Correio Braziliense
postado em 17/01/2020 16:32
A polêmica sobre o vÃdeo do ex-secretário da Cultura, Roberto Alvim, incomodou não só o presidente Jair Bolsonaro, como também a antigos ministros da Cultura. Nomes ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo afirmam que a referência ao ideólogo nazista Joseph Goebbels foi um grande erro e representa um impacto negativo para polÃticas públicas da área cultural no Brasil.
A reportagem conversou com seis ex-ministros, que trabalharam nas gestões de quatro presidentes anteriores (Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer). Os antigos responsáveis pela pasta condenaram a menção ao nazismo e se manifestaram favoráveis à exoneração de Alvim, confirmada por Bolsonaro nesta sexta-feira.
Ministro da Cultura do governo FHC (1995 a 2002), Francisco Weffort foi quem ocupou o cargo por mais tempo desde o inÃcio do processo de redemocratização do Brasil, na década de 1980. Na opinião dele, o vÃdeo de Alvim foi um grande equÃvoco. "Foi um desastre completo. A demissão era o mÃnimo que se esperava de um presidente. Não foi apenas só algo infeliz, é péssimo para a cultura brasileira", disse ao Estado.
Para Weffort, a menção ao nazismo é um desrespeito com o Exército, já que tropas brasileiras combateram a Alemanha na Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945), assim como fere a outros setores da sociedade. "Citar Goebbels na escala como ele citou não é para a intelectualidade engolir, nem para a Igreja, muito menos para a Federação Israelita", comentou.
Responsável pela pasta entre 2016 e 2017 no governo Temer, Roberto Freire também classificou a fala de Alvim como uma ofensa ao Exército. "As declarações foram ultrajantes. São um acinte à nossa história, aos dons criativos dos brasileiros, uma atitude que nos constrange e envergonha o paÃs no contexto internacional das nações", criticou.
Já outro representante do governo Temer foi mais contundente nas crÃticas. Ministro de maio a novembro de 2016, Marcelo Calero criticou no Twitter a referência ao nazismo. "Qual será o próximo passo desses insanos? Queimar livros? Restabelecer a censura? Que nós saibamos utilizar esses episódios para parar de vez com essa polarização patética", escreveu o atual deputado federal, que cobrou ainda mudanças na postura do atual governo.
Por outro lado, o último ministro da gestão Temer, Sérgio Sá Leitão, defende ser importante observar as ações de Alvim, e não tanto a declaração. "Prefiro acreditar que a inspiração (ao discurso de Goebbels) não seja essa. Mais importante do que o discurso é a prática. A polÃtica cultural deve ser democrática, republicana, constitucional, inclusiva e plural", explicou.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.