinho com binóculos a espiar pela janela do prédio da frente. A partir da dramaturgia realista do argentino Santiago Serrano, o grupo teatral também celebra mais de 10 anos dedicados à arte e, assim como na trama, a cada espetáculo, a plateia é convidada a embrenhar em um jogo de atuação que se tornou assinatura da Plágio.

;A companhia tem um trabalho muito pautado no ator, bem intimista para que o público se sinta bem perto da cena. Minha profissão primeira é ser ator. Então temos um trabalho de muita verdade na construção do personagem para que isso aproxime a identificação do público e nos possibilita trabalhar questões humanas e relevantes para a construção de uma sociedade melhor;, explica o diretor Sérgio Sartório.

No palco como Flora, personagem responsável por arquitetar a reunião das famílias, a atriz, produtora cultural e preparadora de elenco Daniela Vasconcelos avalia que o ator é a essência do produto final da Plágio. ;Não que os outros elementos não sejam importantes, um acrescenta ao outro. Mas se a gente foca em bons atores, bem trabalhados, que entendem o que estão fazendo e o rumo do personagem, os outros elementos vão agregando;, analisa.

Nessa busca por um teatro que se comunica com o público em uma relação íntima de identificação humana, os textos do dramaturgo Santiago Serrano dialogaram muito bem com o trabalho da companhia. ;Acho que esse é nosso material, o humano, as relações humanos. E tentamos repassar tudo isso para os espectadores;, completa Daniela.

Com 14 montagens produzidas, algumas apresentadas em mais de 50 cidades brasileiras, e 18 prêmios conquistados, o grupo avalia de maneira positiva o amadurecimento e o crescimento no decorrer dos 10 anos. ;Como um dos fundadores, me sinto muito feliz com a história da companhia e com as quatro peças que continuam em repertório a partir das pessoas que se mantiveram na companhia;, comenta Sartório.

Além de Atrás das paredes, a Plágio apresenta A autópsia de um beija-flor, Noctiluzes e Saiba o seu lugar. ;São espetáculos com textos do Santiago Serrano, que optamos por trabalhar com ele durante um período para assinar as narrativas e ter uma identidade e uma personalidade não só na estética e na encenação. Temos esse êxito de ter uma identidade e das pessoas reconhecerem o nosso trabalho;, completa o diretor.

Apesar de um enredo de suspense, a peça em cartaz no CCBB é uma celebração tanto para quem está no palco como para quem está nos bastidores. Todos os nomes que aparecem na ficha técnica trabalharam ou trabalham com a companhia. ;Foi uma ideia para que todos pudessem participar de alguma maneira dessa comemoração;, acrescenta Sartório. Depois de mais de 10 anos de trabalho juntos, a interação entre os companheiros de elenco é grande. ;É uma família ali dentro. Todo mundo se abraçou e resolveu falar desses temas em um momento tão complicado do nosso país. Brasília cresceu muito com o teatro de grupo e com os editais, o que fortaleceu e favoreceu a companhia a estar atuante. A situação artística que vivemos é complicada, não é fácil, mas é transformadora, e é muito bom ver o teatro cheio. É uma felicidade estar no palco comemorando com essas pessoas e retornando ao palco depois de quatro anos;, celebra Daniela.

Em 2020, a Plágio foi convidada para apresentar Noctiluzes no Festival Internacional de Teatro do Alentejo (Fita) e prepara o lançamento de uma adaptação da mesma peça para o cinema.


Atrás das paredes
Da Plágio Companhia de Teatro, com direção de Sérgio Sartório e texto do dramaturgo Santiago Serrano. No Teatro do Centro Cultural Banco do Brasil. Hoje, sessões duplas, às 18h e às 20h. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia) ; as sessões das 18h terão entrada franca. Não recomendado para menores de 16 anos.

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