Agência Estado
postado em 20/12/2019 07:00
Depois do anúncio feito na quarta-feira, 18, pela Agência Internacional do ISBN, de que a Câmara Brasileira do Livro assumiria a emissão do ISBN no Brasil em março de 2020, a Fundação Biblioteca Nacional lamentou a não renovação de seu contrato, vigente há 41 anos. Ela fazia esse serviço por meio da Fundação Miguel de Cervantes de Apoio à Pesquisa e à Leitura da Biblioteca Nacional, com sede na própria Biblioteca Nacional. O ISBN é o código que identifica um livro (título, autor, país, editora, formato). Custa R$ 22 para fazer um.
Em nota, afirmou que a interrupção da parceria da Biblioteca Nacional com a Fundação Miguel de Cervantes acarretará a descontinuidade do apoio para a realização de projetos culturais. "São recursos extras ao orçamento, que foram até hoje importantes à instituição." Mais adiante na mesma nota, disse que o calendário será mantido - que estão buscando parcerias, mas que o orçamento anual para essas ações está garantido. Ainda segundo a nota, os valores arrecadados anualmente com o serviço são da ordem de R$ 4 milhões.
A Fundação Biblioteca Nacional questiona a capacidade da CBL, entidade privada que reúne editoras, livrarias e distribuidoras, de realizar o serviço, o risco para a qualidade do atendimento e o aumento no preço. "Não há garantia da excelência operacional da prestação do serviço por terceiros tecnicamente desconhecidos, já que nenhuma outra instituição ou empresa operou antes o ISBN no Brasil", diz.
Quem vai prestar esse serviço para a CBL, como a Fundação Miguel de Cervantes fazia para a Biblioteca Nacional, será a Metabooks, uma empresa alemã ligada à Feira do Livro de Frankfurt que já está presente no Brasil, depois de firmar uma parceria com a própria Câmara Brasileira do Livro, com sua plataforma de gerenciamento de metadados. Na Alemanha, ela é a responsável pela emissão do ISBN, além de oferecer o mesmo serviço de metadados.
Sobre a qualidade do serviço que vem sendo oferecido pela Biblioteca Nacional, o mercado diz que anda tudo bem. Mas anos atrás, por causa de uma greve de servidores, os editores tiveram que esperar cerca de 60 dias pelo ISBN - coisa que, às vezes, leva horas para emitir.
A mudança foi anunciada agora, mas já vem sendo tratada há muito tempo. A CBL afirma que manifestou seu interesse à Agência Internacional de ISBN em setembro de 2018. Desde o início do ano, a Biblioteca Nacional, que tem um novo presidente, Rafael Nogueira, desde o dia 6, sabia do risco de não ter o contrato renovado e vinha tentando contornar a situação. Também em nota, a CBL garantiu que o preço será mantido para todos os usuários do serviço, associados ou não à entidade e que está "focada em desenvolver e implantar uma solução que ofereça as melhores soluções e serviços relacionados ao ISBN".
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.