Diversão e Arte

Confira a crítica do filme 'O caso Richard Jewell', em cartaz nos cinemas

O longa-metragem é assinado por Clint Eastwood e tem como tema o atentado na Olimpíada de Atlanta, em 1996

Correio Braziliense
postado em 08/01/2020 08:30
À frente do novo longa de Eastwood, Sam Rockwell e Paul Walter Hauser

Reabilitação e reparo de fortes injustiças: é nessa linha que os últimos filmes assinados por Clint Eastwood vêm trilhando. Num breve retrospecto, dá para se listar Sully: O herói do Rio Hudson (2016) e Sniper Americano (2014). Isso, descontada o apego pelas reconstituições ligadas a figuras heroicas como, no caso de 15h17: Trem para Paris, realizado há dois anos.

Com o novo filme, O caso Richard Jewell, Eastwood bifurca os propósitos, e, ao lado do mesmo roteirista de O preço de uma verdade e Capitão Phillips, Billy Ray, retrabalha versões para quem observa Jewell (Paul Walter Hauser, de Eu, Tonya), uma espécie de Forrest Gump, que objetiva o futuro na polícia, respeitando autoridades, e sendo partidário da “lei e ordem”. Há ainda uma exagerada ingenuidade nele.

“Só se fala em você”, exalta a mãe de Jewell, Bobi (Kathy Bates, indicada ao Globo de Ouro), ao se maravilhar com os efeitos da mídia na vida do filho, promovido a herói, por, como agente de segurança, ter estancado maiores reflexos para um atentado à bomba, há 24 anos, no Centennial Park (Atlanta), durante os Jogos Olímpicos. Inescrupulosos agentes federais como Shaw (John Hamm, de Mad men) e Bennet (Ian Gomez) tratam de facilitar o pendor na balança da opinião pública determinada a considerar Jewell “santo ou selvagem”.

A ambivalência nunca deixa de ser forte, em relação à figura do protagonista encarnado por Paul Walter Hauser, mas não acompanha a sombra da dúvida (de ter sido culpado ou inocente), e sim o incômodo de ser um cara eufórico (quando se trata de defender a irretocabilidade dos distintivos da polícia) e um verdadeiro paspalhão, ainda que desprovido de privacidade e de paz, pelo invasivo processo de investigação de autoridades dos Estados Unidos.

Até o ímpeto de optar por uma faceta mais determinada, Jewell desenha um desânimo, e não convence como alguém atordoado pelas manobras de inimigos perfeitamente definidos, entre os quais a carreirista, arrogante e sexualizada repórter Kathy Scruggs (interpretada com empenho, por Olivia Wilde).

Entre uma choradeira descontrolada, face à injustiça encarada por Jewell, ao menos um personagem transparece maior controle: o advogado Watson Bryant (Sam Rockwell, de Três anúncios para um crime). Se não demonstra sutilezas de fitas da ótima fase de As pontes de Madison ou Invictus, Eastwood — cuja direção beira o constrangedor em cenas como as do câmpus universitário — ao menos mantém uma carga de humor, em que a sentimental personagem Bobi (a perfeccionista Bates) responde por nobre acuidade.

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