Correio Braziliense
postado em 23/01/2020 04:37
Terry Jones, um dos fundadores do fenômeno da comédia mundial Monty Python, morreu na última terça-feira, aos 77 anos. A família emitiu um comunicado confirmando: “Estamos profundamente tristes de anunciar a morte do nosso amado marido e pai, Terry Jones”. O britânico foi diagnosticado com demência frontotemporal em 2015, doença que afeta a frente e os lados do cérebro, prejudicando a linguagem e o comportamento.
A declaração da família assinala, ainda, as notáveis qualidades do comediante. “Todos nós perdemos um homem gentil, engraçado, caloroso, criativo e verdadeiramente amoroso, cuja individualidade intransigente, intelecto implacável e humor extraordinário deram prazer a incontáveis milhões ao longo de seis décadas”.
O ator, diretor e roteirista esteve em produções como Monty Python em busca do Cálice Sagrado, Monty Python — O sentido da vida e A vida de Brian. Os trabalhos mais recentes de Jones foram as participações na comédia Absolutamente impossível e no documentário Boom bust boom, ambos lançados em 2015.
A importância de Terry Jones e o grupo Monty Python é tamanha, que chegaram a compará-los aos Beatles, visto o impacto que causaram na comédia mundial. Por falar em Beatles, o lendário beatle George Harrison chegou a ser produtor de cinema, além de tocar guitarra no icônico grupo. Harrison criou a produtora HandMade Films, e o primeiro filme em que investiu e financiou foi uma das obras-primas do Monty Python, A vida de Brian, longa lançado em 1979 sob a direção de Terry Jones.
O filme permanece como um dos maiores sucessos do gênero da comédia que, inclusive, tem uma pontinha de George Harrison no filme. O beatle hipotecou a casa e financiou o projeto com cerca de US$ 4 milhões, tudo porque era grande fã do Monty Python e, como explicou na época de forma simples. “Gostei do roteiro, queria ver o filme”.
As obras de Terry Jones são um legado à humanidade, que permanecerão vivas ao longo do tempo, como ressalta a família no comunicado. “Seu trabalho com Monty Python, seus livros, filmes, programas de televisão, poemas e outros trabalhos viverão para sempre. Um legado adequado para um verdadeiro polímato”.
Alguns pontos altos
Monty Python em busca do cálice sagrado (1975)
• De Terry Gilliam e Terry Jones. O universo das Cruzadas passa pelo filtro impuro dos cáusticos humoristas do Monty Python. Valores máximos no cotidiano medieval, a coragem e o senso de justiça são desacreditados no deboche que não poupa até mesmo a figura do Rei Arthur (Graham Chapman).
A vida de Brian (1979)
• De Terry Jones. Mais de 40 anos antes de os integrantes do grupo Porta dos Fundos cutucarem, em tom de graça, as origens da sagrada imagem do menino Jesus, o Monty Python já havia investido no filão. Na verdade, os Reis Magos nesse clássico erraram de endereço: bateram na porta do vizinho, um mortal chamado Brian. A confusão se forma. De modo inesquecível, o diretor encarna a mãe do sujeito confundido com o Messias.
Monty Python — O sentido da vida (1983)
• De Terry Jones e Terry Gilliam. Grande Prêmio no Festival de Cannes, trata de avacalhar toda a sorte de temas considerados intocáveis por grande parte da humanidade. Entram na roda a medicina, o sexo, a hierarquia militar e fundamentos religiosos.
Serviços íntimos (1987)
• De Terry Jones. Apoiado na figura pública da magnata Cynthia Payne, dona de uma cadeia de bordéis londrinos, revela os primeiros passos dela no comando da chamada mais antiga profissão do mundo. Julie Walters, destacada em filmes como Billy Elliot e Mamma Mia, encara o papel central de Christine, a sisuda dona de casa que muda de ramo.
As aventuras de Eric, o viking (1989)
• De Terry Jones. O retorno do sol, vitimado por uma maldição, pode acabar com a má fase que dá norte para um virginal viking (Tim Robbins) descrente da brutalidade. Ele busca a ajuda de deuses, por um mundo melhor. O roteiro partiu de um conto juvenil, escrito pelo próprio cineasta Jones. Há, no elenco, participações de John Cleese e Mickey Rooney.
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