Diversão e Arte

Coletivo Moiras quer produzir e disseminar artes entre as mulheres

Três artistas e feministas tomam as rédeas da própria história na arte de Brasília e disseminam conhecimentos

Correio Braziliense
postado em 09/01/2020 06:05
Clarisse, Jacque e Júlia: as três moiras da arte brasiliense

As moiras são entidades da mitologia grega representadas por três irmãs — Clotos, Láquesis e Átropos —, que à volta da Roda da fortuna teciam o destino humano — o nascimento, a vida e a morte. Em Brasília, há cerca de um mês e meio, três artistas plásticas, tatuadoras e educadoras — Clarisse Maria Terra, Jacque Bittencourt e Júlia Filardi — uniram seus destinos para tomar as rédeas dele, por meio da arte, formando o coletivo Moiras, cuja inauguração foi no último sábado.

A proposta do trio é produzir e disseminar arte entres as mulheres, e para elas. “Nosso objetivo é produzir muito, tanto em tatuagem quanto em outras técnicas, e disseminar o nosso trabalho, abrindo oportunidade pra outras pessoas aprenderem, promovendo oficinas diferentes, cursos abertos, coisas que sejam democráticas e acessíveis a Brasília”, explica Jacque.

O movimento inaugural se deu na noite de ontem, em um evento com rodas de conversas sobre ginecologia autônoma e design thinking, oficinas de mandala de feitio de tabaco com ervas medicinais, mostra de curtas, flash day de tatuagem e exposições. “A gente fez esse evento pra evocar o feminino. É um evento para o feminino”, Jacque define. O local que sediou o evento é o mesmo que abriga o coletivo: o Espaço de Arte Júlia Filardi, batizado com o nome de sua dona.

Júlia Filardi, 41 anos, é artista plástica, tatuadora e arte educadora. Fundou a própria escola em 1997, na cidade natal. Passou por Londrina (PR) e, desde 2012, mantém suas atividades em Brasília, em uma casa grande e arborizada na quadra 715 Norte. Jacque Bittencourt, 33 anos, é tatuadora, pedagoga e arte educadora. Com Clarisse Maria Terra, 20 anos, tatuadora e estudante de artes, integrava o coletivo de mulheres Villavelha Tatoo Coworking.

Com a dissolução do antigo coletivo — o destino levou suas integrantes para direções diferentes — Jacque e Clarisse precisavam de um espaço para trabalhar, e, por sorte, Júlia tinha bastante espaço na sua escola de artes: um quarto que usava para tatuar apenas esporadicamente e outro que ainda estava vazio. “Eu tenho de administrar a escola e dar aulas, então não me dedico integralmente à tatuagem. Faço por amor”, explica Júlia.

Com a adesão de Jacque e Clarisse às fileiras da escola, seja como tatuadores ou como educadoras (Jacque, que trabalha na rede pública de ensino, passará a dar aulas de vitral e artes para crianças em janeiro), estava consolidada a parceria que deu origem ao coletivo. “Eu tenho um curso que é O feminismo na arte contemporânea, no qual faço uma curadoria de artistas mulheres. Então,  procuro dar visibilidade às mulheres e também abrigá-las aqui no meu espaço de arte”, diz Júlia.

“A gente uniu forças e vai passar este ano realmente juntas com esse coletivo. Nos demos muito bem, criativamente e pessoalmente. E agora, organizando o evento, parece que teve realmente uma química, então eu estou muito feliz”, comemora Júlia, e descreve as colegas: “A Jacque é uma mãezona. A Clarisse é uma menina nova, mas muito responsável, também já está tatuando incrivelmente, e me ensina muita coisa. O coletivo tem essa pegada mais feminista mesmo, de ser senhoras do nosso destino. Ter iniciativa, fazer acontecer, se unir e partir pra ação”.

*Estagiário sob supervisão Severino Francisco
 
 
 
 
 
 
 
 

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