Diversão e Arte

Karinah e Thais Macedo colocam toque feminino no samba e no pagode

Da nova geração do samba e do pagode, as cantoras Karinah e Thais Macedo buscam apresentar o estilo sob o ponto de vista das mulheres

Correio Braziliense
postado em 21/01/2020 06:33

Nos trabalhos que serão lançados em 2020, Karinah procurou compositores que entendessem o viés feminino 

 

O ano de 2020 será especial para as cantoras Karinah e Thais Macedo. As duas conquistaram espaço no cenário do samba e do pagode no ano passado e, neste ano, lançarão trabalhos com o objetivo de se firmarem no âmbito nacional com uma mensagem feminina dentro de um gênero que, ainda hoje, tem menos mulheres como representantes. “No samba, ainda há um pouco de preconceito e machismo quando aparece uma mulher cantando. Mas acho que a gente tem que quebrar essa barreira com muita ousadia”, avalia Karinah.

 

Nascida em Curitiba e radicada em Santa Catarina, a artista está no mercado desde 2008. Porém, foi em 2019 que viu o nome ganhar destaque com o sucesso da música Medo de amar, que integra o EP Karinah 01. O álbum marca a retomada da carreira dela, que ficou afastada por conta da maternidade. Em 2020, ela lançará mais quatro EPs que são sequências do 01. “Cheguei para ficar! Estou com esse novo trabalho que é uma seleção de cinco EPs, sendo o último a reunião o disco todo”, explica em entrevista ao Correio.

 

O material reúne músicas inéditas e algumas regravações. Buscando trazer a alma feminina para o samba e o pagode, Karinah, que não compõe, optou por compositores que, na visão dela, entendem a linguagem da mulher. “Esse é um mundo em que os compositores compõem muito pensando que um homem vai cantar. Precisamos achar compositores que também compõem para a mulheres. Percebo isso muito no Arlindo Cruz, que tem uma linguagem bonita. Maria Rita gravou muita coisa dele. Outro compositor que tem essa essência bacana é o Luiz Claudio Picolé (nome de hits como No espelho do quarto, Vá embora e Brilho de felicidade). Nós, mulheres, precisamos cantar o que têm a ver com a gente”, completa.

 

Até agora, Karinah já lançou Medo de amar (Maurício Bressan), O nosso amor é uma onda (Cauique, Diogo Leite, Rodrigo Leitee Serginho Meriti) e Você sabe bem (Bernardo Neto, Dinho IPK e Fábio Marques). Estão previstas no repertório canções como Amor que não sai, de composição do baixista de Ivete Sangalo, Gigi. “Estou tento trazer a brisa do samba mais feminina, com essa leveza da mulher. Falo de amor para todos, mas falo também para o público feminino”, ressalta Karinah, que aponta Jovelina Pérola Negra e Dona Ivone Lara como inspirações. “Gosto de falar do cotidiano da mulher, do universo feminino para que a mulher se identifique. Busco essa linguagem de identificação de forma mais natural”, avalia.

 

Thais Macedo começou a compor após perceber que as mensagens que queria passar não estavam nas letras 

 

Olhar feminino

 

O samba apareceu na vida de Thais Macedo quando a jovem, natural de Macaé (RJ), se mudou para a cidade do Rio de Janeiro. “Fui criada no interior ouvindo muito mais música brasileira. Mas quando acabei indo morar no Rio, fui mergulhada no samba”, conta. O primeiro grande trabalho no estilo foi lançado em 2015, o disco Borogodó, composto por sete músicas. No ano passado, ao assinar com um escritório, divulgou o single Amor quase perfeito, composição dela em parceria com Pretinho da Serra, arranjador, compositor e instrumentista que trabalhou com diversos nomes da música.

 

Amor quase perfeito é o primeiro trabalho que abre espaço para o lançamento de um EP, previsto para ser divulgado depois do carnaval. O álbum apresentará composições autorais de Thais, que percebeu a necessidade de escrever as próprias músicas quando não se viu representada nas letras das canções. “Sempre me considerei uma intérprete, mas sentia falta de músicas com temas atuais, de falar da minha intimidade. Então comecei a escrever e sentar com outros compositores”, afirma. Assim, Thais Macedo passou a transformar os pensamentos em música.

 

Sobre a presença feminino gênero, ela diz: “É uma vertente ainda bem conservadora. Mas sempre levei meu trabalho para as rodas de samba. É um ponto muito positivo quando a gente vê hoje as mulheres nas rodas, cantando, tocando... É uma luta diária, que fico feliz de contribuir”. 

 

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