Correio Braziliense
postado em 15/01/2020 04:45
Ainda estamos em janeiro, o verão já está a pino, e o carnaval já bota as asinhas de fora no Planalto Central. Não só as asas como as barbatanas, as escamas, a boquinha, as ventoinhas e as divinas tetas, afinal, é carnaval. Este ano, a festa oficial só começa em 25 de fevereiro. Mas, no Distrito Federal, bloquinhos como Sereias Tropicanas, Calango Careta, Essa Boquinha Eu Já Beijei, Ventoinha de Canudo e Divinas Tetas já aquecem os tambores e dão início às festividades.
No final de semana passado, os blocos estreantes Teteretê e Brega & Rosas já chamaram todo mundo pro ensaio, assim como o já veterano Bloco do Amor com seu Ensaio Envolvente. O bloco das Sereias Tropicanas, numa iniciativa inédita, reuniu em sua segunda edição outros blocos de sereias do Rio de Janeiro e São Paulo, além dos blocos Gregos&Goianos e Led’s Go Gay, ganhando ares de festival com uma festa mitológica e queer embalada pela memória afetiva musical.
O carnavalesco
Ocupar e agregar, a propósito, são palavras-chave do projeto Setor Carnavalesco Sul, do Instituto No Setor, que há alguns anos contribui para a revitalização do Setor Comercial Sul. Entre outros projetos, o carnaval é o carro-chefe do processo e o pré-carnaval já está fervendo. O pontapé inicial foi no último fim de semana, com as Sereias Tropicanas, e mantém a folia, semanalmente, até 15 de fevereiro.
Surgido no bojo dos movimentos de ocupação do SCS há meia década, o instituto nasceu em 2018 e se tornou uma plataforma onde vários bloquinhos encontram o suporte necessário para ir à rua. “No carnaval, percebemos que a comunidade cultural gastava muita energia com os processos burocráticos e levantando recursos para a construção dos blocos carnavalescos. Nós funcionamos como uma plataforma carnavalesca, onde fornecemos, além de um cachê, todas as autorizações e estruturas para que os blocos de carnaval saírem conosco”, explica Caio dutra, idealizador e presidente do instituto.
“O propósito do projeto é transformar o Setor Comercial Sul em referência de centro de cidade, assim como a Lapa, no Rio de Janeiro, ou a Rua Augusta, em São Paulo. Além de mudar essa imagem negativa que as pessoas possuem com relação ao Setor Comercial, o objetivo também é ajudar na construção da identidade cultural de Brasília, uma cidade jovem que está construindo agora a base do seu folclore, das suas tradições”, considera Caio
A carnavalesca
Outra iniciativa recente que veio para fortalecer o carnaval do DF é a Rede Carnavalesca, uma plataforma que se dedica a produzir e disseminar informações sobre o carnaval daqui. Fundado pela jornalista, DJ, produtora cultural e carnavalesca Juliana Andrade, mais conhecida como Jul Pagul, a plataforma funciona com uma agência de notícias, portal de referência, formação e fortalecimento dos atores que trabalham em prol da folia.
Jul gerenciou por quase dez anos o Balaio Café. Com o fechamento do espaço, após enfrentar pressões da chamada Lei do Silêncio, a efervescência cultural dali migrou para a praça em frente, batizada de Praça dos Prazeres, que se consolidou com importante centro carnavalesco e de onde, este ano, saem 21 blocos. Foi dessa experiência que surgiu a Rede Carnavalesca.
“Surgimos pela necessidade de termos dimensão sobre o que é o carnaval no distrito federal. Nós temos esse maior tesouro criativo e cultural do planeta muito vigoroso aqui no brasil. Nós temos o maior carnaval do mundo. Precisamos entender a dimensão política, social e econômica desse fenômeno. E a carnavalesca está aí para isso: para que o carnaval tenha cada vez mais vida, fôlego, e brilho”, explica a idealizadora,
“O carnaval movimenta cerca de R$ 19 milhões na economia nacional. A linguagem do cinema, por exemplo, movimenta algo em torno disso ”, pondera.
Sem assédio
Também surgida há menos de três anos, o coletivo Não é Não enfrenta ainda outro desafio do carnaval: o assédio. O foi fundado em 2017, no Rio de Janeiro, por um grupo de amigas, quando uma delas foi assediada. Assim surgiu a ideia de distribuir tatuagens temporárias com a frase “Não é não” para as mulheres. O coletivo se expandiu para outros estados e, no DF, distribui tatuagens desde o ano passado.
Distribuindo as tatuagens, a gente recebeu um feedback muito esclarecedor. A maioria das mulheres queria muito. Isso mostra que é importante essa campanha nas ruas, porque as mulheres estão sentindo essa necessidade. É um não pra violência, um não para o feminicídio, um não para toda forma de opressão”, conta Camila Ferreira, uma das embaixadoras do coletivo no DF. A iniciativa está com uma campanha de financiamento coletivo pelo site Benfeitoria para as ações deste ano.
*Estagiário sob supervisão Severino Francisco
PROGRAMAÇÃO
E para que mal pode esperar para curtir um carnaval seguro, engajado, diverso, informativo e econômico, confira a lista de eventos que já povoam a cidade nas próximas semanas:
SÁBADO (18/1)
Setor Carnavalesco Sul Convida
Com Bloco das Divinas Tetas, Bloco Aparelhinho, Bloco Calango Careta. Corredor Central (SCS, Q. 4). 22h. Ingressos a R$ 30 (primeiro lote). Não recomendado para menores de 18 anos.
Tu Vens!
Com Quarteto São Jorge (SP). Outro Calaf (Outro Calaf (SBS, Q. 2 Bl. Q).21h. Ingressos a R$ 30. Ingressos antecipados, mais baratos, à venda pelo Sympla. Não recomendado para menores de 18 anos.
QUINTA-FEIRA (23/1)
Ensaio Geral - Carnaval 2020 Comboio & Convidadxs
Comboio Percussivo, Emília Monteiro e Ricardo Costa. Cervejaria Criolina (SOF SUL, Qd, 01, Cj B, Lote 06). 20h. Ingressos a R$ 10. Não recomendado para menores de 18 anos.
SEXTA-FEIRA (24/1)
Essa Boquinha Eu Já Beijei - Queimando a largada
Outro Calaf (SBS, Q. 2 Bl. Q). Entrada franca até as 00h. Após, R$ 10. Não recomendado para menores de 18 anos.
SÁBADO (25/1)
Festa Reconvexa
7naRoda, DJ Pequi, DJ Emídio, DJ Tamara Maravilha e Fanfarra Silvestre. Corredor Central (SCS, Q. 4). 22h. Ingressos a R$ 20. Não recomendado para menores de 18 anos.
SÁBADO (1/2)
Setor Carnavalesco Sul Convida
Bloco Bora pra Cuba, Orquestra Alada Trovão da Mata,Ventoinha de Canudo. Corredor Central (SCS, Q. 4). 22h. Ingressos a R$ 20.Não recomendado para menores de 18 anos.
SÁBADO (8/2)
Setor Carnavalesco Sul Convida
Confronto Sound System, Limbo.Corredor Central (SCS, Q. 4). 22h. Ingressos a R$ 20. Não recomendado para menores de 18 anos.
SÁBADO (14/2)
Pequila Vingativa
Leona Vingativa (PA), Banda Strobo (PA); DJ Pequi e DJ Emídio. Corredor Central (SCS, Q. 4). 22h. Ingressos a R$ 20. Não recomendado para menores de 18 anos.
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